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Pouso suave

Dirigente do Fed critica preficação de cortes de juros em 2024

Goolsbee observou que há uma disparidade muito grande entre as expectativas de cortes do mercado para 2024 e as projeções de dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).

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18 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
Dirigente do Fed critica preficação de cortes de juros em 2024
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee, criticou a reação do mercado financeiro ao ampliar precificação de cortes de juros para 2024, após decisão do BC dos Estados Unidos de manter os juros inalterados na semana passada. “A nossa função é agir e a do mercado é reagir, não podemos nos guiar e decidir com base nele. Seguiremos dependentes de dados”, acrescentou, em entrevista à CNBC.

Goolsbee observou que há uma disparidade muito grande entre as expectativas de cortes do mercado para 2024 e as projeções de dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).

Segundo o gráfico de pontos divulgado pelo Fed, a maior parte dos dirigentes esperam que os juros fiquem entre 4,25% e 5% em 2024, enquanto o mercado prevê que as taxas chegarão ao fim do próximo ano entre 3,75% a 4%, conforme ferramenta de monitoramento do CME Group.

O presidente do Fed de Chicago, que votou nas decisões do FOMC neste ano, afirmou que também está confuso com a leitura do mercado de que os discursos do presidente do BC, Jerome Powell, e do presidente da distrital de Nova York, John Williams, tenham sido diferentes. Para ele, o BC americano tem reforçado a mesma mensagem, sinalizando manutenção dos juros em nível restritivo por tempo suficiente para baixar a inflação.

“Só poderemos cortar juros com sinais consistentes de queda consistente da inflação, para evitar erros do passado”, afirmou Goolsbee.

Ele lembra que, em anos anteriores, provocar uma recessão era necessário para controlar a inflação, mas que hoje parece ser possível alcançar um pouso suave, com redução dos preços junto a um crescimento econômico forte.

Nesse ambiente, o dirigente defende uma manutenção de juros cuidadosa, com espaço para “afinar” a política monetária de acordo com dados ou novos choques macroeconômicos. “Pousos suaves mais fáceis do que este já foram abalados por choques externos”, alerta.

A presidente do Federal Reserve (Fed) de Cleveland, Loretta Mester, avaliou que os mercados estão “um pouco à frente” no que diz respeito à precificação de cortes de juros no início do próximo ano. A dirigente defendeu que, depois de atingir nível suficientemente restritivo, o momento é de segurar os juros até que a inflação retorne à meta de 2%.

Mester ressaltou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) não mudará a trajetória repentinamente rumo à redução do aperto nas condições financeiras. “Os mercados pularam para a parte final, que é ‘vamos nos normalizar rapidamente’, e eu não vejo isso”, acrescentou ela.

A presidente do Fed de Cleveland revelou que está entre os dirigentes que preveem três cortes de 25 pontos-base (pb) no próximo ano, caso a inflação continue a moderar e confirme um cenário de pouso suave. Nessas condições, o Fed teria que “normalizar a política monetária e reduzir os juros a um nível neutro ao longo do tempo”. Segundo ela, os dirigentes estão conscientes sobre a necessidade de não manter a política apertada por um tempo demasiadamente prolongado, mas também se preocupam com o risco da inflação persistentemente elevada.

Mester, que vota nas decisões monetárias do Fomc no próximo ano até se aposentar em junho, afirmou que vai monitorar de perto a trajetória das expectativas de inflação de um ano e quão rápido ela se move rumo à meta de 2%.