As bolsas da Europa fecharam na maioria em baixa na quinta-feira, 21, pressionadas por comentários sobre a política monetária do Banco Central Europeu (BCE). O vice-presidente da autoridade, Luis de Guindos, alertou que ainda é “muito cedo” para discutir cortes de juros, embora reconheça que os dados mais recentes de inflação na zona do euro vieram “favoráveis”.
Desta forma, os índices se viram pressionados pelas perspectivas futuras para a postura do BCE, que nos últimos dias sinalizavam um relaxamento ao longo de 2024. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,21%, a 476,94 pontos. Guindos reforçou que as próximas decisões do BCE dependerão da evolução dos indicadores econômicos.
Segundo ele, assim que houver sinais de que os índices acionários “claramente” convergem em direção à meta de 2%. “Mas ainda é muito cedo para isso acontecer”, reiterou. Ainda assim, para a Capital Economics, os dados mais recentes sobre a inflação subjacente sugerem que os dirigentes do BCE serão forçados a cortar as taxas de juro mais cedo do que pensam.
Enquanto isso, os governos da União Europeia concordaram com novas regras para reduzir os déficits orçamentais e a dívida pública, traçando um limite após anos de gastos livres durante a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia.
Para o Danske Bank, a tendência é de que a reforma se traduza em uma postura mais apertada da política fiscal. “Entre os países maiores, isto afetará especialmente os planos de despesas em França, Itália e Bélgica”, prevê.
Já no Reino Unido, o governo informou na quinta que o déficit fiscal cresceu mais que o esperado em novembro, em um desdobramento que pode limitar os planos do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, de adotar cortes de impostos antes das eleições gerais do ano que vem. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,27%, a 7.694,73 pontos.
Em Paris, a ação da Casino recuou 6,05%, depois que o consórcio que lidera a reestruturação financeira da empresa reduziu a previsão para o Ebitda da companhia. A varejista francesa convocou para janeiro uma assembleia que votará os termos da reorganização da dívida. Na mesma cidade, o CAC 40 recuou 0,16%, a 7.571,40 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,27%, a 16.687,42 pontos. Em Milão, o FTSE MIB teve queda de 0,29%, a 30.274,26 pontos. Por outro lado, em Madri, o Ibex 35 avançou 0,04%, a 10 105,30 pontos. Já o PSI 20 subiu 0,69%, a 6.388,46 pontos, em Lisboa, na máxima do dia.
Os índices acionários da Ásia fecharam sem direção única, à medida que os efeitos de um escândalo de segurança na Toyota ajudaram a impor uma queda de mais de 1% à Bolsa de Tóquio. Na contramão, os negócios chineses encontraram espaço para recuperação, após as perdas da véspera.
A subsidária Daihatsu, da Toyota, anunciou a suspensão temporária de todos os seus veículos no Japão e no exterior, depois que uma investigação independente descobriu 174 irregularidades em 64 modelos, alguns deles vendidos pela própria controladora. Desde abril, o comitê apurava as suspeitas de que a empresa teria manipulado testes de colisão.
Em um comunicado separado, a Toyota informou que fará o recall de 1 milhão de veículos nos Estados Unidos, por problemas relacionados ao airbag. Neste cenário, a ação da montadora caiu 4,03% em Tóquio, em benefício da rival Suzuki Motor (2,13%). Com isso, o índice Nikkei encerrou em baixa de 1,59%, aos 33.140,47 pontos.
O movimento segue a cautela que se instalou ontem em Wall Street, enquanto dirigentes do Federal Reserve (Fed) buscavam conter o ânimo dos mercados por cortes agressivos de juros no ano que vem. O presidente da distrital do BC americano na Filadélfia, Patrick Harker, comentou que não espera relaxamento monetário tão cedo.
Em Seul, o índice Kospi perdeu 0,55%, a 2.600,02 pontos, enquanto o Taiex, de Taiwan, cedeu 0,52%, a 17.543,74 pontos. Na Oceania, o S&P/ASX 200, de Sydney, caiu 0,45%, a 7.504,10 pontos
Em Hong Kong, por outro lado, o índice Hang Seng ganhou 0,04%, a 16.621,13 pontos.
Na China continental, a Bolsa de Xangai avançou 0,57%, a 2.918,71 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, ganhou 0,90%, a 1.801,50 pontos. Os ganhos recompõem parte da desvalorização recente, que respondia ao quadro econômico incerto do país asiático.