Mundo
Câmbio

Haddad diz que governo fez proposta de garantia em yuan para exportações à Argentina

Haddad afirmou que essa operação envolve um volume de recursos inicial de 100 milhões de dólares a 140 milhões de dólares.

Compartilhe:
23 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Haddad diz que governo fez proposta de garantia em yuan para exportações à Argentina
Haddad destaca necessidade de “diversificação e pulverização” das atividades industriais no mundo Em discurso na abertura da cúpula dos líderes do Brics, na África do Sul, o ministro da Fazenda falou sobre papel do Brasil nesse cenário. Foto: Ministério da Fazenda/Gov

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na quarta-feira, 23, que o governo elaborou uma proposta de garantia em yuan, a moeda chinesa, a exportadores brasileiros que vendem produtos à Argentina. O Banco do Brasil fará o câmbio das moedas do yuan para o real.

Haddad afirmou que essa operação envolve um volume de recursos inicial de 100 milhões de dólares a 140 milhões de dólares. O objetivo é garantir o pagamento dos exportadores nacionais. O câmbio será feito em Londres, onde a operação pode ser viabilizada, conforme o ministro.

“Poderíamos manter o yuan, mas vamos fazer o câmbio. Exportou recebe em real”, disse Haddad, que está em Johannesburgo para eventos do Brics.

“Nós já encaminhamos ao governo argentino uma proposta de garantia em yuan, das exportações brasileiras, com a garantia do Banco do Brasil de fazer o câmbio para reais, a partir dessa garantia”, disse o ministro.

“Para os exportadores brasileiros, será uma coisa boa, se a Argentina concordar, porque eles podem ter algum fluxo de venda de seus produtos com 100% de garantia, e para o Brasil sem problemas porque o câmbio vai ser feito do yuan para o real, e isso tranquiliza também o Tesouro Nacional porque não há risco de default.”

Segundo o ministro, o Tesouro considerou a garantia adequada, e o Banco do Brasil concordou. O governo brasileiro não teve ainda resposta.

Na terça-feira à noite, pelo menos 56 pessoas foram detidas por saques a supermercados e comércios em diferentes pontos da grande Buenos Aires, na Argentina. Segundo autoridades, os episódios foram incitados pelas redes sociais, com o fim de provocar desestabilização.

O ministro da Segurança de Buenos Aires, Sergio Berni, detalhou que houve tentativas de roubo “de maneira coordenada” em centros comerciais dos subúrbios de Moreno, José C. Paz e Escobar. Um dos supermercados sofreu grandes estragos e os autores do ataque atearam fogo ao local, segundo imagens da televisão. Não há informações sobre feridos.

“Não tenho dúvidas de que foi organizado”, afirmou Berni, em entrevista coletiva na madrugada de quarta-feira. “Depois de um bombardeio durante todo o dia incitando esses episódios de violência. Tem gente que tem a estupidez de pensar que quanto pior, melhor.”

A Argentina está em meio a uma campanha eleitoral antes das eleições gerais de outubro, enquanto o país registra taxa de pobreza de 40%. A inflação ao consumidor está em 113,4%, na comparação anual, segundo o dado de julho.

No fim de semana, houve episódios similares nas províncias de Córdoba, Mendoza e Neuquén. Muitos negócios dos bairros de Once e Flores, na capital, caracterizados por suas lojas de roupa a preços baixos, alteraram suas rotinas por temer saques. Prefeitos da grande Buenos Aires denunciaram ontem que circulavam mensagens e notícias falsas sobre saques.

A porta-voz da presidência do país, Gabriela Cerruti, afirmou que esses episódios eram instigados por seguidores do candidato Javier Milei, de ultradireita, da coalizão La Libertad Avanza. Milei é um dos favoritos na disputa presidencial, após ficar à frente nas primárias ocorridas em 13 de agosto.

Milei negou as acusações. “Embora a situação seja delicada, isso não dá aval para a violência. Se entendemos que uma Argentina distinta é impossível com os mesmo de sempre, grande parte da solução está próxima”, afirmou, na rede social X (ex-Twitter).

Segundo as autoridades, a situação estava sob controle. A polícia, porém, continuava a patrulhar e quatro helicópteros sobrevoavam os subúrbios da capital.