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Desemprego avança

EUA criaram 275 mil postos de trabalho em fevereiro

O resultado ficou acima do teto das expectativas de analistas do mercado financeiro consultados pela reportagem

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09 de março de 2024
Vinicius Palermo
EUA criaram 275 mil postos de trabalho em fevereiro
O relatório, conhecido como payroll, mostrou também que a taxa de desemprego dos EUA subiu para 3,9% em fevereiro

A economia dos Estados Unidos criou 275 mil empregos em fevereiro, em termos líquidos, segundo relatório publicado na sexta-feira, 8, pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou acima do teto das expectativas de analistas do mercado financeiro consultados pela reportagem, que variavam de 125 mil a 260 mil postos de trabalho, com mediana de 200 mil.

O relatório, conhecido como payroll, mostrou também que a taxa de desemprego dos EUA subiu para 3,9% em fevereiro, ante 3,7% em janeiro. A previsão era de que a taxa permaneceria em 3,7% no mês passado.

O Departamento do Trabalho também revisou para baixo os números de criação de empregos de janeiro, de 353 mil para 229 mil, e de dezembro, de 333 mil para 290 mil. Em fevereiro, o salário médio por hora teve alta de 0,14% em relação a janeiro, ou US$ 0,05, a US$ 34,57, variação que ficou abaixo da projeção do mercado, de 0,20%. Na comparação anual, houve ganho salarial de 4,28% no último mês, inferior à previsão de 4,40%.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que “a grande retomada americana continua”, após os números do payroll de fevereiro. Ele lembrou de seu discurso do Estado da União no período da noite de quinta-feira, 7, no qual, segundo Biden, foi delineado que se almeja uma economia que invista em todos os norte-americanos, com uma classe média sólida e “ninguém deixado para trás”.

Biden diz ter herdado uma economia “à beira” de um colapso, mas que agora “causa inveja ao mundo”.  Ele ressaltou que foram criados quase 15 milhões de empregos desde sua posse – período também marcado pela retomada econômica após o auge do choque da pandemia da covid-19.

Menciona ainda que a taxa de desemprego está abaixo de 4% na sequência do tipo mais longa em mais de 50 anos, enquanto os salários continuam a crescer.

O presidente dos EUA ainda menciona que a inflação continua a cair, e reforça que adota ações para reduzir custos, como pressionar grandes farmacêuticas a cortar preços e tornar a compra de moradias uma alternativa possível para os norte-americanos.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou não ver evidências de pressões inflacionárias geradas pelo mercado de trabalho norte-americano. Em entrevista à MSNBC, Yellen explicou que o emprego no país ainda segue “forte”.

Yellen também aproveitou para exaltar o desempenho da maior economia do planeta, que está melhor do que o do restante do mundo. Para a secretária, o resultado reflete os investimentos da gestão do presidente Joe Biden em áreas como infraestrutura.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, John Williams, afirmou que as expectativas de inflação tiveram “recuo modesto” nos Estados Unidos, além de enfatizar a importância de que elas continuem bem ancoradas. O dirigente, que vota nas decisões de política monetária, não tratou sobre quando pode haver corte de juros neste ano nos Estados Unidos, mas deu algumas indicações sobre sua avaliação do quadro.

Williams considera que o mercado de trabalho norte-americano continua “apertado”, embora um pouco menos que no seu auge.  A demanda, por sua vez, tem desacelerado por causa da política monetária restritiva, apontou.

Em um evento com caráter mais acadêmico, Williams defendeu a estratégia do Fed de elevar os juros rápido e bastante, no auge do choque da covid-19, para manter as expectativas de inflação bem ancoradas, além de reafirmar o compromisso com a meta de 2%.

Questionado sobre uma revisão no arcabouço do Fed que deve ocorrer adiante, ele disse que não pretendia adiantar essa discussão, mas também mencionou que alguns aspectos continuarão a ser cruciais, notadamente a estabilidade de preços e a importância de se manter as expectativas de inflação ancoradas. Esses fundamentos já eram sabidos e continuam a se mostrar corretos, considerou.

Williams ainda mencionou outras questões de passagem, como a inteligência artificial. Segundo ele, a IA pode impulsionar “uma nova onda de produtividade”, mas ele disse que por enquanto não nota isso.
Também considerou que a economia dos EUA em 2023 se mostrou “notável” em sua recuperação.