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Fed deve manter os juros em níveis altos por mais tempo

O Fed provavelmente precisará elevar suas taxas de juros um pouco mais e mantê-las em níveis elevados por um período mais longo.

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26 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Fed deve manter os juros em níveis altos por mais tempo
Neel Kashkari, presidente e CEO do FED de Minneapolis.

O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em Minneapolis, Neel Kashkari, disse que, diante da surpreendente firmeza da economia americana, o Fed provavelmente precisará elevar suas taxas de juros um pouco mais e mantê-las em níveis elevados por um período mais longo para trazer a inflação de volta à meta oficial de 2%.

“Se a economia estiver fundamentalmente muito mais forte do que imaginávamos…isso me diria que as taxas provavelmente terão de subir um pouco mais e, em seguida, ser mantidas altas por mais tempo para esfriar as coisas,” disse Kashkari, que é membro votante do Fed este ano, durante evento na Wharton School of Business.

Na semana passada, o Fed manteve seus juros principais na atual faixa de 5,25% a 5,50%, mas também sinalizou um possível novo aumento antes do fim do ano.

Kashkari estima 60% de chance do BC norte-americano alcançar um ‘pouso suave’ após mais uma elevação potencial de 25 pontos-base nos juros e a manutenção das taxas por tempo suficiente para levar inflação à meta de 2% ao ano. Kashkari tem direito a voto nas reuniões de política monetária do Fed deste ano.

“Fizemos progresso substancial na redução da inflação enquanto se manteve um mercado de trabalho saudável”, afirmou ele em artigo publicado no site do Fed.

Em contrapartida, Kashkari calcula 40% de probabilidade de a inflação subjacente se mostrar mais entrincheirada que o esperado, chegando a 3% em vez de 2%. Nessa situação hipotética, o dirigente disse que o Fed elevaria ainda mais as taxas, “potencialmente indo significativamente mais alto para empurrar a inflação à meta”.

“O argumento que sustenta esse cenário é que a maior parte dos ganhos desinflacionários que observamos até hoje foram devidos a fatores do lado da oferta, como a reentrada dos trabalhadores na força de trabalho e a resolução das cadeias de suprimento, em vez de a política monetária conter a demanda”, comentou, acrescentando que a inflação de serviços também tem sido persistente e continua alta em relação aos níveis pré-pandemia.

Ele afirmou ainda que estaria mais confiante no cenário de pouso suave se tivesse mais certeza de que a política está verdadeiramente em nível restrito em relação à neutralidade hoje.

Para Kashkari, existe a possibilidade de que a taxa neutra de juros tenha subido em comparação com antes da pandemia. “A boa notícia é que não precisamos tomar essa decisão agora. Podemos observar o progresso real na redução da inflação ao longo dos próximos meses para determinar qual cenário é o dominante”, concluiu.

A pesquisa de profissionais das previsões conduzida pelo Federal Reserve de St. Louis mostra uma chance de 34,4% de contração econômica nos Estados Unidos no quarto trimestre. Em texto no blog da instituição, Jeremy Majerovitz, economista-associado do Fed de St. Louis, comenta sobre as previsões e sua acurácia, e afirma que elas são úteis para se saber sobre a probabilidade de uma recessão, mas ainda carregam uma parcela de incerteza, sobretudo em horizontes mais longos.

Majerovitz mostra que a precisão das previsões de recessão cai bastante, conforme avança o período de tempo analisado, aproximando-se de zero em um intervalo de quatro trimestres.

Ele elaborou gráfico sobre o tema a partir da própria pesquisa do Fed de St. Louis e dos dados oficiais dos EUA.

De qualquer modo, Majerovitz comenta que as projeções trazem informações úteis sobre o futuro da economia. “Mas fazer previsões sobre o futuro é duro, especialmente sobre o futuro (distante). Mesmo que as previsões possam ajudar, temos de conviver com incerteza significativa sobre as condições econômicas futuras”, argumenta.