O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na sexta-feira, 1º, que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado superou as previsões iniciais não apenas do mercado, mas também do governo, que estava mais otimista no começo de 2023. Ele reiterou ainda a previsão de crescimento de 2,2% para 2024, apontando uma tendência positiva para a indústria e a construção civil.
“Se resgatar as primeiras declarações que demos, era que o PIB seria superior a 2%. E nós quase chegamos a 3% de crescimento”, afirmou o ministro ao comentar a alta de 2,9% do PIB em 2023. A desaceleração econômica no segundo semestre, como efeito dos juros altos, não foi suficiente para impedir um crescimento do PIB ao redor de 3%, conforme pontuou Haddad.
Embora antecipe que a atividade vai andar de lado no primeiro trimestre, o ministro disse que a economia deve reagir ao longo do ano, como reflexo dos efeitos da queda dos juros. Conforme Haddad, a inflação mais comportada mantém um espaço ainda bom para o Banco Central (BC) seguir cortando a Selic.
“Organizando as contas públicas, por um lado, e a política monetária atuando na mesma direção, temos condição de manter a projeção de 2,2% de crescimento neste ano. Tem gente falando em mais. Nós estamos sendo comedidos aqui”, disse o ministro, ponderando que a herança estatística recebida por 2024, a chamada taxa de carrego, é menor do que se esperava pela desaceleração do segundo semestre.
Conforme Haddad, há sinais consistentes de que haverá uma melhora no desempenho da indústria, e a construção civil tem tudo para deslanchar neste ano. Ele mencionou o marco de garantias, que visa reduzir o custo do crédito, ao apresentar uma visão otimista sobre as vendas de veículos e imóveis.
Em paralelo, emendou o ministro, a agricultura, frente às adversidades climáticas e barreiras comerciais no exterior, vem buscando ser mais produtiva a cada ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou no X, antigo Twitter, o resultado do PIB de 2023. “O PIB do Brasil cresceu 2,9% em 2023, segundo o IBGE. Vocês lembram que a previsão de alguns era 0,9%? Crescemos bem mais que o previsto e vamos continuar trabalhando para crescer com qualidade e pela melhora de vida de todos”, escreveu o presidente da República. É comum Lula dizer publicamente que o Brasil crescerá mais do que as estimativas do mercado. O resultado consolidado pelo IBGE dá força a esse discurso do presidente.
De acordo com o boletim Indicadores Econômicos divulgado na sexta-feira, 1º, pelo Ministério do Planejamento, o resultado do PIB em 2023, que registrou avanço de 2,9%, corroborou a melhoria gradativa das expectativas ao longo do ano. “O crescimento do setor agropecuário foi o destaque no lado da oferta, assim como a continuidade do setor de serviços. Na ótica da demanda, deve-se destacar a elevação do consumo das famílias e do governo”, disse a Pasta.
A nota destaca que o desempenho de 2023 é o terceiro ano de crescimento consecutivo após a pandemia da covid-19. ” Em 2024, se não houver elevação da atividade em nenhum dos trimestres, o PIB brasileiro, ainda assim, irá crescer aproximadamente 0,2% (o chamado carrego estatístico)”, diz o boletim.
A Pasta mencionou a alta de 15,1% da agropecuária, diante do crescimento da produção em várias culturas e ganhos de produtividade no setor, com avanço em várias culturas e ganhos de produtividade. “Na ótica da demanda, chama a atenção a elevação do Consumo das Famílias (3,1%) – diante da elevação na massa salarial real, arrefecimento da inflação e programas governamentais de transferência de renda, do Consumo do Governo (1,7%) e das Exportações (9,1%)”, descreve.
O boletim também observa que o investimento registrou queda de 3,0%, a mais elevada desde o ano de 2016. A taxa de investimento, em relação ao PIB, foi de 16,5% ante 17,8% em 2022 Já a taxa de poupança, que financia o investimento, foi de 15,4% em 2023 ante 15,8% em 2022. O PIB per capita somou R$ 50 193,72, em valores correntes, um avanço em termos reais de 2,2% em relação a 2022.