Economia
Acima da meta

Guillen diz que expectativas mais longas para a inflação estão estáveis

O diretor do BC destacou que as taxas de juros ainda estão próximas de seu nível máximo na maioria dos países, mas em muitos deles a expectativa é de flexibilização ao longo de 2024.

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01 de dezembro de 2023
Vinicius Palermo
Guillen diz que expectativas mais longas para a inflação estão estáveis

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, disse na sexta-feira, 1, que há um debate em diversos locais do mundo sobre a velocidade da desinflação de núcleos – se será mais rápida ou mais lenta – e sua relação com políticas contracíclicas. Ele lembrou que a maioria dos países segue com expectativas de inflação acima de suas metas, mais caindo nos últimos meses.

“Nos Estados Unidos, houve um pico da inflação de núcleos e, apesar de ter caído, ainda é incompatível com o atingimento da meta de inflação”, afirmou, em palestra no evento Barclays Day, em São Paulo.

O diretor do BC destacou que as taxas de juros ainda estão próximas de seu nível máximo na maioria dos países, mas em muitos deles a expectativa é de flexibilização ao longo de 2024. “Há debate se a alta de juros de dez anos dos Estados Unidos está relacionada ao fiscal de curto prazo, ou se a taxa neutra mudou. Se a taxa neutra americana mudou, haverá um impacto maior nas condições financeiras”, completou.

O diretor de Política Econômica do Banco Central disse ainda que, após o pico na metade de 2022, a inflação brasileira vem caindo desde então, mas segue acima do centro da meta inflação.

“A alimentação no domicílio surpreendeu bastante, está com deflação em 12 meses. Já a inflação de serviços segue resiliente, relacionada ao consumo e a medidas contracíclicas ainda em vigência”, afirmou, em palestra no evento Barclays Day, na capital paulista.

Diogo Abry Guillen lembrou, ainda, que as expectativas mais longas do mercado para a inflação estão estáveis, mas ainda permanecem acima da meta: em 3,5% para 2025, 2026 e 2027, ante um objetivo contínuo de 3,0%.

O diretor de Política Econômica do Banco Central disse também que o Comitê de Política Monetária (Copom) debateu nas últimas reuniões quando a moderação da atividade doméstica viria, visto que os resultados da economia vieram mais forte que o esperado em 2022 e nos primeiros trimestres deste ano.

“O primeiro trimestre foi impulsionado pela agricultura e o segundo trimestre pelo consumo das famílias. Isso é muito relacionado com a confiança do consumidor, que começou a cair na segunda metade do ano”, destacou, em palestra no evento Barclays Day, em São Paulo.

Segundo o diretor do BC, tem sido difícil “entender e racionalizar” alguns números do mercado de trabalho, com a continuidade da abertura de vagas de trabalho sem pressões visíveis nos salários. “Alguma coisa está mudando no mercado de trabalho, com o desemprego reduzindo sem aparente pressão inflacionária. Há o risco de algo estar acontecendo e nós não estarmos vendo. Precisamos monitorar com cuidado”, completou Guillen.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, disse que a decisão do Copom em comunicar desde agosto que o ritmo de corte de Selic em 0,50 ponto porcentual será mantido nas “próximas reuniões” – no plural – tem objetivo de enfatizar que o ritmo é adequado, sem se comprometer com um orçamento total para o corte de juros.

“A parte importante do comunicado tem sido dizer que o ciclo será o necessário para trazer a inflação para a meta. O mandato do BC é sobre a meta, mas precisamos considerar os fundamentos da inflação, que incluem a reancoragem das expectativas”, afirmou.