Economia
Ilegalidades

Perse foi mal desenhado e gerou renúncia fiscal de R$ 32 bilhões

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar na sexta-feira, 22, o Programa Emergencial do Setor de Eventos (Perse)

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23 de março de 2024
Vinicius Palermo
Perse foi mal desenhado e gerou renúncia fiscal de R$ 32 bilhões
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar na sexta-feira, 22, o Programa Emergencial do Setor de Eventos (Perse) e reiterou que o programa gerou R$ 32 bilhões em renúncia fiscal, rebatendo acusações de que o Planalto teria errado a conta sobre o custo do benefício.

“Sobre o Perse, prestamos as informações requisitadas. Houve renúncia de R$ 32 bilhões, muito acima do que estava projetado para cinco anos”, disse, durante uma entrevista coletiva à imprensa em São Paulo. “Todas as contas da Receita são auditáveis, ela responde por improbidade se mentir, então é muito fácil falar no jornal que os dados da receita não batem, mas você responde por isso?”, acrescentou.

E afirmou: “O Tribunal de Contas da União (TCU) pode ser acionado a qualquer momento. Acionem o TCU e fazemos o batimento das contas conjuntamente. Fizemos isso com a reforma tributária. Tinha dúvida do Congresso sobre as contas da secretaria extraordinária. Nós abrimos as contas para o TCU, validou as contas.”

Para depois acrescentar: “Algumas pessoas perguntaram como o número de Cnaes caiu para 223 e a renúncia foi maior do que em 2022. É porque em 2022 o Perse funcionou por oito meses, não o ano inteiro. E as pessoas aprendem a burlar um programa muito mal desenhado. Não podemos conviver com esse tipo de brecha.”

O ministro reiterou que o Perse estaria sendo usado por criminosos para finalidades ilegais, e que o governo conseguiu na Justiça bloquear R$ 1 bilhão por causa dos sinais de lavagem de dinheiro envolvendo o programa.

“Se uma ação judicial desbaratou R$ 1 bilhão de lavagem de dinheiro, imagina o que já não aconteceu neste programa”, acrescentou Haddad.

O ministro está “otimista” em relação à possibilidade de cortes na Selic nos próximos meses, ainda que o Banco Central tenha evitado se comprometer com manter o ritmo de redução de 0,50 ponto porcentual da taxa básica de juros de junho em diante. “Eu acredito que ele resolveu aguardar junho para tomar uma decisão”, disse Haddad, ao ser questionado sobre o comunicado mais recente do Comitê de Política Monetária do BC, o Copom, que sinaliza um corte de 0,50 ponto porcentual na Selic na reunião de maio, mas não nas reuniões seguintes.

E avaliou: “Ele não falou que vai aumentar para 0,75, nem que vai manter meio ponto, nem diminuir para 0,25. ‘Eu vou tirar o plural para ter liberdade de tomar decisão à luz do que estiver acontecendo no mundo.’ E eu sou otimista com relação ao que estará acontecendo no mundo até lá”, disse o ministro.
Haddad repetiu que espera em meados deste ano o início de um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos e na zona do euro, e que este cenário é baseado tanto no que o próprio mercado prevê quanto em conversas com as autoridades monetárias destas regiões.

“Se isso acontecer, desanuvia o ambiente econômico internacional Como a nossa inflação está mais bem comportada do que a de nossos pares e até que a de alguns países desenvolvidos, não vejo razão para este ciclo não continuar”, afirmou o ministro da Fazenda.