País
Oposição

Lula descarta reforma ministerial e diz que Lira não pediu controle de pastas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou na quinta-feira, 1º, que fará uma reforma ministerial para atender ao pedido do Centrão por uma nova articulação política.

Compartilhe:
01 de junho de 2023
Vinicius Palermo
Lula descarta reforma ministerial e diz que Lira não pediu controle de pastas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante declaração à imprensa após reunião com o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, no Palácio do Itamaraty. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou na quinta-feira, 1º, que fará uma reforma ministerial para atender ao pedido do Centrão por uma nova articulação política. Em conversa com jornalistas no Palácio do Itamaraty, o petista ainda negou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenha pedido controle de ministérios em troca da aprovação da Medida Provisória (MP) da reestruturação da Esplanada, aprovada no Congresso às vésperas de caducar.

De acordo com Lula, Lira não pediu ministérios “e nem poderia pedir”. “O PP sigla de Lira é um partido de oposição e tem gente que vota com a gente. O PP já teve ministro com o PT, o PP teve dois ministérios no governo da Dilma. Não é problema. Se ele pedisse, a gente vai avaliar, mas até agora eu não ouvi o Lira pedir”, declarou o presidente.

“Não está na minha cabeça fazer reforma ministerial. A menos que aconteça uma catástrofe que eu tenha que mudar. Mas por enquanto, o time está jogando melhor que o Corinthians”, brincou.

Lula minimizou a dificuldade nas articulações com a Câmara e disse que o processo de negociação é natural. “Aquela Casa é assim. Você vai conversando com os líderes, vai conversando com as pessoas, vai mostrando a importância daquilo, porque o que acontece não é importante para mim, é importante se causar benefício para o povo brasileiro”, disse o presidente.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse esperar que o Lula lidere pessoalmente a formação da base aliada na Câmara, após o risco de derrota na votação da Medida Provisória (MP) da Esplanada dos Ministérios, aprovada na Casa após uma ameaça de “rebelião” de deputados do Centrão contra o Palácio do Planalto. “Habilidade ele tem”, afirmou Lira na quinta-feira, 1º, em referência ao petista.

“O presidente Lula foi alertado por mim. E ele hoje é conhecedor de todas as dificuldades que seu governo tem na parte de articulação. E eu espero que tenha servido de ensinamento, para que a partir de hoje, o governo possa encaminhar suas matérias na Casa na construção de uma maioria que ainda não tem”, declarou Lira. “O clima ontem (quarta-feira), infelizmente, era um clima voltado para derrotar a MP”, emendou, ao dizer que o governo Lula “peca na confiança”.

O deputado disse que prevaleceu, contudo, a visão de que derrubar a estrutura ministerial do governo seria uma medida “muito dura”. “O governo, sem uma maioria no Parlamento, não pode achar que partidos independentes são obrigados a pautar e votar matérias de interesse de seu governo”, afirmou Lira. O deputado ressaltou que se reuniu com os líderes da Câmara e pediu a aprovação da MP após um apelo feito por Lula, mas ponderou que não poderá mais atuar dessa forma se o Planalto não melhorar a relação com a Câmara.

“Se o governo não fizer maioria, paciência, vai ter que respeitar os resultados”, disse Lira. O deputado, contudo, rechaçou a comparação feita nos bastidores entre a relação dele com o Planalto e a disputa entre a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que culminou com o impeachment da petista, em 2016. “Ninguém pode dizer que atrapalhei o governo.”

Lira disse que é natural o governo oferecer ministérios a partidos para atraí-los à base, já que esse foi o modelo de coalizão escolhida por Lula, mas voltou a negar que tenha pedido o comando de pastas na Esplanada ou a demissão de algum ministro, como Renan Filho, dos Transportes, filho de seu maior adversário político em Alagoas, Renan Calheiros. O presidente da Câmara afirmou que apenas pediu ao governo que agisse para “moderar excessos” de Calheiros, que o acusou de desvio de dinheiro e de bater na ex-mulher.