Mundo
Default

Yellen fala em consequências altamente adversas, se teto não for elevado nos EUA

Janet Yellen disse que já vê estresse nos mercados financeiros por causa do impasse, inclusive em leilão de títulos (bills).

Compartilhe:
25 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Yellen fala em consequências altamente adversas, se teto não for elevado nos EUA
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, advertiu na quarta-feira, 24, para o risco de consequências “altamente adversas”, caso o Congresso e a Casa Branca não cheguem a um acordo para elevar o teto da dívida do governo federal. Durante entrevista em evento do Wall Street Journal, a autoridade disse que já vê estresse nos mercados financeiros por causa do impasse, inclusive em leilão de títulos (bills).

Yellen afirmou que o governo enfrentará “decisões muito difíceis” em seus pagamentos, caso o teto da dívida não seja elevado. Anteriormente, ela havia informado em carta que a falta de recursos ocorreria “provavelmente” a partir de 1º de junho. Nesta quarta, Yellen disse que o Tesouro trabalha para atualizar em breve o Congresso sobre a data, buscando dar mais exatidão a ela. De qualquer forma, ela reafirmou ser “altamente provável” que o problema da falta de recursos ocorra no início do próximo mês.

Segundo Yellen, a proposta inicial do governo já era de reduzir o déficit em US$ 3 trilhões, ao longo de dez anos. Nas negociações com a oposição republicana, o presidente Joe Biden propôs um corte extra de US$ 1 trilhão no déficit, apontou. Ela acrescentou que há uma equipe experiente de negociadores tratando do tema.

Yellen disse ainda ser “muito importante” o compromisso de governo e oposição para que o país não entre em default. Isso ajuda a proteger também o dólar e os Treasuries, mencionou. Questionada sobre preparos para um eventual calote, a autoridade disse que o Tesouro não está envolvido nessas conversas, mas sim em buscar contornar o problema.

A secretária do Tesouro disse que a responsabilidade fiscal é “extremamente importante” e que os rumos da política fiscal podem ser discutidos. Segundo ela, o governo Biden tem mostrado esse foco. A questão ao elevar o teto da dívida, reforçou Yellen, é para pagar dívidas já aprovadas pelo Congresso, sem criar novos débitos.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, defendeu na quarta-feira, 24, que, em geral, uma maior concentração entre os grandes bancos do país “não é desejável”. Durante evento do Wall Street Journal, ela destacou a importância de um setor bancário diverso, com companhias de diferentes tamanhos e tipos, servindo a diferentes necessidades.

Yellen disse que é preciso garantir que aconteça uma “competição saudável” na economia em geral, e também no setor bancário. Ao mesmo tempo, lembrou que a compra de um banco em dificuldades por outro é algo previsto nas regras.

A secretária do Tesouro ainda foi questionada, no evento, sobre a força da inflação no país. Ela avaliou que a inflação está caindo, com problema na oferta sendo em grande medida mitigados na maioria dos setores. Houve ainda queda nos preços da gasolina, lembrou.

O mercado de trabalho está apertado, o que “pode ser um fator que ajuda a puxar o núcleo da inflação”, admitiu Yellen. Segundo ela, porém, é possível que ocorra uma melhora na inflação sem avanço significativo do desemprego.

O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, afirmou na quarta-feira, 24, que as negociações para solucionar o impasse do teto da dívida podem “ter progressos”, mas alertou que segue distante dos democratas em várias das divergências.

Em coletiva de imprensa, McCarthy reiterou o argumento de que o governo precisa cortar gastos e culpou o partido governista pela persistência das incertezas. Segundo ele, a Casa Branca não aceita reduzir as despesas e demorou muito tempo para começar as discussões.

Ainda assim, o republicano disse não acreditar que haverá calote da dívida pública. “Acredito firmemente que resolveremos esse problema”, disse.