Mundo
Aliança

Lula defende campanha mundial contra a desigualdade

Lula disse que é preciso acabar não só com a fome, mas outros tipos de discriminação como por gênero e raça.

Compartilhe:
26 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Lula defende campanha mundial contra a desigualdade
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de condecoração com a Ordem Dr. António Agostinho Neto, e do Presidente João Lourenço com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no Palácio Presidencial de Angola. Luanda - Angola. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que tenta liderar uma campanha mundial contra a desigualdade. Em evento na manhã de sexta-feira (25) com o presidente de Angola, João Lourenço, o petista disse que é preciso acabar não só com a fome, mas outros tipos de discriminação como por gênero e raça.

“Esse mundo produz alimento para sustentar quantos bilhões de pessoas nascerem. Não tem sentido as milhões de crianças que vão dormir toda noite sem um copo de leite para tomar. Não é porque não tem leite, porque não tem comida. É porque não tem dinheiro porque a concentração de riqueza tem aumentado a cada dia que passa. Cada vez mais o 1% tem mais riqueza e os 50% mais pobres estão cada vez mais pobres”, criticou Lula, que está em Luanda, capital angolana.

Para o presidente brasileiro, é preciso que as pessoas – chefes de Estado, sobretudo – indignem-se e adotem o combate à desigualdade como prioridade. “Essa luta só pode dar certo se a gente criar indignação nas pessoas que comem conseguir se indignar com as pessoas que não comem. Se a pessoa que toma café de manhã conseguir se indignar se uma criança não toma café da manhã. Só vamos ganhar essa luta se colocar ela como prioridade em cada discurso, em cada ação. Quem sabe eu possa conseguir convencer a humanidade a se indignar contra a desigualdade”, reiterou Lula.

Lula afirmou que o Brasil é o País ideal para ajudar Angola no seu projeto de revolução agrícola e que os ministérios da Agricultura de ambas as nações estudam um plano de ação conjunta no setor.

“Temos conhecimentos tecnológicos e políticas públicas para compartilhar com Angola. Vamos elaborar um plano de ação conjunta entre nossos ministérios da Agricultura”, disse Lula, em Luanda, capital angolana. O presidente destacou que os países estão trabalhando em um programa no chamado “Vale do Cunene”, que chamou de “novo paradigma na cooperação com a África” na questão agrícola.

Segundo ele, a iniciativa privada aportará recursos no programa. “Em vez de iniciativas pontuais e isoladas, o programa vai reunir 25 ações que se complementam, todas, no objetivo de promover o desenvolvimento agrícola nessa região. Vamos buscar parceiros no setor privado brasileiro para completar a estrutura de irrigação necessária em Cunene.”

Sem citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula criticou o governo anterior por ter tratado os países africanos com “indiferença”. Ele afirmou que vai buscar retomar as relações diplomáticas e que pretende levar a parceria econômica com Angola a “outro patamar”.

“Pela primeira vez desde a redemocratização, tivemos um presidente que não fez nenhuma visita à África. Embaixadas brasileiras foram fechadas no continente, e a cooperação foi abandonada. Deixamos de atuar juntos nos fóruns internacionais. Agora vamos corrigir esses erros e alçar nossa parceria estratégica a outro patamar”, declarou. “Brasil quer apoiar a Angola no esforço de diversificar sua economia. Nosso comércio pode ser mais amplo e diverso”, reforçou também.

Crítico do conflito na Ucrânia, Lula, que tenta se cacifar como mediador para o fim da guerra, destacou o esforço de Angola para conseguir a paz. “A guerra na Ucrânia tem forte impacto na segurança alimentar na África. A missão de líderes africanos à Rússia e à Ucrânia foi um passo positivo para começar a se pensar em paz.”

A agenda em Angola faz parte do giro do presidente Lula pelo continente africano. Ele desembarcou no país na noite de quinta, 24, após cumprir agenda de três dias na cúpula de líderes do Brics, na África do Sul. Durante o encontro, o grupo anunciou que pretende ampliar o bloco e convidou Argentina, Egito, Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para se tornarem membros.

O presidente foi condecorado na sexta-feira, 25, com a Ordem Agostinho Neto, oferecida pelo governo angolano a figuras nacionais e estrangeiras, em particular chefes de Estado e líderes políticos. Já Lula entregou a Lourenço a Ordem Nacional Cruzeiro do Sul, a maior honraria concedida pelo governo brasileiro a personalidades estrangeiras.

Em Angola, o petista cumprirá agenda de dois dias. Estão previstas assinatura de atos de cooperação, participação em fórum econômico e encontros com autoridades angolanas.

A viagem de Lula pelo continente africano ainda terá uma parada em São Tomé e Príncipe. Nas últimas semanas, o presidente tem defendido a necessidade de uma reaproximação do Brasil com os países da África.