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Diálogo de paz

Putin diz estar pronto para usar armas nucleares em caso de ameaça à Rússia

Em entrevista a uma emissora estatal de televisão, o líder russo disse ter esperanças de que os Estados Unidos evitarão qualquer escalada

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14 de março de 2024
Vinicius Palermo

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou na quarta-feira, 13, estar pronto para usar armas nucleares em caso de ameaça à soberania e à independência do país.

Em entrevista a uma emissora estatal de televisão, o líder russo disse ter esperanças de que os Estados Unidos evitarão qualquer escalada que possa dar início a uma guerra nuclear, mas enfatizou que as forças do país estão prontas para um cenário desse tipo.

Perguntado se já considerou alguma vez usar armas nucleares na guerra da Ucrânia, Putin respondeu que não houve necessidade para tanto.

O líder russo também manifestou confiança de que Moscou vai atingir os objetivos estabelecidos na Ucrânia e manteve a porta aberta para um diálogo de paz, que dependeria de firmes garantias do Ocidente.

Quase um mês após a morte do opositor russo Alexei Navalni, um de seus principais aliados sofreu um ataque violento na Lituânia. Leonid Volkov, considerado o “número 2” de Nalvani, foi hospitalizado em Vilna, capital do país, onde está exilado há cinco anos, após ser atacado com um martelo.

Volkov, de 43 anos, é uma das figuras mais proeminentes da oposição russa. Ele era responsável pelos escritórios regionais e pelas campanhas eleitorais de Navalni, que concorreu à prefeitura de Moscou em 2013 e tentou desafiar Vladimir Putin nas eleições presidenciais de 2018.

No ano passado, Volkov e a sua equipe lançaram um projeto chamado “Máquina de Campanha de Navalni”, com o objetivo de falar com o maior número possível de russos, por telefone ou online, e virá-los contra Putin antes das eleições presidenciais de 15 e 17 de março.

O dissidente afirmou que um homem o agrediu “quase 15 vezes” com um objeto contundente e que ele sofreu uma fratura no braço. No Telegram, o opositor celebrou ainda estar “com vida”.

Na rede social X, Kira Yarmysh, porta-voz de Navalni, disse que um agressor quebrou uma janela do carro de Volkov, diante de sua casa, jogou gás lacrimogêneo em seus olhos e começou a bater nele com um martelo.

O porta-voz da polícia lituana, Ramunas Matonis, confirmou à AFP que um cidadão russo foi atacado em frente à sua casa em Vilna por volta das 22h (17h de Brasília), mas acrescentou que não foi possível identificar nenhum suspeito.

O ataque ocorreu quase um mês depois da morte inexplicável de Navalni em uma remota colônia penal do Ártico. O crítico mais feroz do presidente Vladimir Putin estava cumprindo uma pena de prisão de 19 anos sob a acusação de extremismo amplamente visto como de motivação política.

Os aliados de Navalni compartilharam fotos mostrando os ferimentos de Volkov, incluindo um olho roxo e sangue na perna. Mais tarde, publicaram uma imagem do russo sendo levado em uma maca para uma ambulância.

“As notícias sobre a agressão a Leonid são chocantes. As autoridades competentes estão trabalhando. Os autores terão que responder por seu crime”, declarou no X o chanceler da Lituânia, Gabrielius Landsbergis. 

A Ucrânia lançou diversos ataques de drones contra a Rússia entre terça-feira (12) à noite e a manhã de quarta-feira, 13, danificando e provocando a interrupção na produção de refinarias de petróleo russas, segundo veículos da mídia local e internacional. Em declaração à imprensa, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que os ataques são uma tentativa de interferir nas eleições presidenciais.

Segundo a Reuters, os ataques provocaram um incêndio na refinaria Riazan, uma das maiores do país e de propriedade da estatal Rosneft, localizada a 180 quilômetros de Moscou. O governador da região de Riazan confirmou o ataque e o consequente incêndio por mensagem do Telegram, informando também que houve feridos.

Horas antes, um dos ataques atingiu a refinaria Norsi, operada pela Lukoil, a segunda maior companhia de petróleo da Rússia, na região de Níjni Novgorod. O ataque causou um incêndio que espalhou uma espessa fumaça preta, de acordo com as autoridades locais e imagens nas mídias sociais.

Outro drone atingiu regiões nos arredores da cidade de Kirishi, a sudoeste de São Petersburgo, a segunda maior cidade da Rússia e onde fica outra grande refinaria. Um quarto ataque atingiu tanques de armazenamento de petróleo em Oriol, uma região próxima à fronteira com a Ucrânia, segundo as autoridades.

De acordo com a Tass, o Ministério da Defesa da Rússia relatou a interceptação de 65 drones em pelo menos seis regiões diferentes. O governador de Voronej, Alexander Gusev, disse que mais de 40 dispositivos foram destruídos na região desde a noite passada.

Sistemas eletrônicos de defesa também evitaram na manhã de quarta a aproximação de três drones da refinaria de Novoshajtinsk, na região Rostov do Don, a 20 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. No entanto, conforme a revista russa RBC, os dispositivos caíram dentro do território da empresa, paralisando as operações da maior refinaria do sul da Rússia. A Novoshajtinsk produz, em média, 5,6 milhões de toneladas de petróleo por ano.

A exportação de petróleo e de gás natural tem sido uma grande fonte de receita para a Rússia desde o início da guerra contra a Ucrânia, sendo inclusive alvo de sanções pelos EUA e aliados. Além do impacto sobre a economia, os ataques de drones ucranianos também podem afetar o suprimento de combustível para veículos militares. As refinarias são cruciais para o esforço de guerra da Rússia, pois tanques, navios e aviões precisam de produtos refinados, como gasolina, diesel e combustível de aviação.