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Dados desatualizados

Secretária do Tesouro dos EUA chama decisão da Fitch de ‘falha’

Yellen chamou a decisão da Fitch de “falha” e voltou a questionar os dados utilizados pela agência de classificação de risco.

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03 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Secretária do Tesouro dos EUA chama decisão da Fitch de ‘falha’
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou na quarta-feira, 2, que a decisão da Fitch – de rebaixar o rating soberano do país – não muda sua visão sobre a economia norte-americana. Yellen chamou a decisão da Fitch de “falha” e voltou a questionar os dados utilizados pela agência de classificação de risco, alegando que são desatualizados e não refletem o atual período de crescimento da economia.

A autoridade apontou que a atividade econômica dos Estados Unidos teve uma rápida recuperação desde a saída da pandemia, permanecendo forte e resiliente. “Somos a economia mais dinâmica, inovadora e com o sistema financeiro mais forte”, pontuou ela.

Endereçando a projeção da Fitch sobre uma possível deterioração fiscal e os repetidos impasses do teto da dívida, Yellen reiterou o seu compromisso e do presidente dos EUA, Joe Biden, com a responsabilidade fiscal no país.

Ela destacou que o orçamento entregue pelo governo previa a redução da dívida em US$ 1 trilhão neste ano, além de corte de US$ 2,6 trilhões na próxima década. “E apesar dos impasses, vimos ambos os partidos se juntarem para resolver o teto da dívida”, afirmou.

Yellen finalizou seu discurso reiterando que os títulos do Tesouro “continuam sendo os ativos líquidos mais proeminentes e seguros do mundo”. Os comentários foram realizados em evento sobre Lei da Redução da Inflação e seus efeitos na modernização da Receita Federal norte-americana.

Outro problema para economia americana foi o fechamento da gigante dos caminhões Yellow, que deve entrar com pedido de falência após uma série de fusões que a deixou ainda mais endividada. Durante a pandemia, a empresa emprestou US$ 700 milhões do governo federal, e agora o Departamento do Tesouro tem participação de cerca de 30% na Yellow.

Porém, como acionista, o Tesouro pode ter sua participação eliminada e depende de quanto a empresa vai arrecadar com vendas de ativos para quitar as dívidas. Segundo alguns legisladores e analistas, os contribuintes podem perder dinheiro.

Uma porta-voz da Yellow disse que a empresa espera pagar o empréstimo integralmente, e o governo não indicou planos de dar mais ajuda à Yellow, cujo colapso pode causar a perda de quase 30 mil empregos de forma sistêmica nos EUA. Porém, pagar os credores mais antigos poderia acabar consumindo o valor dos ativos da Yellow.

A Yellow tinha cerca de US$ 1,5 bilhão em dívida total de longo prazo em 31 de março, de acordo com seu arquivamento trimestral mais recente. Para recuperar a primeira parcela da dívida, o Tesouro é o terceiro na fila atrás de outros credores. Aproximadamente US$ 567 milhões eram devidos a um grupo de afiliados liderados pela Apollo Global Management. A Yellow também tinha uma linha de crédito de US$ 500 milhões com um grupo de bancos.

Pagar os credores mais antigos poderia acabar consumindo o valor dos ativos da Yellow. Vender ativos após a falência ajudaria a saldar essas dívidas. Alguns dos imóveis da Yellow podem ser especialmente valiosos porque muitos de seus terminais de longa data estão em locais urbanos desejáveis, têm amplo estacionamento e são configurados para o tipo específico de transporte em que a Yellow se especializa, conhecido como caminhão de carga menor.