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Ganhos moderados

Fed decide manter taxas dos Fed Funds em 5,25% a 5,50% ao ano

O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,4%, decisão que entra em vigor a partir de quinta-feira, e a taxa de desconto ficou inalterada em 5,50% ao ano.

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01 de novembro de 2023
Vinicius Palermo
Fed decide manter taxas dos Fed Funds em 5,25% a 5,50% ao ano
O presidente do FED, Jerome Powell.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) manteve a taxa dos Fed Funds em 5,25% a 5,50% ao ano, em comunicado divulgado na quarta-feira, 1 º. A decisão foi unânime e está em linha com as expectativas do mercado.

O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,4%, decisão que entra em vigor a partir de quinta-feira, e a taxa de desconto ficou inalterada em 5,50% ao ano.

O comunicado do Federal Reserve trouxe poucas mudanças, em comparação com o anterior, mas destaca aperto também “nas condições financeiras”, e não apenas no crédito, como já constava no anterior e que foi agora mantido.

As demais alterações estão no início do comunicado. Os dirigentes do Fed destacam agora que a atividade se expande em ritmo “forte no terceiro trimestre”, quando o texto anterior falava em ritmo “sólido”, sem especificar o período.

O comunicado de quarta-feira também avalia que os ganhos no emprego têm sido “moderado desde o início do ano”, mas seguem fortes, enquanto o comunicado anterior falava em desaceleração no ritmo da criação de vagas em meses recentes.

Dados recentes sugerem que a atividade econômica dos Estados Unidos se expandiu em ritmo forte no terceiro trimestre. A taxa de emprego permaneceu baixa e a inflação continua elevada, observou o banco central dos EUA.

Os ganhos de emprego ficaram mais moderados desde o início do ano, mas continuam fortes, descreve também a instituição. Já o sistema bancário norte-americano continua resiliente e seguro, na visão dos dirigentes do Fed.

Condições financeiras e de crédito mais apertadas para famílias e emprego deverão pesar sobre inflação, atividade e contratações.  A extensão desses efeitos continua incerta. O Comitê ressalta que está “altamente atento a riscos inflacionários”.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que a autoridade monetária vai atuar “com cautela” frente às incertezas atuais e considerando o quanto os juros já foram elevados no país. O efeito total do aperto monetário já adotado ainda será sentido.

“A orientação da política é restritiva, o que significa que exerce pressão na economia e na inflação e os efeitos totais do aperto ainda não foram sentidos”, disse Powell, em coletiva de imprensa, no período da tarde, após o Fed anunciar a decisão de manter novamente os juros estáveis.

Em linha com as expectativas de Wall Street, o presidente do Fed disse que o BC dos EUA vai agir com cautela. “Dado o quão longe chegamos e, considerando, as incertezas e os riscos que enfrentamos, agiremos com cautela”, afirmou Powell.

O presidente do Federal Reserve afirmou ainda que a autoridade compreende os problemas causados pela elevada inflação. A estabilidade de preços é fundamental, defendeu.

“Reconhecemos os problemas causados pela inflação elevada e continuamos fortemente empenhados em reduzir a inflação para o nosso objetivo de 2% ao ano”, disse Powell.

Ele lembrou que a estabilidade de preços é responsabilidade do Fed. “Sem estabilidade de preços, a economia não funciona para ninguém. Em particular, sem estabilidade de preços, não alcançaremos um período sustentado de fortes condições no mercado de trabalho que beneficiem a todos”, disse, mencionando o aperto monetário conduzido desde o ano passado.

O presidente do Federal Reserve reconheceu a melhora da inflação nos Estados Unidos, mas disse que ainda tem um “longo caminho” a ser percorrido para atingir um “controle sustentável” do indicador. O Fed está atento aos riscos e sabe das dificuldades que a inflação elevada impõe, disse.

De acordo com Powell, alguns meses de bons dados são “apenas o começo” do que será necessário para criar confiança de que a inflação está se reduzindo de forma sustentável em direção à meta, de 2% ao ano. “O processo de redução sustentável da inflação para 2% ainda tem um longo caminho a percorrer”, avaliou.

Powell afirmou ainda que, apesar da inflação elevada, as expectativas de mais longo prazo parecem permanecer “bem ancoradas”. Ele disse ainda que o Fed vai manter uma política monetária restritiva até ter confiança em relação à trajetória do custo de vida nos EUA.

“Estamos muito atentos aos riscos que uma inflação elevada representa. Estamos fortemente empenhados em fazer com que a inflação regresse ao nosso objetivo de 2%”, afirmou Powell. “Uma orientação restritiva da política monetária está a exercer pressão sobre a atividade econômica e a inflação”, acrescentou.

O presidente do Federal Reserve avaliou ainda que o mercado de trabalho nos Estados Unidos ainda está robusto, mas que a oferta e a demanda dão sinais de ajustes nos EUA.

“O mercado de trabalho permanece restritivo, mas as condições de oferta e procura continuaram a apresentar um melhor equilíbrio nos últimos meses”, disse ele. Segundo Powell, a criação de vagas nos EUA tem sido acompanhada por um avanço na força de trabalho.

Ele observou que a taxa de participação na força de trabalho aumentou desde o fim do ano passado, especialmente entre pessoas de 25 a 54 anos. O crescimento dos salários nominais mostrou sinais de abrandamento e as ofertas de emprego diminuíram até o momento.

“Embora a disparidade entre empregos e trabalhadores tenha diminuído, a procura de trabalho ainda excede a oferta de trabalhadores disponíveis”, avaliou Powell.

O Fed está atento à resiliência do crescimento econômico e do mercado de trabalho e entende que ainda não atingiu a postura ideal no processo de aperto monetário, conforme ele.

“Evidências de que o crescimento está persistentemente acima do potencial ou que o mercado de trabalho já não está mais tão restritivo podem colocar em risco melhoras adicionais da inflação”, explicou Powell. “E poderá justificar um maior aperto da política monetária”, alertou Powell.