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Ressurgimento

Estado Islâmico reivindica autoria de atentado terrorista que deixou 84 mortos no Irã

Segundo a agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária do Irã, duas bombas escondidas em pastas foram detonadas por controle remoto

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04 de janeiro de 2024
Vinicius Palermo
Estado Islâmico reivindica autoria de atentado terrorista que deixou 84 mortos no Irã
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi.

O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque terrorista ocorrido no sul do Irã na quarta-feira, 3, que deixou 84 mortos no país persa durante uma homenagem ao general Qassim Suleimani, assassinado num ataque com drone em 2020.

As explosões ocorreram perto do túmulo do general em uma mesquita na cidade de Kerman. Segundo a agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária do Irã, duas bombas escondidas em pastas foram detonadas por controle remoto, uma a cerca de 700 metros do túmulo de Suleimani e outra, a quase 1 km, no cemitério da cidade (820 km a sudeste de Teerã).

Assessores próximos ao presidente iraniano Ebrahim Raisi chegaram a culpar Israel e os Estados Unidos pelo ocorrido. “Washington diz que os Estados Unidos e Israel não tiveram nada a ver com o atentado terrorista no Irã. Não se enganem. A responsabilidade por este crime recai nos regimes americano e sionista, e o terrorismo é apenas uma ferramenta”, declarou Mohammad Jamshidi, conselheiro do presidente iraniano.

Washington e Tel-Aviv negaram qualquer envolvimento no atentado. Segundo o jornal The New York Times, oficiais americanos também sinalizaram que o Estado Islâmico havia sido o autor do ataque terrorista. Embora Israel realize operações secretas no Irã, Tel-Aviv sempre focou em atingir indivíduos específicos ou instalações nucleares ou de armas.

Na quarta-feira, oficiais iranianos haviam afirmado que as explosões haviam deixado 103 mortos, mas o ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, declarou na quinta-feira, 4, que o número de mortos havia diminuído para 84.

Durante uma visita aos feridos, Vahidi sinalizou que o número de mortos pode aumentar porque muitos iranianos atingidos pelo atentado estão em estado grave. Cerca de 284 pessoas ficaram feridas pelo atentado e 220 estão hospitalizadas, segundo a agência Tasnim.

O atentado mostra um ressurgimento do Estado Islâmico, que perdeu força na região após uma ofensiva liderada pela coalizão americana. De acordo com Washington, o grupo terrorista pode ter se aproveitado de uma oportunidade para atingir um inimigo. O Estado Islâmico é um grupo sunita, enquanto o Irã é uma república islâmica xiita.

O grupo assumiu a responsabilidade por vários ataques anteriores no Irã, incluindo o mais recente em outubro de 2022, quando um homem armado matou 13 pessoas em um santuário na cidade de Shiraz.

Pelo terceiro dia consecutivo o Oriente Médio vive uma escalada na tensão regional, com ataques contra alvos ligados ao Irã e ao grupo radical xiita Hezbollah no Líbano e no Iraque. Dois membros do Hashd Al-Shaabi (Forças de Mobilização Popular), uma facção iraquiana próxima ao Irã, morreram em um ataque realizado com um drone contra um edifício da organização em Bagdá, segundo uma fonte de segurança e um membro do grupo armado.

O ataque em Bagdá atingiu um centro de apoio logístico do Hashd Al-Shaabi no leste da capital iraquiana. Dois integrantes do grupo morreram e outros sete ficaram feridos. O ataque foi reivindicado pelo governo americano, que acusa a milícia de atacar bases dos EUA no Iraque.

Os líderes iranianos prometeram na quinta-feira, 4, vingança. O sucessor de Suleimani, Esmail Qaani, rezou brevemente no local, envolto por apoiadores que pediram vingança contra os EUA e Israel, que algumas autoridades iranianas acusaram de apoiar os ataques sem fornecer nenhuma prova. Outras autoridades disseram que as explosões foram obra de terroristas, um termo que o governo usa com frequência para se referir aos militantes do Estado Islâmico e a alguns grupos do Paquistão.