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Vendas do comércio varejista subiram 2,5% em janeiro

A previsão mais pessimista era de queda de 0,5%, enquanto a mediana das previsões apontava alta de 0,2%.

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15 de março de 2024
Vinicius Palermo
Vendas do comércio varejista subiram 2,5% em janeiro
Na comparação com fevereiro do ano anterior, houve elevação de 2,5% em fevereiro de 2024

As vendas do comércio varejista subiram 2,5% em janeiro de 2024 ante dezembro de 2023, na série com ajuste sazonal, informou na quinta-feira, 14, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A previsão mais pessimista era de queda de 0,5%, enquanto a mediana das previsões apontava alta de 0,2%.

Na comparação com janeiro de 2023, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 4,1% em janeiro de 2024. Nesse confronto, as projeções iam de uma redução de 0,6% a elevação de 3,2%, com mediana positiva de 0,9%.

Quanto ao varejo ampliado – que inclui as atividades de material de construção, veículos e atacado alimentício -, as vendas subiram 2,4% em janeiro ante dezembro, na série com ajuste sazonal. O resultado também superou todas as previsões colhidas pelo Projeções Broadcast, que iam desde uma queda de 1,6% a alta de 1,6%, com mediana positiva de 0,5%.

Na comparação com janeiro de 2023, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 6,8% em janeiro de 2024. Nesse confronto, as projeções variavam de uma elevação entre 0,4% e 5,6%, com mediana positiva de 3,4%.

Após a alta de 2,5% no volume vendido em janeiro ante dezembro, o varejo operava 0,8% abaixo do pico, alcançado em outubro de 2020, dentro da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio, iniciada em 2000.

Já o varejo ampliado, que cresceu 2,4% em janeiro ante dezembro, está em nível 2,0% aquém do ápice registrado em agosto de 2012.

O IBGE também revisou o resultado das vendas no varejo em dezembro de 2023 ante novembro, de uma queda de 1,3% para uma redução de 1,4%. No varejo ampliado, a taxa de dezembro ante novembro foi revisada de uma queda de 1,1% para recuo de 1,5%.

Cinco das oito atividades que integram o comércio varejista registraram ganhos nas vendas em janeiro ante dezembro. Os Combustíveis e lubrificantes recuaram 0,2%, enquanto os Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo subiram 0,9%.

Houve avanço de 8,5% de Tecidos, vestuário e calçados e alta de 3,6% de Móveis e eletrodomésticos. Os Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria registraram recuo de 1,1% em janeiro.

Livros, jornais, revistas e papelaria caíram 3,6%. Nos Equipamentos e material para escritório informática e comunicação houve avanço de 6,1%, e em Outros artigos de uso pessoal e doméstico houve alta de 5,2%.
No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de material de construção, de veículos e de atacado alimentício, o segmento de Veículos, motos, partes e peças registrou avanço de 2,8%, enquanto Material de construção caiu 0,2%.

Com a reformulação periódica da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), o desempenho do varejo ampliado com ajuste sazonal inclui os dados do atacado alimentício, nova atividade investigada.

No entanto, ainda não há divulgação de dados individuais para o atacado de produtos alimentícios na série com ajuste sazonal. O IBGE explica que é necessário ter uma série histórica mais longa para ter uma base de dados consistente para as divulgações ajustadas sazonalmente.

O gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no IBGE, Cristiano Santos, disse que o comércio varejista tem mostrado uma mudança no padrão de vendas, que sinaliza antecipação de compras de Natal para novembro, durante as promoções da Black Friday. Com isso, o desempenho do setor torna-se mais fraco em dezembro e volta a ganhar força em janeiro, possivelmente em decorrência das liquidações de início de ano.

“Janeiro alto é reflexo de um dezembro baixo”, disse Santos. “É um padrão que a gente observa nesses últimos dois anos”, acrescentou.

Segundo ele, esse padrão de um Natal não tão intenso e de um janeiro mais forte em vendas ocorreu tanto em 2023 quanto em 2024, mas não tinha sido visto nos três anos anteriores.

“A Black Friday acaba concentrando cada vez mais as vendas em novembro, de certa maneira, acaba roubando o protagonismo do Natal”, justificou Santos. “Esse dado de janeiro pode ter também esse reflexo de mudança no perfil de consumo do brasileiro. As pessoas já fizeram as compras de Natal em novembro e aguardam as promoções de janeiro.”

Segundo o pesquisador, “não é garantido que exista um fator sazonal latente”, porém, foi o que ocorreu nos últimos dois anos, então “é possível que esse comportamento seja consciente do consumidor”.

Segundo Santos, o resultado positivo de janeiro foi bastante puxado por atividades que tiveram desempenho pior em dezembro. No entanto, os supermercados também cresceram, atividade de maior peso no varejo, contribuindo para uma melhora na média global.

As vendas de supermercados crescem há três meses seguidos, sendo esse avanço mais significativo em dezembro e janeiro. Santos lembra que o desempenho de atividades varejistas que ofertam produtos básicos depende da capacidade de compra dos consumidores. Ele acrescenta que o cenário atual inclui a redução na taxa de juros, que contribui para a expansão nas concessões de crédito, e uma melhora no mercado de trabalho, com mais pessoas ocupadas e a massa de rendimento em crescimento.

Os últimos avanços no volume vendido por supermercados “têm a ver também com a melhora geral dessas condições de compra”, afirmou Santos.

Embora ele reconheça que o aumento da renda disponível e a expansão do crédito tendem a favorecer o comércio, não necessariamente essa folga orçamentária vai para o varejo. Em 2023, lembra Santos, houve opção das famílias por preferir quitar o pagamento de dívidas em vez de gastar em compras.