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Restrição monetária

BCE reavaliará posição em dezembro sobre juros

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reafirmou na segunda-feira, 27, que as taxas de juros permanecerão restritivas

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27 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
BCE reavaliará posição em dezembro sobre juros

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, reafirmou na segunda-feira, 27, que as taxas de juros permanecerão restritivas pelo tempo que for necessário para reduzir a inflação de forma sustentável no longo prazo. Contudo, ela notou que os dirigentes podem atualizar sua posição na próxima reunião monetária, em dezembro.

“Vamos reavaliar nossa posição sobre política monetária em dezembro, informados por novos dados e projeções atualizadas, incluindo perspectivas para 2026”, disse Lagarde, em discurso preparado para a Comissão de Assuntos Monetários e Econômicos, do Parlamento Europeu.

A presidente reiterou o compromisso do banco central com a estabilidade de preços e meta da inflação em 2%, acrescentando que “ainda não é possível declarar vitória”.

Para ela, os dirigentes precisam continuar atentos aos catalisadores da inflação na zona do euro, representados agora por fontes domésticas ao invés de externas.

Lagarde espera que as pressões inflacionárias continuem enfraquecendo, mas alerta que as perspectivas de médio prazo seguem acompanhadas de “incerteza considerável”.

Sobre o crescimento na zona do euro, a presidente do BCE projeta que a estagnação e fraqueza da atividade permanecerá pelo resto deste ano, refletindo o impacto de juros elevados.

Ela acrescenta que mercado de trabalho continua resiliente e os salários devem permanecer impulsionando a inflação doméstica, mas existem sinais apontando perda de força até o final de 2023.

Lagarde acrescentou ainda que existem possíveis impactos inflacionários da luta contra a crise climática e iniciativas de transição verde, mas defendeu que o suporte para esta área precisa continuar.

Segundo a presidente, os dirigentes do BCE estão comprometidos em garantir a descarbonização de portfólios corporativos e apoiar objetivos do Acordo de Paris, de forma que não prejudique a trajetória para estabilidade de preços.

A presidente do Banco Central Europeu argumentou que a situação econômica da zona do euro poderia ser “muito pior”, caso os dirigentes não conseguissem cumprir a meta de baixar inflação à 2%. A dirigente reiterou que a “política monetária já está funcionando” na economia, contudo alertou que o banco central precisa “ver efeitos completos” da transmissão, como um aperto maior nos empréstimos e oferta de crédito local.

“A inflação ainda está elevada e esteve alta por muito tempo, o que torna necessário manter os juros restritivos por tempo suficiente para baixar os preços. E vamos entregar esta redução de modo sustentado”, defendeu Lagarde, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu.

Lagarde reforçou que os dirigentes estão monitorando fatores que contribuem para a inflação doméstica – como lucros empresariais e a aumento de salários por sindicatos – e algumas possíveis pressões externas, a exemplo do combate à inflação nos EUA. Em especial, o BCE deve “ficar de olho” nas taxas de câmbio entre euro e dólar.

A presidente também esclareceu que não troca informações confidenciais sobre política monetária com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ou outros bancos centrais “Nós conversamos sobre desenvolvimentos econômicos e estratégias monetárias em geral durante eventos, mas nunca falei ou perguntei sobre informações internas e confidenciais de condução das políticas”, pontuou, ao ser questionada pelo Parlamento Europeu.

Lagarde afirmou ainda que o banco central manterá os reinvestimentos do Programa de Compras de Emergência na Pandemia (PEPP, na sigla em inglês) até 2024, quando discutirá novas propostas. Sobre a situação fiscal europeia, a dirigente espera que as discussões sobre arcabouço fiscal entre países membros da União Europeia resultem em um acordo também em 2024.