Economia
Inflação de custos

Demanda de petróleo, carvão e gás natural deve atingir pico até 2030

A avaliação é da Agência Internacional de Energia (AIE), em seu novo relatório de perspectivas para a energia global, divulgado na terça-feira.

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24 de outubro de 2023
Vinicius Palermo
Demanda de petróleo, carvão e gás natural deve atingir pico até 2030
De acordo com a agência, a energia limpa é o aspecto mais dinâmico do investimento energético global em todos os cenários

A demanda das três categorias de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) deverão atingir um pico até 2030, avalia a Agência Internacional de Energia (AIE), em seu novo relatório de perspectivas para a energia global, divulgado na terça-feira, 24. “Juntamente com a implantação de alternativas de baixas emissões, o ritmo a que novos ativos que utilizam combustíveis fósseis estão sendo ao sistema energético abrandou”.

Segundo o documento, entretanto, ainda sim os projetos de energia limpa enfrentam “obstáculos” nos mercados devido à inflação dos custos, gargalos na cadeia de oferta e custos de financiamento mais elevados. De acordo com a análise, o fim da era de crescimento dos combustíveis fósseis não significa o fim do investimento, “mas enfraquece a justificação para qualquer aumento nas despesas”.

Para suas previsões, a AIE projeta três cenários: o de Políticas Declaradas (STEPS), que fornece perspectiva baseada nas configurações políticas mais recentes; o de Promessas Anunciadas (APS), que pressupõe que todas as metas nacionais em matéria de energia e clima definidas pelos governos sejam cumpridas na íntegra e dentro do prazo; e o de Emissões Líquidas Zero até 2050 (NZE), que limita o aquecimento global a 1,5 grau celsius.

De acordo com a agência, a energia limpa é o aspecto mais dinâmico do investimento energético global em todos os cenários, visto que a previsão é que haja um crescimento desse tipo de energia devido aos estímulos políticos e de mercado. “Em todas as projeções, a dinâmica por trás da economia de energia limpa é suficiente para produzir um pico na procura de carvão, petróleo e gás natural nesta década, embora as taxas de declínio pós o pico variem amplamente”.

Porém, a AIE destaca que o corte de gastos com petróleo e gás não colocará o mundo no caminho certo para o Cenário NZE: “a chave para uma transição ordenada é aumentar o investimento em todos os aspectos de um sistema de energia limpa”.

Ainda, o relatório destaca que a volatilidade nos mercados energéticos destacou a importância de um “fornecimento acessível, fiável e resiliente”, principalmente nas economias em desenvolvimento, mais sensíveis aos preços. “Os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento são responsáveis por quase 80% do crescimento global da procura de eletricidade no cenário de Políticas Declaradas, e por mais de dois terços nos outros cenários”.

A AIE avalia que as pressões imediatas da crise global de energia diminuíram, mas a instabilidade no Oriente Médio poderá levar a novas perturbações nos mercados e preços da energia.
“A continuação dos combates na Ucrânia, mais de um ano após a invasão da Rússia, é agora acompanhada pelo risco de um conflito prolongado no Oriente Médio. O clima macroeconômico é pessimista, com uma inflação persistente, custos de financiamento mais elevados e níveis de dívida elevados”, indica a instituição.

O relatório também avalia que a China tem um grande papel na definição das tendências energéticas, visto que nos últimos dez anos, o país foi responsável por dois terços do aumento da utilização mundial de petróleo e de quase um terço da alta do gás natural. “Mas é amplamente reconhecido, inclusive pela liderança do país, que a economia da China está a atingir um ponto de inflexão. Depois de uma construção muito rápida da infraestrutura física do país, o espaço para novas adições está diminuindo”.