Economia
Corte de juros

BC deve manter tom do comunicado do Copom

Isso implica o comunicado manter a frase segundo a qual os membros do colegiado anteveem uma sequência de cortes da Selic em 0,50 ponto porcentual.

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19 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
BC deve manter tom do comunicado do Copom
O economista da Garde Asset Magement, Daniel Weeks

O economista da Garde Asset Magement, Daniel Weeks, disse na terça-feira, 19, acreditar que o BC não vai elevar a barra no comunicado que se seguirá ao término da reunião do Copom na quarta-feira no sentido de reduzir a precificação no mercado de uma aceleração do ritmo de corte de juro em dezembro. Isso implica o comunicado manter a frase segundo a qual os membros do colegiado anteveem uma sequência de cortes da Selic em 0,50 ponto porcentual.

“Eu não vejo grandes mudanças. Acho que repetir as condicionantes do jeito que estão é suficiente para ele Copom. Eu acho que vai repetir o comunicado da forma que está”, disse o economista.

O que pode piorar no comunicado, segundo o economista da Garde Asset, são as projeções de inflação do BC. Para Weeks, as metas de inflação do BC vão estar mais longe da meta no horizonte relevante.

“Então eu acho que o que vai dar um sabor pior é essa parte das projeções do BC”, disse Weeks acrescentando que a Garde hoje trabalha com projeções de inflação de 3,7% para o ano que vem e de 3,2% para 2025.

Já o gestor da Opportunity Total, Marcos Mollica, disse achar que o Copom poderia apertar o passo na sua trajetória de cortes da Selic. Segundo ele, o BC parece estar trabalhando para trazer a Selic para um nível próximo de 9%, mas que para chegar a este ponto é muito conservador seguir passos de 0,50 ponto de cortes da taxa de juro a cada reunião.

Mollica, que participou da live “Perspectivas para o Copom”, evento organizado pela Warren Rena, ponderou que está com uma visão mais negativa em relação à atividade econômica porque ela teve um componente forte do agro e que está perdendo o impulso rapidamente. Por isso, de acordo com ele, o PIB do último trimestre deverá ser bem fraco.

Do ponto de vista fiscal, segundo o gestor da Opportunity, apesar de o mercado estar com uma visão negativa para frente, é a variação do déficit que importa para impulso fiscal.

“Apesar da visão pessimista do mercado com o fiscal, a gente está saindo de um déficit e em torno de 1,5%, 2% do PIB este ano para déficit, num cenário bastante pessimista, de 1%. Então tem um impulso fiscal negativo. Mas eu acho que o ponto relevante é que ao caminhar para o final do ano passa-se a ter um horizonte que vai bater em 2025”, disse Mollica.

Ainda, segundo o gestor da Opportunity Total, quando se projeta a inflação para 2025, ela está indo para abaixo da meta. Por isso, que na avaliação dele, o nível de orçamento que o BC está trabalhando, não é uma estratégia ótima, é uma estratégia muito lenta.

“Acho que dá para acelerar e uma vez que você acelere nada está escrito em pedra. Se não der certo pode diminuir o passo mais frente e terminar com uma taxa mais alta”, disse mesmo afirmando que no campo da política fiscal há ainda muitas incertezas.