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Lula diz que Bolsonaro se trancou em casa para preparar golpe

Bolsonaro ficou em silêncio por cerca de 45 horas após ser derrotado por Lula no segundo turno das eleições de 2022.

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19 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz que Bolsonaro se trancou em casa para preparar golpe
Encontro com Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Jaime Spengler, Primeiro Vice-Presidente da CNBB, Dom João Justino de Medeiros Silva, Segundo Vice-Presidente da CNBB, Dom Paulo Jáckson Nóbrega de Sousa, Secretário-Geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, e Assessor de Relações Institucionais e Governamentais da CNBB, Padre Paulo Renato Campos. Palácio da Alvorada - Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na segunda-feira, 19, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “se trancou dentro de casa para ficar preparando o golpe” quando perdeu as eleições no ano passado. Na segunda live “Conversa com o Presidente”, o petista disse que Bolsonaro “tenta negar” que “coordenou” um “golpe de Estado”.

“Já está provado que eles tentaram dar um golpe e coordenado pelo ex-presidente, que agora tenta negar. Quando ele perdeu as eleições, ele se trancou dentro de casa para ficar preparando o golpe”, afirmou.

Bolsonaro ficou em silêncio por cerca de 45 horas após ser derrotado por Lula no segundo turno das eleições de 2022, que ocorreu em 30 de outubro. Em um discurso de 2 minutos e 21 segundos na terça-feira, 1º de novembro, o então chefe do Executivo não contestou a derrota e afirmou que cumpriria a Constituição.

Segundo Lula, o governo vai investigar a “tentativa de golpe” e “quem tiver culpa no cartório vai pagar”. “Vamos apurar isso com muita tranquilidade, todo mundo terá chance de se defender. Eu quero que as pessoas fiquem tranquilas que nós vamos investigar. Quem tiver culpa no cartório vai pagar. Vai ser julgado pela Justiça comum e irá para a cadeia se tiver cometido crime”, disse o presidente.

“Nós não vamos aturar as pessoas que tentaram dar golpe e destruir a democracia do nosso País”, acrescentou Lula.

Na semana passada, foi divulgado que a Polícia Federal (PF) encontrou no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, um roteiro para um “golpe de Estado”. O documento de três páginas recebeu o título “Forças Armadas como poder moderador” e está dentro de um relatório de 66 laudas elaborado pela inteligência da PF sobre o que está no celular do ex-ajudante de ordens.

Lula afirmou ainda que vai convidar o papa Francisco, com quem se encontra nesta semana, para participar com ele do Círio de Nazaré. A procissão católica acontece em outubro, na cidade de Belém, (PA).

Ele voltou a dizer que pretende falar sobre guerra na Ucrânia e desigualdade social com o sumo pontífice. “De forma inequívoca, é o papa mais comprometido com o povo”, disse o petista sobre o chefe da Igreja Católica, de quem tem proximidade. “Eu quero aproveitar meu mandato para criar consciência mundial contra a fome”, acrescentou.

O Papa chegou a mandar uma carta a Lula no período em que o presidente ficou preso em Curitiba e deve recebê-lo na próxima quinta-feira, 22, no Vaticano.

Lula ainda ressaltou que, neste domingo, 18, telefonou para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para parabenizá-lo por seu aniversário de 92 anos, informação divulgada pelo governo. “Ele estava bem e sorridente”, relatou Lula sobre o antigo adversário político que o apoiou no segundo turno das eleições do ano passado.

Em relação à pauta ambiental, Lula reiterou que o Brasil pode produzir e exportar hidrogênio verde para o mundo. “Ninguém tem o direito de dar palpite ao Brasil ser energia”, disparou o petista, que voltou a defender a matriz energética brasileira. Ele prometeu mais investimentos em energias eólica, solar e de biomassa.

Lula também afirmou que pretende discutir com o presidente da França, Emmanuel Macron, a resolução contrária ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul aprovada pelo parlamento francês. Ele ainda voltou a criticar o dispositivo acrescido pelos europeus ao tratado que impõe sanções ao Mercosul em caso de descumprimento de cláusulas. Lula e Macron se encontram na quinta-feira, na viagem oficial do petista a Paris.

O Parlamento da França aprovou veto ao acordo UE-Mercosul após reconhecer o uso, por lavouras brasileiras, de pesticidas proibidos no país europeu. O texto não tem força vinculante, mas representa um novo obstáculo para a concretização do acordo.

Lula reclamou também da apresentação, por parte da União Europeia, de uma carta em que pede compromisso ambiental adicional por parte do Mercosul para colocar o acordo comercial em prática, sob pena de sanções ao agronegócio brasileiro.

Ele afirmou ainda que vai discursar, na viagem a Paris, sobre a questão ambiental em um evento público organizado pela banda Coldplay em frente à Torre Eiffel. O petista embarca na noite de segunda para um novo giro pela Europa. Antes de ir à capital francesa, passará por Roma e pelo Vaticano.

Durante a live, Lula disse ainda não saber se vai se encontrar com a primeira-ministra da Itália, a direitista Giorgia Meloni, mas confirmou reuniões com o presidente do país europeu, Sergio Mattarella e com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri.