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BCE deixa juros inalterados e reforça que manterá nível restritivo por tempo prolongado

A taxa de refinanciamento do BCE permanece em 4,50%, a de depósitos, em 4%, e a de empréstimos, em 4,75%. A decisão veio em linha com a expectativa de analistas.

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14 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
BCE deixa juros inalterados e reforça que manterá nível restritivo por tempo prolongado

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu deixar suas principais taxas de juros inalteradas em reunião na quinta-feira, 14, mas reforçando a mensagem de que manterá nível restritivo pelo tempo necessário para baixar a inflação à meta de 2% ao ano.

Desta forma, a taxa de refinanciamento do BCE permanece em 4,50%, a de depósitos, em 4%, e a de empréstimos, em 4,75%. A decisão veio em linha com a expectativa de analistas.

O BCE aponta que as condições financeiras mais apertadas estão contribuindo para conter a demanda e reduzir a inflação. “Continuaremos a reagir aos dados, em particular, as perspectivas para inflação”, afirmou, em comunicado.

O banco central prevê que, apesar da desaceleração da inflação nos últimos meses, os preços devem ganhar fôlego temporariamente no curto prazo, antes de desacelerar gradualmente ao longo de 2024.

Nesta reunião, os dirigentes também decidiram seguir com a normalização do balanço patrimonial do Eurosystem, em um plano que pretende acabar com os reinvestimentos do Programa de Compras de Emergência na Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) até o fim de 2024.

De acordo com o comunicado, o BCE vai reinvestir completamente os pagamentos de ativos que vencem no primeiro semestre de 2024, mas devem reduzir o portfólio em 7,5 bilhões de euros ao mês a partir do segundo semestre.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reiterou que os juros na zona do euro permanecerão elevados pelo tempo necessário para reduzir inflação à meta de 2%, descartando a possibilidade de cortes nos juros no curto prazo. A presidente do banco central defendeu que serão os dados, não um período predefinido de tempo, a estabelecer a instância da política monetária.

“Vamos monitorar dados para saber quando podemos baixar guarda no combate à inflação. Não queremos manter juros elevados por tempo excessivamente prolongado, mas agora não é o momento de alterar nossa postura, ainda há trabalho a fazer”, afirmou Lagarde, durante coletiva de imprensa, após o BCE decidir manter os juros inalterados.

Ela acrescentou que o banco central deve monitorar cuidadosamente as projeções da equipe técnica prevendo retorno da inflação à meta de 2% em 2025. Ao ser questionada, Lagarde também revelou que os dirigentes não discutiram “de forma nenhuma” cortes de juros na decisão desta quinta-feira.

Utilizando uma metáfora, a autoridade argumentou que existe uma distância enorme entre altas e cortes de juros que o banco central ainda não estaria apto a cruzar.

A presidente do BCE apontou que ainda existem pressões fortes sobre os preços na zona do euro, apesar de desaceleração recente. A dirigente demonstrou preocupação especialmente com a inflação doméstica, mais associada ao mercado de trabalho apertado.

“A inflação doméstica está caindo, mas pouco, e temos que entender esta resistência”, observou ela, em coletiva de imprensa. “Precisaremos aguardar dados do início de 2024 para definir se a inflação está em queda sustentável ou não”, acrescentou.

Os comentários de Lagarde ecoam projeções econômicas da equipe técnica do BCE, divulgadas na quinta, que preveem uma redução gradual da inflação ao longo de 2024.

Para a autoridade, a inflação deve voltar a acelerar no primeiro trimestre antes de cair lentamente, contudo, não deve abalar as expectativas de inflação ainda ancoradas em torno de 2%.

A presidente do banco central reforçou que os dirigentes utilizarão todas as ferramentas disponíveis para combater a inflação elevada e garantir o retorno à meta de 2%, mantendo postura dependente de dados e de projeções a cada decisão.

A equipe técnica do Banco Central Europeu (BCE) rebaixou projeções para inflação na zona do euro, em comparação ao levantamento de setembro, e prevê crescimento fraco em 2024, antes de acelerar em 2025 e 2026.

Em comunicado, o BCE projeta que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) deve subir 5,4% em 2023, 2,7% em 2024, 2,5% em 2025 e 1,9% em 2026, o que representa uma redução em relação às estimativas anteriores de 5,6% e 3,2% para 2023 e 2024. O banco central nota que a inflação deve desacelerar gradualmente ao longo do próximo ano.

Já o núcleo da inflação também desacelerou, mas segue impulsionado por pressões de preços domésticas por conta de crescimento robusto nos custos de mão de obra, afirma o BCE. A equipe do banco central projeta que o núcleo da inflação subirá, em média, 5% em 2023, 2,7% em 2024, 2,3% em 2025 e 2,1% em 2026. Em setembro, o BCE previa altas de 5,1% em 2023, 2,9% em 2024 e 2,2% em 2025.

Sobre atividade econômica, o BCE projeta crescimento “contido” no curto prazo, prevendo alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,6% em 2023 e 0,8% em 2024, antes de acelerar para 1,5% em 2025 e 2026. Em setembro, a projeção era de crescimento de 0,7% em 2023, 1,0% em 2024 e 1,5% em 2025.