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Lula sugere entrada de mais países no Brics

Na avaliação do presidente do Brasil, o banco do Brics, sob presidência de Dilma Rousseff, deve ser formulado com a mentalidade de “reeducar as instituições financeiras”

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02 de agosto de 2023
Vinicius Palermo
Lula sugere entrada de mais países no Brics
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a cúpula do Brics – bloco formado com Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul – em Johanesburgo, que ocorrerá no final do mês, deverá discutir a entrada de novos membros na organização e defendeu a admissão da Arábia Saudita, Emirados Árabes e Argentina no grupo. Na fala, o chefe do Executivo voltou a defender usar o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) para contornar o dólar no comércio mundial.

“Acho extremamente importante a gente permitir que outros países, que cumpram as exigências do Brics, entrarem no Brics”, afirmou Lula, em café da manhã promovido na quarta-feira, 2, com correspondentes, no Palácio do Planalto. “Acho extremamente importante a Arábia Saudita entrar nos Brics. Acho extremamente importante os Emirados Árabes, se quiserem entrar, a Argentina. Obviamente que eu não decido sozinho.”

E acrescentou: “Vamos discutir a entrada de novos países, e sou da opinião de que quanto mais países quiserem entrar, se tiverem o cumprimento da regra que estamos estabelecendo, nós vamos aceitar a entrada desses países.”

Na avaliação do presidente do Brasil, o banco do Brics, sob presidência de Dilma Rousseff, deve ser formulado com a mentalidade de “reeducar as instituições financeiras” na forma de financiamento a países em desenvolvimento. Assim, ele voltou a defendeu o uso de moedas alternativas ao dólar para transações comerciais internacionais.

“Todo mundo sabe que eu defendo que a gente tenha uma moeda própria para fazer o comércio entre os países. Por que o Brasil precisa ter dólar para fazer comércio com a China, com a Argentina?”, questionou Lula. “A gente pode fazer nas nossas moedas e pessoalmente os Bancos Centrais fazem os acertos de contas”, acrescentou, ponderando não ser uma “coisa fácil de discutir”. “Por que a gente não pode discutir isso, ter uma moeda para fazer negócio entre os países?”

Lula defendeu que o banco dos Brics seja “mais eficaz e generoso” que o Fundo Monetário Internacional (FMI). “O banco existe para ajudar a salvar países, e não para ajudar a afundar países, que é o que o FMI faz muitas vezes.” “O Brics, na minha opinião, não sou o único país, tem vários outros, mas deve servir para ajudar a desenvolver o financiamento adequado, sem espada na cabeça, os outros países a desenvolver”, declarou.

O presidente pediu para que o FMI tenha “mais paciência” com a Argentina, diante da seca histórica enfrentada no país vizinho. Em sua avaliação, o fundo não deveria ficar com uma “espada em cima da cabeça” do presidente da nação, Alberto Fernández.

“Fico muito preocupado de ver um país tão importante como a Argentina chegar na situação econômica que está hoje”, afirmou. “O FMI deveria ter um pouco mais de paciência com a Argentina, porque sabe da situação da seca na Argentina. O FMI não deveria ficar com uma espada em cima da cabeça do presidente da Argentina.”

Na fala, Lula afirmou ter feito tudo o que pôde para ajudar o país vizinho. “Conversei com Xi Jinping (presidente da China), com Dilma (Rousseff, presidente) do NDB, tentando fazer tudo o que é possível dentro do quadro legal das instituições financeiras”, citou.

Em relação às eleições no país vizinho, Lula preferiu evitar debater o assunto. “Peço a Deus que a democracia prevaleça na Argentina, que vença a democracia, que vença o candidato que tem mais perspectiva de falar em inclusão social e não o candidato que acha que acha que tudo o que é investimento em política pública é gasto”, disse.

A esquerda definiu o ministro da Economia, Sergio Massa, como candidato governista às eleições presidenciais de outubro. A Argentina vive uma grave crise econômica, com a inflação passando de 100% ao ano e com o governo buscando fontes externas de financiamento no exterior.