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BCE diz que aperto monetário contém consumo em bens duráveis

A análise considera que a recuperação econômica após a pandemia na zona do euro “tem sido sólida”, apoiada por políticas como o “forte apoio fiscal e da política monetária”.

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27 de junho de 2023
Vinicius Palermo
BCE diz que aperto monetário contém consumo em bens duráveis
Integrante do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), Gediminas Simkus afirmou que pelo menos mais uma alta de juros é necessária

O Banco Central Europeu (BCE) afirma que o aperto monetário em andamento, para conter a inflação, deve conter os gastos dos consumidores em bens duráveis e também o investimento privado. Em artigo preparado por Roberto A. De Santis e Grigor Stoevsky, a entidade avalia o papel da oferta e da demanda na recuperação regional, após o choque da covid-19.

A análise considera que a recuperação econômica após a pandemia na zona do euro “tem sido sólida”, apoiada por políticas como o “forte apoio fiscal e da política monetária”.

A iniciativa oficial reduziu riscos para o setor privado e evitou quebras disseminadas, bem como grande desemprego por causa da crise de saúde, segundo o artigo. A manutenção do poder de compra e da demanda agregada ajuda a zona do euro a lidar com os choques “extraordinariamente adversos” na oferta nos últimos três anos.

A recuperação econômica teve como entraves problemas na oferta, um choque no setor de energia, também diante da guerra da Rússia na Ucrânia, e da própria incerteza decorrente do conflito, diz o artigo do BCE.

O estudo acrescenta que os problemas nas cadeias de produção têm pesado na economia da região, mas também nota que eles têm diminuído, desde meados de 2022.

O BCE considera que os choques adversos na oferta “têm se dissipado em grande medida ultimamente”.
O recuo em preocupações com a oferta de energia e seus preços também reduz incertezas, enquanto a confiança dos consumidores cresce, “embora a partir de níveis baixos”, o que de qualquer modo dá apoio ao crescimento econômico, na avaliação dos autores.

Integrante do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), Gediminas Simkus afirmou que pelo menos mais uma alta de juros é necessária, para que a inflação retorne à meta de 2% na zona do euro. Ele disse estar “muito claro”, na sua avaliação, “que precisamos de mais uma alta, e acredito que ela ocorrerá em julho”.

Gediminas Simkus disse que o núcleo da inflação pode não ter atingido o pico, mas está bem perto disso. De qualquer modo, ele se mostra “persistente”, o que dificulta a busca pela meta.

O dirigente mencionou as expectativas do mercado para a inflação, e avaliou que, nesse contexto, “não ficaria surpreso” se fosse o caso de discutir uma alta nos juros também em setembro. Ao mesmo tempo, ele considerou que a perspectiva para a região é “positiva”.