Economia
Freio na economia

Tebet diz que não se pode demorar a cortar os juros

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reforçou os pedidos do governo para que o Banco Central reduza a taxa básica de juros, a Selic

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02 de setembro de 2023
Vinicius Palermo
Tebet diz que não se pode demorar a cortar os juros
A Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participa de audiência pública na Comissão Mista de Orçamento. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reforçou os pedidos do governo para que o Banco Central reduza a taxa básica de juros, a Selic, citando como justificativa os sinais de melhora na economia. “Precisamos baixar os juros. Não de forma artificial, sou a favor da autonomia do BC, mas temos que perceber que se tudo está correndo bem, se errar na mão e não fazer os juros caírem de forma rápida, a gente coloca um baita freio no crescimento”, disse.

Na última reunião de política monetária, o Copom cortou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,25% ao ano, e indicou que fará um corte da mesma magnitude na taxa na próxima reunião do grupo, nos dias 19 e 20 de setembro.

O mercado financeiro, no entanto, pondera se pode haver mudança no ritmo de queda, dada a expectativa crescente de fim do aumento nos juros norte-americanos este ano, que é contrabalançada por dados sobre a economia brasileira que apontaram repique da inflação oficial, queda na taxa de desemprego e aumento maior que o previsto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre.

A ministra celebrou o resultado do PIB, que veio com alta de 0,90% ante o primeiro trimestre de 2023. Para ela, o avanço já demonstra que o País vai registrar um crescimento de 3% ao final deste ano mesmo se a economia ficar estagnada nos semestres seguintes.

“A economia brasileira crescerá 3% em 2023, mesmo que os últimos trimestres do ano tenham crescimento nulo!”, comentou em publicação no Twitter a ministra, que na sexta-feira cumpriu agenda na capital paulista. “PIB do segundo trimestre cresceu 0,9%, conforme IBGE, 3x mais que as expectativas. Não há segredo, é trabalho sério e compromisso com o povo e com o futuro do País”, completou.

O último Boletim Macrofiscal de 2023 da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda estimava crescimento do PIB deste ano em 2,5%.

Após mais uma forte surpresa de crescimento da economia brasileira, o Ministério do Planejamento destacou a expansão dos componentes da demanda do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que tiveram crescimento simultâneo no período, algo que, segundo a pasta, não ocorria desde 2010.

“O crescimento do PIB no segundo trimestre foi elevado e superou as expectativas de mercado. Ressalta-se o desempenho do setor industrial e a continuidade do setor de serviços, com crescimento de todos os componentes da demanda – algo que não ocorre desde 2010”, disse o ministério, em nota.

O PIB cresceu 0,9% no segundo trimestre, próximo do teto da pesquisa do Projeções Broadcast, de 1,1%. A mediana era de 0,3%. No primeiro trimestre, o avanço foi de 1,8% (dado revisado na sexta-feira).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB está no maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. No acumulado do ano, o crescimento da economia é de 3,7%. “Esse resultado mostra o bom desempenho do setor industrial, influenciado sobretudo pela alta na indústria extrativa, e a continuidade do crescimento do setor de serviços pelo 12º trimestre consecutivo e apresenta uma taxa média anualizada de 4,2% neste período.”

Houve avanço de 0,9% da indústria e de 0,6% dos serviços, enquanto a agropecuária caiu 0,9% após saltar 21% no primeiro trimestre. Do lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,9% e do governo, 0,7%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) teve alta marginal de 0,1%, após dois trimestres de queda. A exportação avançou 2,9% e a importação, 4,5%.

Diante desses números, o Planejamento destacou o “vigor” do consumo das famílias e “forte desempenho” das exportações. “O forte crescimento no começo deste ano mostra que, mesmo se não houver elevação da atividade para os outros trimestres do segundo semestre de 2023, o PIB brasileiro irá crescer 3%, superando a atual projeção de mercado que está em 2,3%.”