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Lula anuncia criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa

A nova pasta será chave na reforma ministerial negociada pelo petista para incluir o Centrão no governo.

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30 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Lula anuncia criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa
O presidente Lula durante solenidade de Assinatura de Sanção do Projeto de Lei de Conversão (PLV) no 15/2023, que estabelece a política de valorização permanente do salário mínimo. Foto Valter Campanato/EBC.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou na segunda-feira, 29, pela primeira vez, em criar o Ministério da Micro e Pequena Empresa. A nova pasta será chave na reforma ministerial negociada pelo petista para incluir o Centrão no governo.

“Estou propondo a criação do Ministério da Pequena e Média Empresa, das Cooperativas e dos Empreendedores Individuais, para que tenha um ministério específico para cuidar dessa gente que precisa de crédito e de oportunidade”, declarou Lula.

A nova pasta não necessariamente interessará ao Centrão, mas possibilitará a Lula remanejar um aliado para o posto e abrir espaço em um ministério mais poderoso.

Já está certo que André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) serão ministros, mas falta definir quais pastas eles comandarão. O mais provável é que Costa Filho assuma Portos e Aeroportos no lugar de Márcio França. O PP quer colocar Fufuca no Ministério do Desenvolvimento Social.

As conversas sobre a entrada do Centrão no governo já se estendem há meses e passou por sucessivos adiamentos. Há a expectativa de Lula definir o caso ainda nesta semana, até quarta-feira. Na quinta, 31, ele viaja. É pouco provável que a reforma ministerial tenha algum anúncio caso o presidente não esteja em Brasília.

O presidente disse ainda que a maioria dos deputados e senadores não representa o “povo trabalhador”. Também afirmou que quando o eleitor vota “de forma estabanada”, “planta vento e colhe tempestade”.
O petista também afirmou que no Brasil há “pessoas espertas” que burlam o Imposto de Renda, ou que conseguem benefícios em projetos votados no Congresso.

Além disso, o presidente disse que hoje o Brics é mais forte do que o G7. Lula esteve na reunião de cúpula dos Brics na semana passada, realizada na África do Sul.

Lula falou durante o programa Conversa com o Presidente, produzido pela EBC. A produção é uma espécie de “live” de Lula, veiculada toda terça-feira de manhã.

O presidente Lula também disse que começou, como dizia na campanha, a colocar o pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda. Ele se referiu à nova política de valorização do salário mínimo e aos projetos para taxar offshores e rendimentos de fundos exclusivos, tema de cerimônia realizada na segunda-feira no Palácio do Planalto.

“Durante a campanha eu dizia que a solução do Brasil vai ser encontrada quando a gente decidir colocar o rico no Imposto de Renda e o pobre no Orçamento. É isso que nós começamos a fazer ontem (segunda-feira)”, declarou o presidente.

“Se a gente for comparar, proporcionalmente o mais pobre paga mais IR do que o dono do banco. Porque só desconta mesmo de quem vive de salário”, disse Lula.

“Fizemos uma coisa justa, sensata, que eu espero que o Congresso Nacional, de forma madura, ao invés de proteger os mais ricos proteja os mais pobres”, afirmou o presidente brasileiro. De acordo com Lula, o aumento do salário mínimo foi pequeno, mas a política de valorização “é um sinal muito grande”.

O presidente disse também que deve ir a São Paulo na próxima semana para anunciar uma nova faculdade na capital paulista. “Eu, na semana que vem, devo ir a São Paulo anunciar a faculdade na zona leste. Foi prometida ainda quando o Haddad era prefeito, ele deu o terreno, e essa faculdade não foi feita. Eu vou lá anunciar, nós vamos começar a fazer”, disse ele.

Lula não disse a qual faculdade está se referindo. O mais provável é que seja a criação de um câmpus da Unifesp em Itaquera.

O presidente também disse que fará um ato no Estado sobre investimentos e que convidará o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tarcísio é ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, principal adversário de Lula na política nacional.

“Vamos tentar fazer um ato com a participação do governo do Estado, se quiser participar. Se não quiser participar, nós vamos fazer o ato do mesmo jeito”, disse Lula.

“Como nós somos civilizados, nós vamos fazer e vamos convocar o governador, porque é importante ele estar. Os compromissos que nós vamos assumir são com ele também. Se nós vamos emprestar dinheiro do BNDES para fazer a ferrovia Campinas-SP, nós queremos que o governador esteja presente”, declarou o presidente da República.

Lula disse que deverá ir a Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, além de São Paulo, antes de embarcar para a Índia em 7 de setembro. Ele irá ao país asiático para a reunião do G20.