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Governo Lula atinge pior avaliação após presidente comparar Israel com Holocausto

A desaprovação avançou de 43% para 46%. Os que não souberam ou não responderam se mantiveram em 3%.

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06 de março de 2024
Vinicius Palermo
Governo Lula atinge pior avaliação após presidente comparar Israel com Holocausto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de assinatura de atos e declaração à imprensa, juntamente com o Presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A primeira rodada de 2024 da pesquisa Genial/Quaest sobre o governo mostra uma queda na aprovação do trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O índice foi dos 54% registrados em dezembro, para 51% nesta rodada do levantamento. A desaprovação avançou de 43% para 46%. Os que não souberam ou não responderam se mantiveram em 3%.

A avaliação de governo também piorou. De acordo com a pesquisa, 34% avaliam como negativo (eram 29% em dezembro) e 35% como positivo (eram 36%). A avaliação positiva atingiu o nível mais baixo, conforme a Genial/Quaest. Os que consideram o governo regular caíram de 32% para 28%. Não sabem ou não responderam continuam em 3%.

Segundo o levantamento, os índices foram puxados principalmente pela opinião dos evangélicos no que diz respeito às declarações de Lula sobre o conflito entre Israel e Palestina. “A pior avaliação veio dos evangélicos, que respondem por 30% do eleitorado brasileiro, influenciado pelas declarações em que Lula comparou a guerra em Gaza com a ação de Hitler na Segunda Guerra Mundial”, diz o levantamento. A comparação foi considerada exagerada por 60% dos entrevistados e por 69% dos evangélicos.

A economia também pesou para o presidente. A sondagem aponta que 38% consideram que a situação econômica piorou nos últimos 12 meses (alta de 7 pontos porcentuais) e 26% dizem que houve melhora (queda de 8 pontos). A alta no preço dos alimentos, percebida por 73% dos entrevistados, “é a principal explicação para esse desempenho”, diz.

A pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 27 de fevereiro, e ouviu presencialmente 2.000 brasileiros de 16 anos ou mais em todos os estados. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, minimizou a queda na aprovação. Pimenta admitiu que a declaração do chefe do Executivo sobre a atuação de Israel na Faixa de Gaza teve impacto no levantamento, mas reforçou que o governo não alterará o seu posicionamento sobre a guerra.

“Eu entendo que a pesquisa reflete uma análise conjuntural de determinada circunstância, um posicionamento nosso, sobre esse genocídio em Gaza. À medida que o tempo vai passando, há compreensão sobre a manifestação de Lula, corajosa, que abriu os olhos de muita gente (…), é uma questão conjuntural, compreensível, mas que não vai alterar nosso posicionamento”, disse Pimenta pela manhã.

O ministro reforçou que, apesar do resultado, o governo não deixará de denunciar o “massacre” em Gaza. “Acreditamos que ela (fala de Lula) é importante inclusive para que o mundo perceba (a situação na região). Antes da fala do presidente, havia silêncio absoluto, inclusive da imprensa”, avaliou.