País
Base de tudo

Lula diz que verba para educação é investimento

O presidente Lula voltou a criticar o patamar atual da taxa básica de juros, a Selic, fixada pelo Banco Central.

Compartilhe:
02 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz que verba para educação é investimento
O presidente Lula inaugura o complexo de laboratórios (Bloco Zeta) da Universidade Federal do ABC (UFABC).. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na sexta-feira (2) que os valores repassados a áreas como educação e saúde não configuram gasto, mas investimento. Durante evento na Universidade Federal do ABC, em São Paulo, na sexta-feira (2), ele disse não haver, em todo o mundo, um país que cresceu e se desenvolveu sem antes investir na educação.

“Se a educação é a base de tudo, tomei a decisão de que, no nosso governo, quando se fala em fazer universidade, creche, escola, a gente não pode mais utilizar a palavra gasto. A palavra tem que ser investimento”, disse.

“É uma inversão que a gente precisa fazer. Para a elite dominante desse país, tudo que é benefício é gasto. Saúde é gasto. Ora, a saúde é um baita de um investimento. Todo mundo sabe o quanto custa uma pessoa doente aos cofres do Estado. E o quanto pode produzir, trabalhar e aprender uma pessoa que está com plena saúde.”

Logo em seguida, o presidente voltou a criticar o patamar atual da taxa básica de juros, a Selic, fixada pelo Banco Central. “Gasto é a gente pagar 13,75% ao ano de juro para o sistema financeiro desse país”, disse. “Isso é gasto. O restante é investimento”, completou.

No último dia 19, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também defendeu a diminuição da Selic. Ele avaliou que o país está pronto para iniciar um ciclo de queda nos juros e criticou a decisão do BC em manter a Selic em patamar elevado.

“Nós achamos que há espaço para começar um ciclo de queda nos juros, mas, enfim, tem uma equipe técnica ali no Comitê de Política Monetária do Banco Central que está formada, e que nós procuramos respeitar.”

Na esteira de derrotas na Câmara, o presidente reconheceu a dificuldade do governo no Legislativo. Durante discurso na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo, na Grande SP, o presidente disse que a esquerda não tem votos suficientes até mesmo para aprovar projetos de lei ordinários.

“É importante vocês saberem a correlação de forças no Congresso Nacional. A esquerda toda tem, no máximo, 136 votos, isso se ninguém faltar. Para votar uma coisa simples, precisa de 257”, afirmou o chefe do Executivo, acrescentando que para aprovar emendas constitucionais a necessidade de votos na Câmara é ainda maior.

A uma plateia formada, em grande parte por apoiadores, Lula disse que governar demanda esforço e negociações com quem não apoia o governo. “Você ganha a eleição e depois precisa passar o tempo inteiro conversando para ver se você consegue aprovar uma coisa.”

Em relação à reestruturação dos ministérios, Lula frisou que foi necessário conversar com “quem a gente não gosta” porque o governo corria o risco de a organização da Esplanada, estabelecida em medida provisória, não ser aprovada. Apesar das dificuldades, ele assegurou que, aos 77 anos, está “muito mais otimista”.

O presidente voltou a criticar também a disseminação de fake news nas redes sociais pela extrema-direita e convocou a população a fazer uma “guerra do bem contra o mal”.

“É uma guerra que temos que fazer, a guerra do bem contra o mal. Não é guerra de direita contra esquerda, é guerra das pessoas do bem contra pessoas do mal”, disse o petista. Lula reconheceu, no entanto, que o bolsonarismo tem vencido a guerra nas redes sociais. “A quantidade de mentiras que o bolsonarismo conta todo dia na rede digital é uma coisa maluca”, constatou.

Dizendo que não imaginava que o fascismo pudesse voltar ao Brasil, ele voltou a criticar o governo de Jair Bolsonaro (PL), que comparou a uma “praga de gafanhotos que destruiu tudo o que a gente construiu”, e disse que vai reconstruir o País. “Quero provar, mais uma vez, que um torneiro mecânico, sem diploma universitário, pode consertar outra vez esse País”. Lula ainda reclamou da elite brasileira que, segundo ele, “nunca desejou que a gente estudasse”.