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Pouso suave

Fed diz que ciclo de aperto terminará quando inflação estiver em queda

Austan Goolsbee demonstrou otimismo com o progresso no combate à inflação, destacando que os preços “tiveram uma das quedas mais rápidas da história” nos últimos meses.

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07 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Fed diz que ciclo de aperto terminará quando inflação estiver em queda
Austin Goolsbee, presidente do FED de Chicago.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que o ciclo de aperto monetário americano terminará quando a inflação estiver em queda sustentada. Em entrevista à CNBC, Goolsbee demonstrou otimismo com o progresso no combate à inflação, destacando que os preços “tiveram uma das quedas mais rápidas da história” nos últimos meses.

O dirigente defendeu que ainda é possível conquistar um “pouso suave” nos Estados Unidos, sem um grande ponto de inflexão, como queda brusca da inflação ou uma recessão econômica.

Ele destacou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) segue muito acima da tendência, mas que há uma desaceleração necessária do mercado de trabalho. “Atividade econômica está enfraquecendo e precisa enfraquecer para reduzir a inflação à meta de 2%”, pontuou, frisando que o objetivo primário do Fed é a estabilidade dos preços.

Sobre o nível elevado dos rendimentos na ponta longa dos Treasuries, Goolsbee alertou que não há como associar o movimento a um aperto das condições financeiras, devido à volatilidade dos títulos.

“Precisamos olhar além de variações de curto prazo de qualquer dado. Se juros longos dos Treasuries continuarem elevados por muito tempo, significaria um aperto das condições financeiras e vamos considerar este fato. Contudo, isso não necessariamente substitui o aperto da política monetária”, argumentou.

Ele comentou também que existem discordâncias sobre os catalisadores da recente escalada dos Treasuries longos e que o BC americano está monitorando as condições do mercado de títulos. Goolsbee vota nas decisões monetárias do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) deste ano.

O vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michael Barr, comentou que a instituição ainda tem “trabalho a fazer para reduzir inflação à meta de 2%”. Segundo o dirigente, a inflação dos Estados Unidos segue demasiadamente elevada.

“Estamos fazendo progresso, mas ainda há trabalho a fazer. Precisamos de estabilidade de preços para garantir estabilidade do sistema financeiro”, afirmou.

Segundo pesquisa trimestral do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, divulgada na terça-feira, as dívidas agregadas das famílias nos Estados Unidos cresceram US$ 228 bilhões no terceiro trimestre e totalizaram US$ 17,29 trilhões. O resultado representa um aumento de US$ 3,1 trilhões em relação ao período imediatamente anterior à pandemia de covid-19.

A taxas de inadimplência avançou para 3,0% no final de setembro, uma alta de 0,4 ponto porcentual ante julho.  De acordo com o estudo, o movimento foi generalizado em todos os tipos de produtos, com exceção de empréstimos estudantis.

O Fed de Nova York estima que as dívidas de hipotecas subiram US$ 126 bilhões no período, a US$ 12,14 trilhões, enquanto as de cartões de créditos aumentaram US$ 48 bilhões, para US$ 1,08 trilhão.

A diretora do Federal Reserve, Michelle Bowman disse ter apoiado à decisão de manter juros estáveis na semana passada, mas indicou estar disposta a apoiar um novo aumento à frente, sobretudo se os progressos em direção à estabilidade de preços travarem. “Retornar a inflação para o objetivo do Fomc é necessário para assegurar um mercado de trabalho sustentadamente forte e uma economia que funciona para todo mundo”, afirmou.

A dirigente ponderou que não vê a política monetária em um curso pré-definido e reiterou que as decisões serão tomadas individualmente a cada reunião.

Segundo ela, os juros parecem estar restritivos, em um movimento que apertou as condições financeiras, como manifestado pela escalada dos rendimentos dos Treasuries longos.

“Ainda não conhecemos os efeitos de condições financeiras mais restritivas sobre a atividade econômica e a inflação”, comentou ela, que enxerga um ambiente de elevadas incertezas econômicas, diante de riscos geopolíticos e surpresas positivas em dados.