País
Inclusão financeira

Segurança e gratuidade foram fundamentais para popularização do Pix

No último trimestre do ano passado, o instrumento já representava 1/3 de todos os pagamentos eletrônicos do País.

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05 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Segurança e gratuidade foram fundamentais para popularização do Pix
O diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, Renato Dias de Brito Gomes

O diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, Renato Dias de Brito Gomes, disse na segunda-feira, 4, que a segurança e a gratuidade no uso do Pix foram fundamentais para popularizar a plataforma de pagamentos em tempo real. No último trimestre do ano passado, o instrumento já representava 1/3 de todos os pagamentos eletrônicos do País.

“O Pix é muito seguro, e essa confiança foi transmitida com sucesso para os brasileiros. Além disso, o Pix é gratuito para as pessoas físicas. É uma experiência do usuário muito conveniente, versátil e segura, e ainda por cima de graça. Isso explica o sucesso”, afirmou o diretor, na live semanal da instituição.

Gomes destacou a inclusão financeira proporcionada pelo instrumento. Segundo ele 71,5 milhões de pessoas que nunca tinham realizado transferências eletrônicas de recursos passaram a usar o Pix. “O sistema financeiro se abriu para muita gente. E o comércio online se abriu para as pessoas que não têm cartão de crédito”, acrescentou.

O BC publicou na segunda-feira o “Relatório de Gestão do Pix – Concepção e primeiros anos de funcionamento 2020-2022”, com as principais estatísticas do instrumento até o ano passado. O documento mostra, por exemplo, que a maior transação já realizada pelo Pix teve o valor de R$ 1,2 bilhão, em dezembro de 2022.

O valor médio das operações naquele mês, porém, foi de R$ 257. Considerando ainda esses números com mais de nove meses de defasagem, o BC afirma que o valor médio das operações de pessoas físicas desde o lançamento do Pix é de R$ 200.

Os dados publicados na segunda-feira se referem ao fim do ano passado, quando 133 milhões de pessoas físicas e 11,9 milhões de empresas usavam o instrumento. Na comparação com dezembro de 2021, o valor transacionado na plataforma de pagamentos em tempo real saltou de R$ 718 bilhões para R$ 1,2 trilhão por mês no fim de 2022.

Para o diretor, apesar do sucesso na adoção do Pix pelas pessoas físicas, ainda há espaço para crescimento nas transações com empresas e entes governamentais. “Hoje 70% das empresas que têm relacionamento bancário já utilizam o Pix. Em dezembro ano passado, os pagamentos de pessoas físicas para empresas já representavam 24% das operações e têm crescido desde então. É importante que os consumidores peçam descontos quando pagarem com o Pix”, relatou. “Novos produtos, como o Pix Automático, vão ampliar ainda mais a versatilidade desse meio de pagamento”, projetou.

Questionado sobre a eventual possibilidade de se criar um imposto sobre as transações realizadas pelo Pix, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central (BC) avaliou que taxar o uso do instrumento seria “uma loucura”.

“Espero que não. Não é assunto do BC, mas seria uma loucura”, afirmou Gomes, na live semanal da instituição.

O diretor repetiu que o Pix Internacional é uma das prioridades em desenvolvimento pelo BC e negou que o instrumento tenha o objetivo de substituir o uso dos cartões de crédito, como aventou o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, na semana passada.

“O grande impacto do Pix é substituir dinheiro, que vai sempre existir, mas é um meio de pagamento ineficiente. Quanto mais houve migração de dinheiro para meios digitais, sobretudo o Pix, melhor. A preocupação do Pix não é substituir cartão de crédito, que oferece também outros serviços. Mas o crédito é uma grande avenida de desenvolvimento para o Pix”, completou.

Gomes ainda apoiou o movimento dos servidores do BC pela reestruturação da carreira do órgão. “A equipe que trabalha no Pix entregou muito, e um dos grandes desafios para seguir na agenda evolutiva é a moral da equipe, devido à avaliação de que a carreira do BC não é devidamente valorizada”, concluiu.