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Tebet diz que terá prazer em atender pedido de Lula para nomear Pochmann para o IBGE

Tebet relatou que já havia um consenso entre o Planejamento e o Planalto da necessidade de trocar o presidente do IBGE no momento oportuno

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27 de julho de 2023
Vinicius Palermo
Tebet diz que terá prazer em atender pedido de Lula para nomear Pochmann para o IBGE
Marcio Pochmann será o novo presidente do IBGE.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse na quinta-feira, 27, que terá prazer em atender ao primeiro pedido pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a nomeação do economista Marcio Pochmann para a presidência do IBGE. Ela disse que o anúncio feito na quarta-feira pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, não foi oficial e que ela nunca tinha discutido um nome com Lula.

“O ministro Pimenta, não sabendo da reunião que tivemos com o presidente Lula, que ele não havia citado o nome (de Pochmann), anunciou preliminarmente e já está colocado. O nome será oficializado no momento certo, depois da conversa que teremos na semana que vem com o presidente Lula. Acataremos qualquer nome que venha”, disse.

Tebet relatou que já havia um consenso entre o Planejamento e o Planalto da necessidade de trocar o presidente do IBGE no momento oportuno, e que essas conversas se intensificaram há 15 dias, quando ela manteve contato mais constante com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Os dois também confirmaram a indicação de Pochmann à ministra.

“Fui avisada há alguns dias que o presidente da República teria um nome e gostaria de fazer uma escolha pessoal em relação à presidência do IBGE. O presidente Lula não me fez nenhum pedido até hoje, dentro do ministério ou fora. Diante disso, nada mais justo, óbvio, que atender o presidente Lula independentemente do nome que ele apresentaria, que ele ainda não havia me apresentado”, relatou a jornalistas ao chegar a uma reunião no Ministério da Fazenda.

Tebet disse que vai se reunir com Pochmann na semana que vem e quer ouvi-lo, a despeito das críticas de que ele é alvo. “Não faço o prejulgamento, porque eu já fui muito prejulgada na minha vida profissional e política. Eu vou ouvi-lo primeiro”, disse a ministra.

Após essa reunião, deverá ser marcado para o “momento oportuno” a oficialização da nomeação de Pochmann para o cargo de presidente do instituto. Atualmente, o comando do IBGE é ocupado pelo diretor de pesquisa, Cimar Azeredo, que teve o trabalho técnico na condução do Censo elogiado pela ministra.

O economista Edmar Bacha, que presidiu o IBGE nos anos 80, engrossou as críticas ao nome de Marcio Pochmann como futuro presidente do órgão. Ele afirmou que se sente “ofendido”.

“Pochmann é um ideólogo. Tem uma visão totalmente ideológica da economia. E não terá problema de colocar o IBGE a serviço dessa ideologia, como fez no Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Estou ofendido como ex-presidente do IBGE”, afirmou Bacha, que também participou da elaboração do Plano Real.

No ano passado, Bacha se aproximou de Simone Tebet e ajudou a então candidata à Presidência a formular o seu plano para a economia. Conhecedor da linha econômica da agora ministra do Planejamento e Orçamento, Bacha se diz inconformado.

“Não entendo como ela pôde ter aceitado (a indicação de Pochmann). É incompreensível. Espero que ela não assine essa nomeação, pois seria um desrespeito à sua própria autobiografia”, afirmou.

Bacha também disse esperar que haja uma reação dos “ibegeanos”, se referindo aos funcionários de carreira do órgão. “É uma verdadeira ofensa à estatística brasileira”, reforçou. Segundo ele, o temor é de que o IBGE se transforme no Indec, da Argentina, órgão que perdeu a credibilidade por distorções nos indicadores.