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Rússia realiza ataque contra Odessa e danifica estrutura portuária

A Rússia tem mirado continuamente instalações portuárias e de armazenamento de grãos em Odessa desde que se retirou do acordo

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25 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Rússia realiza ataque contra Odessa e danifica estrutura portuária
Os ataques contínuos destruíram silos, armazéns, terminais de petróleo e outras infraestruturas cruciais para o armazenamento e transporte de grãos.

A Rússia realizou um ataque de drone e míssil na região de Odessa, causando danos à infraestrutura portuária, a um silo de grãos e a um hotel abandonado, além de ferir uma pessoa, conforme relataram autoridades ucranianas na segunda-feira, 25.

A Força Aérea da Ucrânia afirmou ter derrubado todos os drones russos durante a noite, mas um dos 12 mísseis Kalibr e dois mísseis P-800 Oniks conseguiram passar pelas defesas aéreas no 20º mês da guerra entre os países.

A Rússia tem mirado continuamente instalações portuárias e de armazenamento de grãos em Odessa desde que se retirou do acordo que permitia a exportação de grãos ucranianos para países ameaçados pela fome.

Os ataques contínuos destruíram silos, armazéns, terminais de petróleo e outras infraestruturas cruciais para o armazenamento e transporte de grãos.

A Ucrânia embarcou 20,6 mil toneladas de trigo na semana passada pelo corredor humanitário no Mar Negro, implementado no mês passado, informou nas redes sociais o vice-primeiro-ministro de Restauração e ministro da Infraestrutura, Oleksandr Kubrakov. Na sexta-feira, 22, o navio Aroyat deixou o porto de Chornomorsk com 17,6 mil toneladas do cereal ucraniano para o Egito.

Na terça, três mil toneladas do produto já tinham deixado o país com destino à Ásia, com a embarcação Resilient Africa testando a rota.

O ministro informou, ainda, que três navios chegaram na sexta aos portos de Chornomorsk e Pivdenij para transportar 127 mil toneladas de produtos agrícolas e minério de ferro para China, Egito e Espanha.

As cinco embarcações são as primeiras a utilizarem a nova rota alternativa. Antes disso, o corredor tinha sido utilizado para liberar navios presos nos portos de Odessa em virtude dos ataques russos desde o início da guerra, disse Kubrakov.

A Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a Ucrânia revelou na segunda-feira que os métodos de tortura usados ​​em áreas do país pela Rússia foram “tão brutais que levaram à morte de algumas das suas vítimas”.

No Conselho de Direitos Humanos, o presidente da comissão, Erik Mose, disse que mais de 10 visitas ao território ucraniano recolheram amostras de “uso generalizado e sistemático” da tortura pelas Forças Armadas russas em regiões sob o seu controle.

Na apresentação feita em Genebra, o especialista disse haver provas de contínuos crimes de guerra cometidos pelas Forças Armadas russas na Ucrânia. 

Mose mencionou atos incluindo ataques ilegais com armas explosivas, agressões que ferem civis, tortura, violência sexual e baseada no gênero e ataques a infraestruturas energéticas, para os quais será necessário clarificar como estas questões se enquadram nos crimes de guerra.

A comissária Vrinda Grover destacou que houve atos podem ser considerados crimes contra a humanidade, observando casos ocorridos no último mês em lugares onde que não havia presença militar nem sequer na vizinhança.

Ela explicou que foram ataques com explosivos contra locais como edifícios residenciais, estações de metrô, áreas médicas, restaurantes, lojas e casas comerciais. 

Até o princípio de setembro, a comissão esteve em áreas antes controladas pelas forças russas, como Kherson e Zaporizhzhia. Nessas regiões, os atos foram cometidos principalmente em centros de detenção geridos pelas autoridades russas.

O documento indica que na região de Kherson, houve casos de soldados russos que “violaram e cometeram violência sexual contra mulheres com idades compreendidas entre os 19 e os 83 anos”. Membros das famílias foram mantidos em sala próxima e eram forçados a ouvir quando as violações aconteciam.

A respeito dos efeitos do conflito sobre as crianças, a comissão disse continuar a investigar situações individuais de alegadas transferências de menores não acompanhados para a Rússia. O desafio é a “falta de clareza e transparência sobre a extensão, as circunstâncias e as categorias de crianças” envolvidas.

O documento revela inquietação dos especialistas com alegações de genocídio na Ucrânia. Um dos exemplos é a “retórica transmitida pelo Estado russo e por outros meios de comunicação social, que pode equivaler ao incitamento ao genocídio para a qual diz prosseguir suas investigações”. 

A comissão disse estar profundamente apreensiva com a dimensão e a gravidade das violações cometidas na Ucrânia pelas Forças Armadas russas e pede a responsabilização dos autores. 

Os especialistas também defendem que é preciso que as autoridades ucranianas investiguem de forma “rápida e exaustiva” algumas ocorrências de violações cometidas pelas próprias forças.