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Inflação em queda

CPI dos EUA sobe 0,1% em maio e taxa anual desacelera

O núcleo do CPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, avançou 0,4% na comparação mensal, também em linha com a projeção.

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14 de junho de 2023
Vinicius Palermo
CPI dos EUA sobe 0,1% em maio e taxa anual desacelera
Biden destacou que os EUA buscam liderança em setores cruciais para a segurança econômica "durante décadas", como semicondutores e energia limpa.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,1% em maio ante abril, segundo dados com ajustes sazonais publicados na terça-feira pelo Departamento do Trabalho do país. O resultado ficou em linha com a mediana de analistas consultados e representa uma desaceleração, após alta de 0,4% em abril ante março.

O núcleo do CPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, avançou 0,4% na comparação mensal, também em linha com a projeção.

Na comparação anual, o índice cheio do CPI dos EUA subiu 4,0% em abril, desacelerando em relação ao ganho de 4,9% de abril e abaixo da projeção, que previa acréscimo de 4,1%. Já o núcleo do CPI teve incremento anual de 5,3% no mês passado, em linha com o consenso do mercado e recuando levemente ante o avanço de 5,5% de abril.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os números divulgados mais cedo do índice de preços ao consumidor mostram “progresso continuado no combate à inflação”, enquanto “o desemprego segue em mínimas históricas”. Em comunicado, ele nota que a inflação anual está agora no nível mais baixo desde março de 2021, e é menos da metade do que era visto em junho do ano passado.

“Após a gasolina e os preços de alimentos crescerem rapidamente no ano passado devido à guerra na Ucrânia, a inflação cai há 11 meses seguidos”, disse Biden, que buscará a reeleição.

O presidente afirmou que seu plano para baixar os custos e manter o crescimento “está funcionando”, e também celebrou o acordo bipartidário para elevar o teto da dívida, reduzindo o déficit do governo federal.

Biden também destacou que os EUA buscam liderança em setores cruciais para a segurança econômica “durante décadas”, como semicondutores e energia limpa.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse estar aliviada que o Congresso dos Estados Unidos, sob liderança de Biden, resolveu o impasse do teto da dívida. No entanto, ela disse que o país chegou “perigosamente” perto de ter um default.

“Isso não pode ser normalizado como a forma que fazemos negócios em Washington”, afirmou.
Yellen disse que esperar até o último minuto para evitar que um calote prejudicasse a liderança global e a credibilidade do país no cenário mundial. “Somos uma nação que mantém sua palavra e paga suas contas. Não devemos dar motivos para pensarem o contrário”, declarou.

As bolsas da Europa fecharam em alta na terça-feira, 13, após a desaceleração da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos reforçar expectativa por uma pausa no ciclo de aperto do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira.

O corte de juros na China também contribuiu para o movimento e se sobrepôs ao recuo do desemprego no Reino Unido, que ampliou aposta por mais elevação da taxa básica do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês).

Em Londres, o FTSE 100 avançou 0,32%, a 7.594,78 pontos. Em Milão, o FTSE MIB teve alta de 0,57%, a 27.566,03 pontos. Em Madri, o Ibex35 recuou 0,11%, a 9.333,70 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 subiu 0,22%, a 5.997,68 pontos. Em Frankfurt, o DAX ganhou 0,83%, a 16.230,68 pontos. Em Paris, o CAC 40 subiu 0,56%, a 7.290,80 pontos.

A publicação do CPI dos Estados Unidos consolidou de vez a perspectiva do mercado de que o Federal Reserve optará por pausar o ciclo de altas na quarta. Por volta das 12h50 de terça, a probabilidade de manutenção das taxas no nível atual em junho era de 91,9%, contra 8,1% de chance de aumento de 25 pontos-base. Ao mesmo tempo, prevalece a visão (60,1%) de que o banco central retomará o aperto monetário na decisão seguinte, em julho.

A inflação em desaceleração apoiou a alta em Londres, de acordo com o analista da CMC Markets Michael Hewson. “Os últimos números da inflação dos EUA para maio chegaram ao nível mais baixo em dois anos, e a especulação sobre novas medidas de estímulo à economia na China aumentou o ânimo”, comentou Hewson. Em meio à uma recuperação nos preços de energia, as ações da Shell e da BP fecharam com ganhos de 0,8 e 0,5%, respectivamente.

O cenário reforçou o bom humor que já predominava no Velho Continente desde abertura, na esteira de corte de juros de curto prazo pelo Banco do Povo da China. Também em foco, o CPI da Alemanha desacelerou em maio, em mais um indício de arrefecimento das pressões inflacionárias na região.

O ambiente deixou em segundo plano a repercussão do recuo no desemprego britânico, que aumentou pressão para que o BoE aumente as taxas de juros na reunião da próxima semana, de acordo com análise da Capital Economics.

A fala do presidente da autoridade monetária, Andrew Bailey, de que a desaceleração da inflação está demorando mais que o previsto, também apoia a previsão de que o BC britânico deverá aumentar taxas de juros.