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Governo diz que prazo de programa de carros populares deve ser de até 4 meses

Fernando Haddad diz que os incentivos para a indústria de carros serão temporários e visam apoiar o setor em momento específico.

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26 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Governo diz que prazo de programa de carros populares deve ser de até 4 meses
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou sobre o incentivo à venda de carros.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na sexta-feira, 26, que os incentivos anunciados na quinta-feira para a indústria de veículos serão temporários e visam apoiar o setor na transição entre o início do ciclo da queda dos juros e a recuperação do mercado.

Haddad classificou a tentativa de resgate dos carros populares como um programa “tópico”, que, prometeu, não vai se estender para além deste ano. “Estamos falando de um programa que pode durar três ou quatro meses, não é estrutural”, declarou o ministro, acrescentando que a duração ainda está em definição.

Na quinta, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse que o pleito da indústria automotiva é que os incentivos durem pelo menos um ano. Nesse caso, o programa poderia aumentar as vendas de automóveis entre 200 mil e 300 mil unidades em 12 meses, afirmou.

Haddad disse que pretende apresentar os detalhes da desoneração dos automóveis já na semana que vem, antes do prazo de 15 dias dado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O ministro citou o fechamento de montadoras nos últimos anos ao justificar a preocupação com a estagnação do mercado de carros. Com o início dos cortes de juros, inflação controlada e melhora na perspectiva de crescimento econômico, projetou, as vendas de bens duráveis devem se recuperar com a volta do crédito, tornando os estímulos desnecessários. “Tem um hiato que está nos preocupando.”

Ao rebater críticas de que a desoneração dos carros não atende consumidores de baixa renda, o ministro da Fazenda sustentou que o governo tem tomado medidas para todas as classes sociais, citando o reforço do Bolsa Família, o reajuste acima da inflação do salário mínimo e a atualização da tabela do imposto de renda. “Estamos com foco em todos os problemas herdados e direcionando soluções”, afirmou.

“Não passa perto de um programa para 12 meses, estamos discutindo o prazo”, acrescentou o ministro.
Haddad disse que sua pasta e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o MDIC, devem fazer contas até domingo sobre o impacto da desoneração dos automóveis.

Haddad adiantou que o programa não deve chegar a um quarto do impacto fiscal estimado pelo mercado, de R$ 8 bilhões. As contas, disse Haddad, vão levar em consideração a perspectiva de redução dos juros, que deve tornar desnecessário o estímulo às vendas de carros antes do fim do ano.

Os cálculos preliminares já foram feitos, porém, disse o ministro, a equipe econômica precisa fechar a equação seguindo os critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Não posso apresentar conta ao presidente sem estar fechada”, explicou.

O ministro assegurou que as indicações do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para as diretorias do Banco Central (BC) não têm como objetivo construir uma bancada pró-governo no Comitê de Política Monetária (Copom).

“Essa contabilidade de votos não existe na minha cabeça, e nem na deles”, comentou, acrescentando que Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, indicados, respectivamente, às Diretorias de Política Monetária e de Fiscalização, não serão “bancada de oposição” ao presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Haddad frisou que não existe a hipótese de o Banco Central funcionar como se fosse o Congresso, com bancadas de oposição e de situação. “Não acredito em formação de placar no Banco Central … A maior parte dos diretores são de carreira”, disse o ministro.

Ele voltou a dizer que o nome de Galípolo foi mencionado, antes da indicação, pelo próprio Campos Neto. “Nós já tínhamos entrevistado várias pessoas para o BC, mas achei que um ‘parça’ Galípolo geraria mais aproximação”, assinalou.