O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, na terça-feira (5), que os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) não sejam divulgados à população, para evitar “animosidades”. Durante o programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov, Lula afirmou que é preciso respeitar as instituições e que “não cabe ao presidente da República gostar ou não de uma decisão da Suprema Corte”.
“A Suprema Corte decide, a gente cumpre, é assim que é. Eu, aliás, se eu pudesse dar um conselho, seria o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota o ministro da Suprema Corte. Acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber, votou a maioria, cinco a quatro, seis a quatro, três a dois, não precisa ninguém saber”, disse.
“Por que cada um que perde fica emburrado, cada um que ganha fica feliz. Então, pra gente não criar animosidade, eu acho que era preciso começar a pensar se não é o jeito da gente mudar o que está acontecendo no Brasil. Por que do jeito que vai, daqui a pouco o ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua, não pode mais passear com a sua família, porque tem um cara que não gostou de uma decisão dele”, acrescentou o presidente.
Ainda no programa Conversa com o presidente, Lula afirmou que quer acabar com ódio disseminado na política nos últimos anos e que as pessoas precisam se respeitar. “Uma das coisas que eu mais quero é acabar com ódio. Você pode não gostar de mim, não tem problema nenhum, eu não estou pedindo você em casamento. Eu só quero que você seja civilizado, você me respeita, eu lhe respeito”, disse.
O presidente comparou a reforma ministerial a substituições de jogadores feitas por um técnico durante um jogo de futebol. Ele também disse que é difícil comunicar demissões de ministros.
Lula está nas últimas tratativas para abrigar o Centrão dentro do governo. O bloco será representado por Silvio Costa Filho (Republicanos-PE, que deve assumir Portos e Aeroportos) e André Fufuca (PP-MA, que deverá comandar uma versão turbinada do Ministério do Esporte).
O principal entrave à reforma é o que fazer com Márcio França, atual ministro dos Portos e Aeroportos. Ele tem demonstrado resistência a deixar o cargo.
“É sempre muito difícil chamar alguém para dizer ‘olha, eu vou precisar do ministério porque fiz um acordo com um partido político e preciso atender’, mas essa é a política”, declarou o presidente da República.
Ele disse que o governo precisa construir uma maioria de votos no Congresso para aprovar seus projetos prioritários. A partilha de poder por meio da nomeação de ministros é uma das formas de obter apoio dos partidos no Legislativo.
A entrada de PP e Republicanos no governo é negociada há meses. Auxiliares de Lula já deram os anúncios como iminentes diversas vezes no período, mas o presidente vem adiando a decisão. Há a expectativa de que o presidente resolva o caso até quinta-feira, 7, quando embarca para a Índia depois do desfile do Dia da Independência.
O presidente disse ainda que os militares “se apoderaram” do 7 de setembro, e que quer uma comemoração para toda a sociedade. “Como nós tivemos um regime autoritário, a ditadura militar, a verdade é que os militares se apoderaram do 7 de setembro”, declarou o presidente.
“O que nós estamos querendo fazer agora, com participação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, é voltar a fazer um 7 de setembro de todos”, disse o petista.
O Dia da Independência será comemorado em Brasília com um desfile das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios. Lula participa e, depois embarca para a Índia onde participará da reunião do G20.