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Irã deve receber convite para ingressar no Brics

Teerã iniciou uma campanha diplomática para ingressar no bloco e pediu inclusive o apoio do governo Lula.

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23 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Irã deve receber convite para ingressar no Brics
O embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

O embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na quarta-feira, dia 23, que os líderes do Brics devem confirmar o convite a pelo menos cinco países para ingressar como membros plenos do bloco e que a decisão política dos governantes se sobrepõe a critérios discutidos entre diplomatas.

“Esse negócio de critérios, sabe, escolhe os países e depois você define os critérios”, disse o ex-chanceler, mais influente conselheiro de Lula na política externa.

O governo brasileiro havia pedido antes critérios para aprovar a expansão do Brics e queria explorar oportunidades para conseguir apoio chinês ao pedido para ter uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas. As negociações seguem em curso.

Entre os países que poderão aderir ao Brics está o Irã. Teerã iniciou uma campanha diplomática para ingressar no bloco e pediu inclusive o apoio do governo Lula. Embora o governo brasileiro negue ter feito uma lista própria com candidatos que apoia, também não veta nenhum dos nomes cotados.

Além do Irã, uma novidade nos últimos dias de negociação, que apareceu em listas sugeridas por Rússia e África do Sul, estão entre os cinco primeiros a Arábia Saudita, a Argentina, o Egito, os Emirados Árabes Unidos e a Indonésia.

Nas reuniões mais recentes, porém, os países foram informados de que a Indonésia poderia adiar o processo de adesão, por estar na presidência da ASEAN e ter outros compromissos diplomáticos na Ásia. Isso pode adiar a adesão de Jacarta ao Brics.

“O Brasil não tem problema com nenhum dos nomes colocados (para ingressar como membros dos Brics”, afirmou o ex-chanceler. Amorim também indicou que o Brics poderá adotar categorias de países parceiros, em vez de membros, para contemplar os 23 pedidos de adesão.

“O Brasil favorece membros plenos, mas terá também parceiros porque tem 20 e tantos países pedindo e obviamente não é possível entrar todo mundo de uma vez”, disse Amorim. “Não é um critério absoluto, mas é natural que se procure um certo equilíbrio geográfico, países que representem uma certa diversidade.”

O presidente da China, Xi Jinping, destacou a união e os valores compartilhados dos países que compõe o Brics durante a Cúpula do bloco. Segundo ele, não importa como a situação internacional esteja, o compromisso de cooperar não vai mudar. Xi destacou que a China vai construir um Parque China-Brics de Ciência e Inovação.

“Não trocamos princípios, não sucumbimos a pressões externas ou agimos como vassalos de outros. Nós, países do Brics, compartilhamos amplo consenso e objetivos comuns”, afirmou o líder chinês em seu discurso.

O presidente chinês afirmou que o país vai criar o Parque China-Brics de Incubação de Ciência e Inovação para a Nova Era para apoiar a implantação de resultados de inovação. A China também vai investir em consolidação de dados sobre agricultura, conservação e redução de desastres nos países do bloco por meio de uma plataforma de dados de satélite, além de fazer investimento industrial conjunto.

Ainda segundo ele, os Brics devem praticar o multilateralismo e evitar a criação de blocos exclusivos. “Fico feliz em ver o crescente entusiasmo dos países em desenvolvimento com a cooperação do Brics e muitos deles se inscreveram para ingressar no mecanismo de cooperação do Brics”, afirmou.