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Sustentabilidade fiscal

Moody’s reafirma rating da China em A1, mas altera perspectiva de estável para negativa

O quadro representa riscos de baixa para a força fiscal, a economia e também para a força institucional do país, considera a Moody’s.

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05 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
Moody’s reafirma rating da China em A1, mas altera perspectiva de estável para negativa
FILE PHOTO: A police officer stands guard below China and Hong Kong flags during a flag raising ceremony, a week ahead of the Legislative Council election in Hong Kong, China, December 12, 2021. REUTERS/Tyrone Siu/File Photo

A Moody’s reafirmou na terça-feira, 5, o rating de longo prazo da China em A1, mas alterou a perspectiva de estável para negativa. Em comunicado, a agência diz que a mudança decorre das evidências crescentes de que o governo e o setor público em geral terão de fornecer apoio financeiro a governos locais e regionais que enfrentam estresses financeiros, o que também deve acontecer em empresas estatais do país.

O quadro representa riscos de baixa para a força fiscal, a economia e também para a força institucional do país, considera a Moody’s.

A perspectiva também reflete os riscos maiores de crescimento persistentemente mais baixo no médio prazo da economia, bem como a redução no tamanho em andamento do setor imobiliário do país, acrescenta.

Ao mesmo tempo, a agência diz que reafirmou o rating A1 como reflexo de que a China possui recursos financeiros e institucionais para gerenciar essa transição de modo ordenado, com uma economia muito grande e robusta, “embora desacelerando”.

A Moody’s projeta que o crescimento chinês fique em 4,0% em 2024 e que o mesmo avanço de 4,0% se repita em 2025. Entre 2026 e 2030, projeta um avanço médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,8%. Com mudanças demográficas, o crescimento potencial deve desacelerar a “cerca de 3,5%” até 2030, acrescenta.

O Ministério das Finanças da China criticou a decisão da Moody’s de alterar a perspectiva do rating chinês, de estável para negativa. Em comentários a repórteres, um porta-voz da pasta afirmou que a economia está em uma trajetória firme de recuperação e deve “manter a tendência positiva no quarto trimestre”, alcançando a meta de crescimento anual de 5% em 2023.

“Estamos desapontados com a decisão da Moody’s de rebaixar a perspectiva para o rating soberano de crédito da China”, disse o porta-voz. “Continuamos nossa recuperação no primeiro ano após a pandemia e avançamos no desenvolvimento de alta qualidade, com novos motores de crescimento econômico e mudanças positivas”, acrescentou, apontando que o desempenho ocorreu apesar de um cenário internacional “complexo” e “instável”.

Segundo o ministério, a China está determinada a aprofundar reformas e responder a riscos econômicos. Entre as iniciativas, o órgão destacou os esforços para prevenir e resolver riscos de dívidas de governos locais e investigação de financiamento ilegal de dívidas.

Sobre o setor imobiliário, o porta-voz afirmou que o impacto dos estresses no orçamento público local e nos fundos orçamentários do governo “é controlável e estrutural”. “As preocupações da Moody’s sobre perspectivas de crescimento econômico e sustentabilidade fiscal são desnecessárias”, concluiu.

O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços da China avançou de 50,4 em outubro para 51,5 em novembro, atingindo o maior nível em três meses, segundo pesquisa divulgada pela S&P Global em parceria com a Caixin. O resultado superou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam alta a 50,7 no mês passado.

Já o PMI composto chinês, que engloba serviços e indústria, subiu do nível neutro de 50 em outubro para 51,6 em novembro, alcançando o maior patamar desde agosto. Leituras acima de 50 indicam expansão da atividade econômica.