A Anheuser-Busch InBev (AB InBev), maior cervejaria do mundo obteve lucro líquido de US$ 1,89 bilhão no quarto trimestre de 2023, valor 33% menor do que o ganho de US$ 2,84 bilhões apurado em igual período de 2022. Na mesma comparação, o lucro líquido subjacente da empresa diminuiu de US$ 1,74 bilhão para US$ 1,66 bilhão.
A receita da AB InBev, controladora da Ambev no Brasil, recuou para US$ 14,47 bilhões no trimestre encerrado em dezembro, de US$ 14,67 bilhões um ano antes, e ficou abaixo da projeção de analistas, de US$ 15,5 bilhões, segundo consenso da Visible Alpha.
Já os volumes gerais de vendas caíram para 144,706 milhões de hectolitros no trimestre, ante 148,775 milhões de litros no mesmo intervalo de 2022. O número também ficou abaixo do consenso, de 146,3 milhões de hectolitros.
Separadamente, a AB InBev anunciou o fechamento de um acordo preliminar com o sindicato International Brotherhood of Teamsters (IBT) sobre novo contrato trabalhista, evitando uma possível greve de milhares de funcionários nos EUA.
O IBT, que representa cerca de 5.000 trabalhadores do ramo cervejeiro, havia ameaçado iniciar greve no dia 1º de março se um acordo não fosse alcançado até quinta-feira, quando vence o atual contrato. Representantes do sindicato exigiam aumentos salariais e garantias de que a AB InBev não fecharia fábricas.
O pacto provisório de cinco anos, que ainda está sujeito à aprovação de membros do IBT, prevê aumento salarial de US$ 8 por hora, incluindo um ajuste imediato de US$ 4 por hora no primeiro ano.
Já a Ambev apresentou lucro líquido consolidado de R$ 4,528 bilhões no quarto trimestre de 2023, o que representa uma queda de 10,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa também divulgou lucro líquido ajustado, de R$ 4,667 bilhões, montante 11,9% menor que o apurado um ano antes.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 7,151 bilhões, montante 0,6% maior ante igual etapa do ano anterior no conceito reportado e avanço de 49% no conceito orgânico.
Segundo a empresa, a queda do lucro ocorreu devido à depreciação cambial na Argentina e ao faseamento das provisões de dedutibilidade fiscal do JCP.
A receita líquida somou R$ 19,989 bilhões entre outubro e dezembro, uma queda de 11,9% ante um ano antes no conceito reportado, mas avanço de 29,5% no conceito orgânico. Em seu release de resultados, a empresa destaca que o desempenho foi impulsionado pelo crescimento da receita líquida por hectolitro (“ROL/hl”) de 29,7% no trimestre.
Os volumes consolidados do último trimestre de 2023 ficaram praticamente estáveis, uma vez que o crescimento na América Central e Caribe (CAC) (+7,7%) e no Brasil (+0,8%) foi compensado pela América Latina Sul (LAS) (-3,8%) e Canadá (-7,4%), onde os volumes continuaram a ser impactados principalmente pelo declínio das indústrias.
O resultado financeiro líquido do quarto trimestre ficou negativo em R$ 700,5 milhões, uma redução de R$ 379,4 milhões em relação ao mesmo intervalo de 2022.
A empresa destaca em seu release de resultados que começou o ano mais bem posicionada do que começou 2023. “Nossas marcas estão mais saudáveis, o pipeline de inovação continua sólido e a estratégia digital está funcionando. Além disso, esperamos enfrentar menos pressão de custos dados os ventos favoráveis das commodities e do câmbio, parcialmente compensados pelo mix e por ajuste de contas a pagar a valor justo (em razão de menor taxa de juros) no Brasil”, afirma.
A Ambev detalha ainda que, assumindo os preços atuais das commodities e do câmbio (hedge real/dólar para 2024 em 4,97), espera que o CPV por hectolitro excluindo depreciação e amortização em Cerveja Brasil (excluindo produtos de marketplace não Ambev) diminua entre 0,5% e 3,0% no ano.
Sobre a Argentina, a empresa afirma que após a desvalorização do peso argentino em dezembro, espera um início de ano difícil, uma vez que a economia se ajusta a um ambiente inflacionário mais alto. “Embora comecemos o ano sem cobertura de hedge cambial, nos adaptamos rapidamente e continuaremos a nos concentrar em melhorar nossa geração de fluxo de caixa livre em dólar”, diz.
No Brasil, lembra, a legislação promulgada em dezembro de 2023, com efeito a partir de janeiro de 2024, alterou as regras relacionadas à dedutibilidade para fins de imposto de renda do JCP e de subvenções governamentais de ICMS.
“Em relação ao JCP, a principal mudança é que determinados montantes registrados na linha de “Ajuste de Avaliação Patrimonial” serão agora considerados para fins do cálculo da base do JCP, resultando em uma redução de tal base. Quanto às subvenções governamentais de ICMS, dado que a constitucionalidade das alterações legislativas tem sido questionada por várias partes, a extensão do impacto (se houver) permanece indefinida”, observa.
Em resumo, a empresa diz que trabalha para entregar mais um ano de crescimento da receita líquida e do Ebitda, bem como expansão das margens bruta e Ebitda, impulsionados por um melhor equilíbrio entre o crescimento do volume e da ROL/hl, e disciplina na gestão de custos e despesas.