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Bolsas da Europa fecham em queda, com o aumento dos riscos na China

As preocupações sobre a fragilidade da economia da China e juros globais elevados por mais tempo ditaram o clima negativo nas bolsas da Europa desde a abertura.

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25 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Bolsas da Europa fecham em queda, com o aumento dos riscos na China
Situação na China impacta nas bolsas europeias.

As bolsas da Europa fecharam em queda na segunda-feira, 25, após novos estresses no setor imobiliário da China injetarem cautela nos mercados globais, ampliada ainda pela escalada global de rendimentos de títulos soberanos e do dólar no exterior.

Investidores europeus também acompanharam novo dado apontando enfraquecimento da economia da Alemanha e falas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE), incluindo a presidente Christine Lagarde, reforçando a necessidade de juros restritivos por mais tempo.

As preocupações sobre a fragilidade da economia da China e juros globais elevados por mais tempo ditaram o clima negativo nas bolsas da Europa desde a abertura.

Chefe de Dinheiro e Mercados da Hargreaves Lansdown, Susannah Streeter avalia que este cenário pesou especialmente sobre empresas ligadas a commodities, firmando a Bolsa de Londres no vermelho. No fechamento, o FTSE 100 caía 0,78%, a 7.623,99 pontos, em Londres.

Os temores sobre a China ressurgiram neste final de semana, em face de novos problemas no setor imobiliário. No domingo, a Evergrande comunicou que está impossibilitada de emitir novos títulos, devido a uma investigação da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários chinesa sobre sua subsidiária Hengda Real Estate. Ainda, a China Oceanwide Holdings, outra incorporadora tida como sistemicamente importante, anunciou suspensão das suas negociações na Bolsa de Hong Kong, após tribunal judicial das Bahamas determinar a liquidação das suas operações.

Já a alta nos rendimentos dos títulos públicos teve como base a expectativa de juros restritivos em algumas das principais economias do globo. Em especial, o rendimento do Bund alemão de 10 anos alcançou nível mais alto desde julho de 2011, na máxima intraday a 2,783%, segundo a CNBC, apoiado também pela fraqueza no índice de sentimento das empresas da Alemanha, medido pelo instituto Ifo, que caiu a 85,7 em setembro.

Além disso, dirigentes do BCE reforçaram na segunda-feira que os próprios juros da zona do euro devem permanecer restritivos por tempo prolongado. Em testemunho ao Parlamento Europeu, Lagarde afirmou que os dirigentes nunca discutiram redução dos juros e que estes devem seguir elevados pelo tempo necessário até a inflação atingir a meta. Neste sentido, o dirigente Pablo Hernández de Cos defendeu que manter os juros em nível restritivo é essencial para evitar um aperto excessivo ou insuficiente da política monetária, ambos com possíveis reações negativas para a economia europeia.

Ainda nos destaques desta sessão, a ação da Air France-KLM caía 3,65% em Paris, em meio a notícias de que a empresa pediu cerca de 50 aviões do modelo A350s, produzido pela Airbus (-0,74%), segundo reportagem do La Tribune. No fechamento, o CAC40 recuava 0,85%, a 7.123,88 pontos.

Entre outros índices, o DAX fechou em queda de 0,98%, a 15 405,49 pontos, em Frankfurt; o FTSE MIB caía 0,68%, a 28.382,19 pontos, em Milão; o IBEX 35 baixava 1,22%, a 9.386,00 pontos, em Madri; e o PSI 20 recuava 0,79%, a 6.119,62 pontos, em Lisboa.

As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam sem direção única na segunda-feira, 25, com algumas delas influenciadas pelo fraco desempenho recente de Wall Street e preocupações renovadas com o combalido setor imobiliário chinês.

Liderando as perdas na Ásia, o índice Hang Seng teve queda de 1,82% em Hong Kong, a 17.729,29 pontos, pressionado em especial por ações de imobiliárias. Apenas a da China Evergrande sofreu um tombo de quase 22%, após a incorporadora chinesa anunciar que está impossibilitada de emitir novos títulos devido a uma investigação sobre uma de suas afiliadas, em um desdobramento que compromete seus planos de reestruturar o equivalente a mais de US$ 300 bilhões em dívidas.

Em outras partes da região asiática, o japonês Nikkei subiu 0,85% em Tóquio, a 32.678,62 pontos, ajudado por ganhos de empresas de eletrônicos e tecnologia, em um momento de alívio em temores sobre um possível aperto na política monetária do Japão, enquanto o sul-coreano Kospi caiu 0,49% em Seul, a 2.495,76 pontos, no terceiro pregão seguido de perdas, e o Taiex avançou 0,66% em Taiwan, a 16.452,23 pontos.

Na China continental, o dia foi negativo, também com perdas de imobiliárias e do setor financeiro: o Xangai Composto recuou 0,54%, a 3.115,61 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto registrou baixa de 0,47%, a 1.904,57 pontos.

O comportamento misto na Ásia veio também após as bolsas de Nova York acumularem perdas pelo quarto pregão consecutivo na sexta-feira, em meio à perspectiva de que os juros nos EUA permaneçam em níveis elevados por mais tempo do que se imaginava.

Na Oceania, a bolsa australiana garantiu leve alta na segunda-feira, à medida que ganhos em ações de tecnologia e consumo se sobrepuseram à fraqueza de papéis financeiros e de mineradoras. O S&P/ASX 200 avançou 0,11% em Sydney, a 7.076,50 pontos.