Mundo
Alemanha

Líder da extrema direita que país deixe a União Europeia

Alice Weidel disse que um governo do partido buscaria reformar a UE e eliminar seu “déficit democrático” e limitar os poderes da Comissão Europeia.

Compartilhe:
23 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Líder da extrema direita que país deixe a União Europeia
Alice Weidel, uma das líderes do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla original)

Alice Weidel, uma das líderes do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla original), elogiou a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e afirmou que país é um “modelo para a Alemanha” em entrevista ao Financial Times, publicada nesta segunda-feira, 22. Segundo ela, caso a AfD chegue ao poder, deve realizar um referendo semelhante ao Brexit sobre a permanência da Alemanha no bloco.

Weidel disse que um governo do partido buscaria reformar a UE e eliminar seu “déficit democrático” e limitar os poderes da Comissão Europeia. “Mas se uma reforma não for possível, se não conseguirmos reconstruir a soberania dos Estados membros da UE, deveríamos deixar o povo decidir, assim como o Reino Unido fez”, disse ela. “E poderíamos ter um referendo sobre o ‘Dexit’ – a saída da Alemanha da UE”, afirmou ela para o jornal. De acordo com o FT, pesquisas sugerem que a grande maioria dos alemães votaria pela permanência na UE.

O AfD foi fundado como um partido eurocético (descrença na União Europeia) em 2013 e entrou pela primeira vez no Bundestag, o Parlamento alemão, em 2017. Pesquisas agora o colocam em segundo lugar a nível nacional, com cerca de 23%, muito acima dos 10,3% que obteve durante as últimas eleições federais em 2021.

O partido está no centro das atenções após uma reportagem do meio de comunicação Correctiv revelar, na semana passada, uma reunião entre extremistas de direita, ocorrida recentemente, para discutir a deportação de milhões de imigrantes, incluindo alguns com cidadania alemã. Figuras do extremista Movimento Identitário e membros do partido do Alternativa para a Alemanha participaram dessa reunião, segundo o Correctiv.

O AfD procurou se distanciar da reunião extremista, dizendo que não tinha ligações organizacionais ou financeiras com o evento, que não era responsável pelo que foi discutido lá e que os membros que participaram fizeram isso a título puramente pessoal.

Protestos contra o AfD foram realizadas em várias cidades alemãs entre sexta, 19, e o domingo, 21, com políticos dizendo que o partido representa uma ameaça às instituições democráticas do país. Na entrevista ao FT, Weidel condenou a própria reportagem do Correctiv – ela já havia rompido com um conselheiro que esteve no encontro.

“Foi apenas uma tentativa de criminalizar a ideia de repatriar legalmente pessoas que não têm permissão para permanecer aqui, ou que estão sujeitas a uma ordem de deportação”, afirmou ela ao FT. “A AfD é o partido que defende a aplicação das leis deste país.”

Weidel diz que o conceito de “remigração” significa expulsar pessoas que “adquiriram cidadania ilegalmente sob falsos pretextos” ou “com dupla nacionalidade suspeitos de terrorismo ou condenados por crimes”.

Greve

O sindicato que representa muitos dos condutores de trens da Alemanha convocou nesta segunda-feira, 22 uma nova greve para exigir melhores salários e jornada de trabalho reduzida, em uma persistente disputa com a principal operadora ferroviária estatal do país.

O sindicato, conhecido como GDL, disse que a paralisação de seis dias afetará os serviços de passageiros operados pela estatal Deutsche Bahn a partir da madrugada de quarta-feira (24). Os trens de carga, por sua vez, serão atingidos a partir do fim da tarde de terça-feira, dia 23.

O GDL já realizou uma greve de três dias este mês e fez duas advertências de até 24 horas no ano passado. Além de reajuste salarial, o sindicato pede que a jornada de trabalho semanal seja reduzida de 38 para 35 horas, sem redução dos vencimentos.