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Força-tarefa buscará asfixiar poder econômico de milicianos no Rio

O objetivo é asfixiar financeiramente esses grupos, que mantêm controle sobre mais de 20% da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

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25 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Força-tarefa buscará asfixiar poder econômico de milicianos no Rio
Entrevista coletiva do governador Cláudio Castro com o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli para falar sobre as investigações das mortes dos três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca. Foto: Rafael Campos

O governo do estado do Rio de Janeiro e o Ministério da Justiça e Segurança Pública iniciaram um trabalho conjunto para investigar a lavagem de dinheiro de organizações criminosas que atuam no território fluminense, como as milícias que promoveram atentados na zona oeste do Rio nesta semana e facções do tráfico. O objetivo é asfixiar financeiramente esses grupos, que mantêm controle sobre mais de 20% da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 

O secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, explica que a prisão de líderes não é o suficiente para impactar essas organizações, que lucram com diversas atividades ilegais, o que inclui a cobrança de taxas a moradores e até mesmo o controle de serviços básicos como água e luz elétrica.

“É importante prender líderes de organizações criminosas? Claro que sim. Isso resolve o problema? Claro que não. Precisamos quebrar a espinha dorsal do crime, asfixiando as estruturas financeiras e reduzindo o seu potencial ofensivo. É nisso que estamos trabalhando. Todos os dias”, disse o secretário, por meio da rede social X.

O grupo de trabalho terá participação de representantes de instituições de segurança e controle financeiro, como a Fazenda Estadual, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a Secretaria Nacional de Segurança Pública, entre outros. O trabalho será coordenado pela Casa Civil do governo do Rio. Interceptar a lavagem de dinheiro desses grupos é considerado ponto importantíssimo pelo governador, Cláudio Castro.

“Na semana que vem, esse grupo de trabalho já deve estar instituído, começando a funcionar e dando continuidade a um trabalho que já vinha sendo desenvolvido. Queremos dar um resultado perene, que funcione, que asfixie essas máfias e permita dar uma vida melhor para nosso povo”, disse Castro.

Uma operação da Polícia Civil, que terminou com a morte de um dos líderes de uma milícia da zona oeste do Rio, acabou por evidenciar o poderio desses grupos, que promoveram uma onda de atentados na última segunda-feira (23), incendiando 35 ônibus e um trem em sete bairros diferentes. 

Mesmo no dia seguinte aos ataques, mais de 7 mil pacientes ficaram sem atendimento médico por causa do fechamento de unidades de saúde e mais de 10 mil alunos de escolas municipais não tiveram aulas.

Na terça-feira (24), o líder de um grupo miliciano rival foi preso. Segundo Castro, foi um “golpe duro” na milícia, porque o criminoso era operador financeiro do grupo que atua em Ramos, na zona norte da cidade.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), disse não ver necessidade de intervenção federal no Estado diante dos ataques de milicianos nos últimos dias. O prefeito disse ser a favor do reforço que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou às Forças Armadas nos portos e aeroportos da cidade, mas pontuou ser insuficiente para combater o crime.

“Não acho que haja necessidade de intervenção federal. Acho que há necessidade de muita parceria”, disse o prefeito em coletiva a jornalistas na quarta-feira, 25. “O governo federal precisa oferecer parceria, e na minha opinião, essencialmente uma parceria com as forças da Polícia Federal, muita inteligência, muito controle sobre agentes públicos, políticos e policiais que tem desvio de conduta.”

Na terça-feira, 24, Lula afirmou que pedirá para as Forças Armadas reforçarem atuação em portos e aeroportos para combater o crime organizado e o tráfico de armas no Rio de Janeiro. “Não queremos pirotecnia. Não queremos fazer uma intervenção como já foi feito e não deu em nada. Não queremos tirar a autoridade do governador do Rio”, afirmou o chefe do Executivo.

“Eu não defendo intervenção (federal), não acho que tenha que ter isso, mas eu acho que a gente precisa das forças federais, principalmente a PF, assumindo papel de protagonismo na política de segurança pública do Rio de Janeiro”, comentou o prefeito.

Paes pontuou que sua atuação como prefeito no debate da segurança pública é limitado, mas que irá agir em parceria com o governador do Estado. “Acho muito importante essa parceria com o governo federal, mas nós precisamos entender que a situação no Rio é muito grave e não podemos minimizar o que está lá acontecendo”, declarou.

“Não dá para fazer uma ação, outra acolá. E principalmente não pode politizar as forças de segurança pública. A gente precisa de muita Polícia Federal ajudando a polícia do Rio a cumprir sua organização.”