Mundo
Desaceleração

Banco Mundial mantém previsão para o PIB global em 2024

O relatório estima que a economia global expandiu 2,6% em 2023 (de 2,1% nas estimativas de junho) e que deve voltar a acelerar levemente a 2,7% em 2025 (de 3,0% anteriormente).

Compartilhe:
09 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Banco Mundial mantém previsão para o PIB global em 2024
Prédio do Banco Mundial em Washington

O Banco Mundial manteve em 2,4% a sua previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2024, o que marcaria o terceiro ano seguido de desaceleração, segundo estimativas do seu relatório de Perspectivas Econômicas Globais, divulgado na terça-feira, 9. Contudo, o órgão alerta que a economia global caminha para ter sua pior performance em meia década desde 1990.

O relatório estima que a economia global expandiu 2,6% em 2023 (de 2,1% nas estimativas de junho) e que deve voltar a acelerar levemente a 2,7% em 2025 (de 3,0% anteriormente).

Para o órgão, a desaceleração em 2024 será resultado dos efeitos atrasados do aperto na política monetária e condições financeiras restritivas, ao lado de investimento e comércio globais fracos. Além disso, a atividade enfrentará riscos negativos de possível escalada de conflitos no Oriente Médio, estresse financeiro, entre outros.

Na visão do Banco Mundial, o fim de 2024 será um ponto de virada para “o que deveria ser uma década de transformação para o desenvolvimento”. A organização prevê que, ao invés de cumprir metas de extinção da extrema pobreza e cortar pela metade emissões de carbono, os governos enfrentarão um crescimento fraco e abaixo da tendência pré-pandemia (cerca de 3%) no horizonte de projeções, com pessoas de uma em cada quatro economias em desenvolvimento mais pobres do que antes da pandemia.

Como exemplo deste “cenário sombrio”, o Banco Mundial estima que o crescimento do investimento per capita global em 2023 e 2024 seja, em média, de apenas 3,7% – quase a metade da média das duas décadas anteriores. “Em nível global, a cooperação precisa ser fortalecida para proporcionar o alívio da dívida, facilitar a integração comercial, combater as mudanças climáticas e aliviar a insegurança alimentar”, aponta o documento, entre medidas que poderiam mudar estas perspectivas.

Para 2024, também existem perspectivas que poderiam afetar positivamente a economia global, com destaque para a economia dos Estados Unidos. Conforme o relatório, a resiliência da atividade americana e a redução da inflação podem permitir continuidade do crescimento acima das projeções, impulsionando a atividade global.

O Banco Mundial elevou para 1,5% (de 0,7% em junho) sua estimativa de alta do PIB dos EUA em 2023, manteve em 1,2% a projeção para 2024 e cortou para 1,6% (de 2,2% anteriormente) a de 2025.

Entre outras economias desenvolvidas, a zona do euro teve previsão de crescimento do PIB mantida para 2023 (0,4%) e cortada para 2024 (de 1,3% a 0,7%) e 2025 (de 2,3% para 1,6%).

No Japão, todas as projeções foram elevadas, com expectativa de que a economia consiga manter o ímpeto pós-pandemia e se beneficiar da recente flexibilização do controle da curva de juros pelo Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês).

Segundo o relatório, o PIB japonês deve expandir 1,8% em 2023 (de 0,8% anteriormente), 0,9% em 2024 (de 0,7% anteriormente) e 0,8% (de 0,6% anteriormente).

O aperto monetário em economias avançadas está chegando ao fim, mas as taxas de juros reais poderão permanecer elevadas por um período prolongado, à medida que a inflação retorna à meta apenas gradualmente. A projeção é do Banco Mundial, que afirma que essa configuração deverá manter restritiva a postura da política monetária dessas economias no curto prazo.

A instituição acredita que os efeitos do aperto monetário sobre o crescimento das maiores economias globais deverão chegar ao pico em 2024.

Em relatório publicado na terça-feira, 9, a instituição observa que os rendimentos de títulos de dívida pública de economias avançadas permanecem altos. O Banco Mundial diz que, apesar de terem recuado das máximas plurianuais atingidas em outubro de 2023, os retornos permanecem em níveis suficientemente altos para exercer pressão altista sobre o custo do capital para governos e empresas, à medida que as dívidas são roladas.

A recente valorização dos yields de economias avançadas reflete tanto as perspectivas de política monetária quanto a volatilidade nos prêmios de prazo, segundo o documento.

Já sobre mercados emergentes e economias em desenvolvimento (EMDEs, na sigla em inglês), a instituição pondera que o ciclo de relaxamento monetário poderá ser contido pela diminuição nos diferenciais de juros em relação a economias avançadas. A aproximação entre os níveis dos juros poderia elevar os riscos de saída de capital e de depreciação cambial para os emergentes.

“É, portanto, necessária uma atenção cuidadosa aos riscos para garantir que a política monetária apoie o crescimento sustentável, ajudando ao mesmo tempo a reduzir de forma duradoura a inflação e a manter a estabilidade financeira, especialmente nos EMDEs com grandes déficits fiscais e em conta corrente”, defende.

O Banco Mundial prevê que a economia da China enfrentará uma desaceleração este ano e no próximo, em meio à cautela de consumidores e à medida que riscos persistentes no mercado imobiliário pressionam os investimentos. A instituição projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês crescerá 4,5% em 2024 e 4,3% em 2025, após o avanço estimado de 5,2% em 2023. Na edição anterior, de junho, as projeções eram de expansão de 5,6% em 2023, 4,6% em 2024 e 4,4% em 2025.

A entidade multilateral avalia que, embora o apoio do governo possa impulsionar os gastos com infraestrutura, há espaço fiscal limitado a nível das administrações locais para uma política expansionista.

“Ventos contrários estruturais devido ao aumento do endividamento, uma força de trabalho envelhecida e em contração, e menor espaço para recuperação de produtividade deverão pesar sobre a atividade econômica”, afirma a instituição.

Para o restante dos emergentes, a expectativa do Banco Mundial é de que a piora no cenário chinês seja compensada por um desempenho econômico mais firme em outras regiões. A instituição projeta que a economia desses países, em bloco, terá alta de 3,9% este ano e de 4,0% no próximo.