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Presidente da Assembleia-Geral da ONU pede cessar-fogo humanitário imediato no Oriente Médio

O presidente da 78ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (AGNU), Dennis Francis, defendeu um cessar-fogo humanitário imediato e a libertação de reféns no Oriente Médio.

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26 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Presidente da Assembleia-Geral da ONU pede cessar-fogo humanitário imediato no Oriente Médio
O presidente da Assembleia Geral da ONU, Dennis Francis.

O presidente da 78ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (AGNU), Dennis Francis, defendeu um cessar-fogo humanitário imediato e a libertação de reféns no Oriente Médio. Ao abrir a reunião do órgão na quinta-feira, 26, ele pediu ainda que os países não inflamem mais a divisão e a vingança incitadas pela guerra na região.

“Peço aos membros a aproveitar a sessão de hoje (quinta) para não atiçar ainda mais as chamas da divisão e da vingança. Em vez disso, aproveitemos a oportunidade para unificar o nosso propósito e as nossas ações para salvar vidas e acabar com a violência”, disse Francis, em suas palavras iniciais.

A Assembleia Geral da ONU se reuniu na quinta-feira em sessão especial de emergência para debater a situação entre Israel e o grupo Hamas. Cerca de uma centena de países estão inscritos para discursar.
O encontro foi pedido por países, em especial de origem árabe, em meio ao fracasso e ao impasse no Conselho de Segurança da ONU, que não conseguiu avançar em uma resolução sobre a guerra.

Até o momento, quatro propostas já foram votadas, mas sem sucesso. Agora, o Brasil lidera uma nova tentativa para avançar com uma resolução junto aos membros eleitos do Colegiado, os chamados E10.

Francis condenou os ataques do Hamas a Israel, em 7 de outubro. “A brutalidade dos ataques do Hamas é chocante e inaceitável, e não tem lugar, repito, não tem lugar no nosso mundo”, disse. “Da mesma forma, condeno e rejeito o ataque indiscriminado a civis inocentes na Faixa de Gaza e a escala de destruição de essenciais infraestruturas por parte de Israel”, emendou.

As falas de Francis ocorrem em meio à crise entre Israel e a ONU. Durante reunião do Conselho de Segurança nesta semana, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, condenou os ataques do Hamas, mas disse que eles não aconteceram no “vácuo” e que o povo palestino foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante. Seu discurso irritou a diplomacia israelense que pediu a sua imediata demissão.

De acordo com o presidente da AGNU, diante da atual conjuntura no Oriente Médio, o caminho mais imediato é claro: “A violência tem de cessar e há de se evitar mais derramamento de sangue”, alertou. Ele defendeu a imediata libertação incondicional de todos os reféns, de um cessar-fogo humanitário e da abertura de corredores de assistência sanitária e de socorro.

Francis pediu que todas as partes devem respeitar o direito humanitário internacional e criar imediatamente as condições necessárias para permitir a abertura de um corredor humanitário para a Faixa de Gaza. Urgiu ainda os dois lados, sendo Estado ou não, ou seja, tanto Israel quanto o grupo Hamas, a deixarem de lado as animosidades e preservarem vidas. Demonstrou apoio a qualquer iniciativa que coloque um fim à violência que se estende no Oriente Médio desde o dia 7 de outubro.

O primeiro vice-ministro de Relações Exteriores de Cuba, Gerardo Peñalver, criticou o uso do poder de veto dos Estados Unidos para paralisar o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). Na semana passada, os norte-americanos foram os únicos a votar contra a resolução proposta pelo Brasil, na presidência do Colegiado no mês de outubro, sobre a situação no Oriente Médio.

“Exigimos ao governo dos Estados Unidos que não continue a paralisar o Conselho de Segurança usando o poder de veto antidemocrático e obsoleto para proteger as potências ocupantes”, disse Peñalver, durante sessão especial de emergência da Assembleia-Geral das Nações Unidas (AGNU), na quinta-feira.

Na semana passada, a proposta de resolução sugerida pelo Brasil, que preside o Conselho de Segurança no mês de outubro, teve 12 votos a favor de um total de 15, com apoio de sobra para ser adotada. No entanto, os EUA usaram o poder de veto como membro permanente do órgão e foram contrários ao texto, alegando a ausência da autodefesa de Israel, o que inviabilizou a sua aprovação. Além dele, Rússia, China, França e Reino Unido também têm o mesmo direito.

“É hora de o Conselho de Segurança cumprir as suas funções e defender as suas próprias resoluções envolvendo a Palestina”, disse o cubano, em reunião da Assembleia-Geral, na quinta-feira. Ele condenou a ocupação de Israel no território palestino e disse que é urgente a coordenação da ajuda humanitária de emergência das Nações Unidas diante da “situação catastrófica” em Gaza.