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Invasão injustificável

Lagarde diz que guerra é um doloroso lembrete da dependência da Europa em energia

“Fortalecer a segurança energética é agora prioridade, e isso exige diversificar importações de energia, bem como investir mais em tecnologias renováveis”, acrescentou Lagarde.

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22 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Lagarde diz que guerra é um doloroso lembrete da dependência da Europa em energia
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, não tratou de política monetária na quinta-feira, 21. Ela falou em evento em Marselha, com discurso intitulado “Situação geopolítica no Mediterrâneo”. Lagarde comentou a “invasão injustificável da Rússia na Ucrânia” e notou que o fato reforçou o comércio entre aliados geopolíticos, em comparação a rivais. Além disso, considerou o conflito “um doloroso lembrete” da dependência da Europa no setor de energia.

“Fortalecer a segurança energética é agora prioridade, e isso exige diversificar importações de energia, bem como investir mais em tecnologias renováveis”, acrescentou Lagarde.

A presidente do BCE lembrou de desafios no clima, e disse que todos os países da região do Mediterrâneo assinaram o Acordo de Paris. Segundo ela, é preciso acelerar a transição de fontes de energia poluentes para as limpas.

Lagarde defendeu que a transição energética seja “fortemente vinculada” ao desenvolvimento de energia limpa pelo Mediterrâneo, e lembrou que a região tem potencial considerável em energia solar e eólica, bem como do hidrogênio.

Na quarta-feira à noite, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a reunião com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, foi a que a “devia e precisava acontecer”. Foi a primeira vez que ambos se encontraram pessoalmente após uma tentativa frustrada durante o G7, grupo dos mais ricos, em Hiroshima, no Japão. Lula disse que ouviu o que o ucraniano tinha a dizer e que defendeu a ele a necessidade de se construir a Paz e uma mesa de negociação para encerrar a guerra no país.

“Eu disse para ele a necessidade de encontrar um grupo de países amigos que pudesse fazer uma proposta nem de um nem de outro, dos dois que estão em guerra. E disse que a negociação em uma mesa sai muito mais barato que uma guerra, não tem vítima, não tem morte e não tem tiro”, disse Lula, a jornalistas, de saída do hotel em que estava hospedado em Nova York.

Nesse sentido, o brasileiro disse que sugeriu a construção de uma mesa de negociação para parar com a guerra. Admitiu, contudo, que não é um caminho fácil.

“Eu sei que é difícil tanto para ele quanto para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mas eu acho que esse é o único caminho que vai encontrar uma solução, o caminho do diálogo, da Paz, da conversa”, afirmou o presidente do Brasil. “Ninguém vai ter 100%, ninguém consegue ganhar tudo. Não é apenas a derrota do inimigo. É a construção de uma Paz duradoura para que nunca mais aconteça uma ocupação territorial como fez a Rússia”, disse Lula.

Na sequência, o presidente deixou o hotel que estava hospedado a Nova York, com destino ao Brasil. Ele estava desde sábado, 16, na cidade, para onde veio discursar na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Durante sua passagem por Nova York, além da primeira reunião presencial com Zelensky, outro destaque da agenda foi a bilateral com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com quem também lançou uma iniciativa global para condições de trabalho mais dignas.

O presidente brasileiro recebeu pedido para cerca de 60 reuniões bilaterais às margens da Assembleia-Geral da ONU, sendo 50 vindos de Chefes de Estado e dez de organizações internacionais que o Brasil faz parte. Desde a sua posse, o presidente já esteve com chefes de governo de 55 países diferentes em menos de nove meses.