Economia
Especulação

Prates diz não reconhecer nenhum sinal de desabastecimento de diesel

Prates disse que, com o reajuste do preço do diesel anunciado na terça-feira, 15, haveria menos razões ainda para temer um desabastecimento do combustível.

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17 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Prates diz não reconhecer nenhum sinal de desabastecimento de diesel
O presidente da Petrobras disse que a estratégia da companhia tem sido de coibir a volatilidade do preço dos combustíveis e atuar como um player no mercado.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse na quarta-feira, 16, que “não há nenhum sinal de desabastecimento de diesel”. “Não há sinal nenhum da nossa parte, nossos controles”, disse.

Prates disse que, com o reajuste do preço do diesel anunciado na terça-feira, 15, haveria menos razões ainda para temer um desabastecimento do combustível. “Ainda mais que reajustamos, então tem menos razão ainda pra ter gente represando diesel ou tendo algum problema de desabastecimento”, afirmou.

O presidente da Petrobras disse que a estratégia da companhia tem sido de coibir a volatilidade do preço dos combustíveis e atuar como um player no mercado.

Prates chamou de “especulação” a notícia de que a companhia estaria em negociação com o Ministério da Fazenda para o pagamento de um passivo que poderia render até R$ 30 bilhões aos cofres da União a partir das novas regras do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Segundo Prates, “ninguém falou disso”.

“Criou-se uma especulação mais uma vez, essas coisas acontecem, o mercado é cheio de pessoas que falam algumas coisas, colocam lá e aquilo inclusive prejudicou o valor da ação. Isso não tem menor cabimento”, disse o presidente da estatal.

Segundo Prates, “a Petrobras negocia, trabalha e não é negociação como quem compra e vende alguma coisa, é um trabalho de estudo coletivo, com várias entidades fiscais, em várias instâncias nacionais, a União, os Estados, os municípios”.

“O que estamos fazendo como gestão nova é justamente fazer um balanço de tudo que a gente tem em relação aos Estados e à União e fazer um trabalho de procurar essas autoridades fiscais para ver como pode resolver da forma mais produtiva para os dois lados. Agora isso não é acordo, não é coisa de sentar com ministro e em dois minutos resolver o problema ou prometer uma meta de arrecadação. Não tem nenhum fundamento isso”, disse Prates.

A negociação da Petrobras com a Fazenda em torno desse passivo seria a principal fonte de recursos com os quais a equipe econômica estaria contando para zerar o déficit das contas públicas no ano que vem.

O pagamento serviria para encerrar litígios da Petrobras com a Receita Federal a partir das novas regras do Carf, cujo projeto está em negociação no Senado após aprovação na Câmara.

Cobrado pelo senador do Amapá Lucas Barreto (PSD) para se empenhar na exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que esse é um processo que ainda está no início e minimizou os possíveis riscos ambientais de uma produção de petróleo naquela região. Segundo Prates, caso a licença ambiental seja favorável pode-se levar até oito anos para que a produção efetivamente comece.

O presidente da Petrobras participou na quarta-feira de audiência pública conjunta no Senado das comissões de Infraestrutura e de Desenvolvimento Regional e Turismo. Na ocasião, ele defendeu que houve uma exacerbação em torno do pedido da estatal para perfurar poços exploratórios próximos à costa da Amapá, como se a empresa fosse inaugurar a produção de petróleo na região.

“Isso já existe. Escoa petróleo pelo Rio Amazonas todos os dias chegando à refinaria de Manaus”, explicou. O Polo de Urucu, por exemplo, explora petróleo na Amazônia desde 1986.

O presidente da Petrobras argumentou que, entre as explorações de petróleo na região, essa seria a menos arriscada. “Mesmo que venha a produzir sistematicamente, é a que tem menos potencial de causar danos e a que tem mais condições de gerar receitas governamentais e receitas para população local”, justificou ele, que prometeu “todo o empenho” para descobrir se há petróleo comercialmente viável na margem equatorial brasileira, que é a região que vai da costa do Amapá até o Rio Grande do Norte.

Prates acrescentou ainda que nunca houve vazamento em poços exploratórios feitos pela estatal, mas ponderou que na produção de petróleo esse tipo de ocorrência é possível. “Isso está sujeito a vazamento, em todas as empresas tem isso. A Petrobras tem histórico baixo de acidentes e incidentes de vazamento de petróleo”, completou.

Contudo, Prates lembrou que a região que a estatal quer perfurar fica a 170 quilômetros da costa do Amapá e a 580 quilômetros da foz do Amazonas. “Inclusive no processo de licenciamento isso está dito, que a possibilidade do óleo eventualmente vazado num sistema de produção, não de perfuração, encostar na costa é muito remota, muitíssimo remota, porque as correntes marítimas, ventos, tudo leva para o lado de Barbados – país do Caribe. Isso não quer dizer que não temos que tomar cuidado, evidentemente”, concluiu.

Prates diferenciou a licença ambiental pedida pela Petrobras, que é para descobrir se há ou não petróleo na região, de uma futura licença para produzir o óleo. Caso descubra petróleo na região, será necessário fazer uma análise para saber se esse óleo é comercialmente viável.  

“Aquela descoberta pode não ser comercial, tem no meio uma avaliação econômica”, explicou Prates, que lembrou que é preciso construir a infraestrutura para produzir petróleo em escala comercial. “Estamos falando aqui de pelo menos cinco a oito anos para ter o primeiro óleo nessa área se a gente receber a licença nesse ano ou início do ano que vem”, completou.

Prates defendeu que a transição energética deve ser financiada pela exploração de petróleo. Segundo ele, a transição para uma economia com menos queima de combustível fóssil será lenta, devendo demorar uns 50 anos. Com isso, o presidente da Petrobras discordou do movimento internacional Just Stop Oil (Apenas Pare o Óleo, em português). Esse grupo defende a proibição de toda e qualquer nova licitação de exploração de petróleo para forçar uma transição energética mais rápida.

Para Prates, a transição energética não é ruptura energética. Ele criticou a tentativa de se proibir a exploração de petróleo em determinas áreas para acelerar essa transição. “A transição energética para empresa de petróleo é uma metamorfose ambulante, tem que investir em petróleo para pagar a transição energética”, defendeu.