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Lula diz que governo está determinado a falar com governadores e renegociar dívida dos Estados

De acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não é favor, mas uma obrigação da gestão solucionar o problema da dívida.

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16 de março de 2024
Vinicius Palermo
Lula diz que governo está determinado a falar com governadores e renegociar dívida dos Estados
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de Anúncio de Ações e Investimentos do Governo Federal para o Rio Grande do Sul, no Centro de Eventos da FIERGS. Porto Alegre - RS.

 Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o governo federal está determinado a sentar com os governadores para renegociar a dívida dos Estados. De acordo com o presidente, não é favor, mas uma obrigação da gestão solucionar o problema da dívida.

“Estamos determinados a sentar com os governadores, renegociar a dívida dos Estados para que a gente conceda para todo mundo o direito de respirar”, disse o chefe do Executivo em anúncio de ações e investimentos do governo Lula 3 ao Rio Grande do Sul na sexta-feira, 15, em Porto Alegre.

O governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), havia cobrado no período da manhã um movimento do governo sobre o tema.

“Queria dizer a você, governador, não será nenhum favor, será obrigação do governo federal sentar e tentar encontrar uma solução”, afirmou Lula. “Para mim, a boa governança passa pelos prefeitos ter um pouco de dinheiro para fazer as coisas na sua cidade, passa pelo governador ter um pouco de recurso para fazer as coisas, e passa pela cumplicidade. A boa cumplicidade entre os entes federados para que este país deixe de fazer um país pobre e se transforme em um país rico”, acrescentou.

No período da manhã de sexta, o governo federal detalhou recursos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o Rio Grande do Sul. Para este ano, está previsto o investimento de R$ 29,5 bilhões.

No período da tarde, após o fechamento deste texto, Lula ainda seguiria para cidade de Lajeado para fazer novos anúncios e prestação de contas das ações na reconstrução dos municípios gaúchos após as enchentes registradas no Estado.

Segundo o chefe do Executivo, o governo federal não está fazendo “nenhum favor” diante dos investimentos anunciados, mas cumprindo apenas a obrigação. “Estamos devolvendo ao povo do Rio Grande do Sul um pouco daquilo que a gente arrecada do trabalho do povo do Rio Grande do Sul.”

O presidente disse ter “consciência” de que não está cumprindo aquilo que foi prometido na campanha eleitoral em 2022. A fala ocorre após ter sido registrada queda da aprovação do governo federal nas pesquisas de opinião.

No início da semana, levantamento realizado pelo Datafolha mostrou que a gestão Lula 3 é reprovada por 34% entre os eleitores da cidade de São Paulo. No levantamento de agosto de 2023, o índice de reprovação estava em 25%. Já a avaliação positiva da gestão petista caiu de 45% para 38% no período. Aqueles que consideram o governo Lula regular passaram de 29% para 28%.

De acordo com o presidente, ele foi questionado pela imprensa em relação à queda na aprovação da gestão federal. “Eu falei: ‘Tudo bem’. É porque eu estou aquém do que o povo esperava que eu estivesse fazendo, não estou cumprindo aquilo que eu prometi. E eu tenho consciência que não estou cumprindo”, comentou.

Na avaliação do presidente, contudo, o não cumprimento daquilo prometido se dá também pela falta de tempo de governo. “Quando eu planto um pé de jabuticaba, eu não chupo a jabuticaba no dia seguinte. Tenho que esperar ela crescer, ela brotar”, afirmou Lula.

O presidente disse ainda que, atualmente, quem se mostra contra o sistema é o presidente da Argentina, Javier Milei. Em sua avaliação, ao citar Milei e o ex-presidente Jair Bolsonaro, a democracia corre risco.
“Quem é contra o sistema hoje, que critica tudo, é o Milei, até o Banco Central quer fechar, quer cortar tudo com um serrote”, disse. “E aqui o Bolsonaro, que eu não queria falar o nome dele, mas é negação. Até hoje ele não reconhece a derrota dele.”

“Nós vimos o que aconteceu com o Vini Júnior no jogo contra o Atlético de Madri. Esses fanáticos, esses doentes, eles têm que perceber que quando eles veem uma pessoa negra, não é uma pessoa negra, é um ser humano. O ser humano que tá ali, independente da cor da pessoa, independente se é branco, se é verde ou se é amarelo, é um ser humano”, comentou o presidente citando o jogador de futebol.

Na avaliação do presidente, a democracia corre risco. “Quando eu olho, aos meus 78 anos de idade, jovem, bonito, olho para o mundo, vejo a democracia correndo risco”, disse. “A gente não tem que brigar contra um governador ou um presidente, tem que brigar contra um pensamento, um pensamento perverso, malvado.”