O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, confirmou na quarta-feira, 22, que o Plano Estratégico 2024-2028 será divulgado na próxima sexta-feira, 24, após ser avaliado e aprovado pelo Conselho de Administração da estatal. O novo plano da empresa vem sendo alvo de críticas de opositores de Prates e chegou a ter tentativas de adiamento.
As declarações de Prates foram feitas um dia depois de ele ter participado de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do governo, em Brasília. O encontro foi marcado depois de Prates e o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, terem publicado mensagens em redes sociais sobre o comportamento dos preços dos combustíveis.
“Fiz essa manifestação à Casa Civil. É importante, respeitando a governança da Petrobras, respeitando a sua natureza jurídica. Mas já está na hora de puxarmos a orelha de novo da Petrobras, para que ela volte à mesa e possa colocar com clareza”, escreveu Silveira no X (antigo Twitter) na sexta-feira passada (17), reproduzindo uma entrevista dele sobre o governo cobrar a Petrobras para uma redução nos preços.
No dia seguinte, na mesma rede social, Prates defendeu a política de preços da companhia e listou o que seria preciso para uma orientação de queda nos preços.
Para que o MME, órgão da União, possa orientar a Petrobras a baixar os preços de combustíveis diretamente, será necessário seguir a Lei 13.303/16 e o Estatuto Social (art. 3o, parágrafo 4o e seguintes):
A União deverá orientar formalmente a Petrobras por meio de um ato normativo (lei ou regulamento) e deverá firmar contrato, convênio ou outro ajuste estabelecendo as condições em que se dará, com ampla publicidade; os custos e receitas referentes a medida deverão ser discriminados e divulgados de forma transparente, inclusive no plano contábil.
A proposta de orientação da União deverá ser submetida ao Comitê de Investimentos e ao Comitê de Minoritários, que avaliará se as condições a serem assumidas pela Petrobras.
Prates participou da abertura do evento “A neoindustrialização e a transição energética brasileira”, em um hotel na zona sul do Rio de Janeiro, depois de ter participado na terça-feira de reunião em Brasília com o presidente Lula.
Ele afirmou que a Petrobras “está correndo atrás da transição energética”, em referência à demora da companhia em tomar iniciativas nessa direção, mas afirmou que a estatal não vai perder o foco na produção de petróleo e gás natural, “e isso não é feio”, destacou.
Segundo ele, apesar das indicações de que a empresa vai desenvolver projetos de energia limpa, ainda vai demorar um tempo para a “metamorfose” da Petrobras. “Mesmo que a gente tivesse a lei das eólicas offshore aprovada agora, o primeiro projeto vai sair no mínimo em sete anos”, explicou ao lado do presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo e o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.
Ele afirmou ainda que a Petrobras também vai entrar no mercado de hidrogênio verde, um mercado ainda incipiente no Brasil, e que pode ter projetos em parceria com a Vale, produtora de metais utilizados na transição energética. “Há uma incerteza nesse mercado (hidrogênio verde) e vamos trabalhar para dirimir essas incertezas e ter escala, ter preço. O poder transformador disso é enorme, porque vamos entrar mineração adentro, produzindo maximamente descarbonizada”, comentou.
O presidente da Petrobras ressaltou os desafios atuais para consolidar a Petrobras e o país na liderança da transição energética mundial, citando projetos como o coprocessamento de biocombustíveis no parque de refino da empresa, eólicas offshore e hidrogênio verde.
“A transição energética não é uma ruptura de um dia pro outro, mas um processo ao longo de décadas, em que não só a Petrobras, como toda a sociedade, vai se transformar. Por isso, continuamos focados no nosso negócio e, tendo conquistado diferentes recordes nos últimos sete meses, mas já imersos na descarbonização dos processos, na mudança de matriz energética, rumo à transição ecológica. E a Petrobras tem todo potencial para guiar o Brasil na liderança dessa transformação”, complementou Prates.
O Seminário contou com a participação de autoridades, especialistas e representantes da indústria, que discutiram temas fundamentais para o desenvolvimento do país, como o papel do hidrogênio verde para a descarbonização da indústria, além dos desafios e oportunidades da neoindustrialização.