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Ciclone extratropical no RS faz 4,3 mil saírem de casa

De acordo com o coronel Marcus Vinícius Gonçalves Oliveira, da Defesa Civil do Estado, ao menos 18,5 mil pessoas foram afetadas diretamente pelo ciclone extratropical em todo o Estado.

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05 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Ciclone extratropical no RS faz 4,3 mil saírem de casa
As equipes de resgate estão concentradas na região dos Vales

Diante dos transtornos provocados pela passagem do ciclone extratropical desde a madrugada de segunda-feira, 4, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul diz organizar esforços para resgatar moradores dos municípios mais afetados pelas inundações. Uma parte dessa população, segundo o órgão, buscou abrigos em telhados e árvores.

Segundo atualização feita às 11h de terça-feira, 5, são quatro mortes confirmadas. Além disso, há 1,6 mil desabrigados e 2,7 mil desalojados (que procuraram auxílio na casa de familiares e amigos). De acordo com o coronel Marcus Vinícius Gonçalves Oliveira, da Defesa Civil do Estado, ao menos 18,5 mil pessoas foram afetadas diretamente pelo ciclone extratropical em todo o Estado.

As autoridades investigam também se houve um quinto óbito. “Recebemos a notícia de que um senhor, no município de Estrela, teria sido levado pelas águas, mas não foi confirmada ainda a informação”, diz o coronel.

As equipes de resgate estão concentradas na região dos Vales, mais precisamente no Vale do Taquari, onde municípios como Muçum, Roca Sales, Encantado e Lajeado sentem os impactos do ciclone. “Pessoas em cima de telhados e de árvores estão sendo resgatadas. Os picos de inundação são diferentes. Estamos monitorando as situações nos municípios”, afirmou o coronel Oliveira.

Uma situação de calamidade pública tomou conta de Muçum e de municípios vizinhos, no Vale do Taquari, após as enchentes. A água do Rio Taquari invadiu a cidade, deixando centenas de famílias desabrigadas e desalojadas. Na cidade de Roca Sales, a prefeitura orientou que a população atingida pelas enchentes busque refúgio nos telhados de suas casas e aguarde pelo resgate.

Oliveira disse ainda que foi solicitado apoio do Ministério da Defesa. “Três botes estão sendo deslocados de São Gabriel e devem chegar na região do Vale do Taquari até o início da tarde para auxiliar nos salvamentos. Equipes da Polícia Civil, da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros também auxiliam no resgate aéreo, embora este tipo de resgate dependa da condição climática. Também estão sendo feitas doações de kits de higiene e cestas básicas, disse ele.

Em Ibiraiaras, dois morreram após ficarem presos dentro de um veículo e serem levados pela água. Houve também um óbito por descarga elétrica, em Passo Fundo. Em Mato Castelhano, uma pessoa desapareceu ao tentar cruzar um rio com uma caminhonete.

Nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a situação e disse que o secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Aparecido Wolff Barreiros, visitará o Estado. O Rio Guaíba, em Porto Alegre, também está sendo monitorado, em razão da possibilidade de um pico de elevação.

“No momento, além da preocupação com a inundação, que deve nos acompanhar nos próximos dias, pois as chuvas devem continuar a partir de quinta-feira, 7, temos a questão da umidade do solo, que pode provocar deslizamento de terras”, diz coronel Oliveira. “No Estado, temos 742 áreas com alto risco, uma preocupação muito grande. Estamos reforçando com as prefeituras sobre a necessidade de alertar comunidades e apontar locais de segurança para a população”.

“Mais de 80% da cidade ficou alagada. Residências, lojas, bancos, postos de saúde, farmácias e até a prefeitura localizada no centro da cidade. E o pior, é que estamos todos ilhados, não temos como deixar a cidade”, disse Douglas Pessi, de 36 anos, integrante da Defesa Civil do município.

Famílias atingidas pelas enchentes estão sendo realocadas com o apoio da Defesa Civil para casas de parentes, além de igrejas e Centros de Referência de Assistência Social localizados nas partes mais altas da cidade. As previsões indicam que o nível da água do rio pode continuar a subir.

“A enchente está três vezes pior. A minha tia está ilhada em uma igreja. Na enchente de 2020, a casa da minha tia não foi atingida, e agora foi. Hoje, infelizmente estamos todos isolados e a única coisa que temos que fazer é rezar para ninguém morrer na inundação”, disse Sheila Garibotti, que tem uma agência de turismo na cidade.

O prefeito de Muçum, que foi a Brasília em busca de recursos para obras referentes aos estragos de um temporal que atingiu a cidade há algumas semanas, fez um apelo nas redes sociais à população. Mateus Trojan, pediu que todas as famílias deixem suas residências e busquem locais seguros para se abrigar. Além disso, o prefeito solicitou a ajuda de voluntários para auxiliar nas operações de resgate das famílias que estão em situação de perigo.