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Transição energética

Lula diz que proteção do meio ambiente é sua prioridade

Lula e o premiê da Austrália, Anthony Albanese, reuniram-se na sexta por cerca de 35 minutos em Hiroshima, no Japão

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20 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Lula diz que proteção do meio ambiente é sua prioridade
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontra com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese. É a primeira reunião bilateral que faz ao participar, como convidado, da Cúpula do G7. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Enquanto o governo vive uma queda de braço sobre a possibilidade de a Petrobras explorar petróleo no Rio Amazonas, com veto do Ibama à iniciativa defendida pelo Ministério de Minas e Energia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na sexta-feira, 19, ao premiê da Austrália, Anthony Albanese, que tem a proteção do meio ambiente como uma prioridade da sua gestão.

Lula e Albanese reuniram-se na sexta por cerca de 35 minutos em Hiroshima, no Japão, antes dos painéis do G7, que começam no sábado, dia 20. Além de participar dos painéis do evento multilateral, o chefe do Executivo do Brasil terá nove reuniões bilaterais e um encontro com empresários.

“O presidente também deixou claro que uma de suas prioridades é reforçar a proteção do meio ambiente e da biodiversidade. E mencionou os investimentos australianos na produção de hidrogênio verde no estado do Ceará que, segundo ele, complementam a matriz energética brasileira, que ‘já é bastante limpa'”, diz nota do Ministério das Relações Exteriores.

“O presidente brasileiro lembrou ao premiê australiano que, como ambos são políticos de origem trabalhista, é importante pensar em como promover novas relações entre capital e trabalho, inclusive para evitar a precarização gerada pelas novas tecnologias e fortalecer os sindicatos, ‘a exemplo do que aconteceu na reforma trabalhista da Espanha'”, acrescenta o Itamaraty.

De acordo com a nota, Albanese destacou a importância da eleição de Lula em 2022, sobretudo na defesa do meio ambiente, enquanto o presidente brasileiro defendeu que sua volta ao Palácio do Planalto significa a ressurgência do Brasil nas relações internacionais.

O primeiro-ministro da Austrália foi às redes sociais comentar sua reunião bilateral com Lula. “Foi maravilhoso encontrar o presidente Lula pela primeira vez. E parabenizá-los pessoalmente pela presidência brasileira do G20 em 2024”, escreveu o premiê em suas redes sociais.

No Twitter, Lula destacou que desde 2018 não havia uma reunião entre os líderes brasileiro e australiano. “Em Hiroshima, na primeira reunião bilateral de uma série de encontros que teremos no Japão. Conversei pela 1º vez com o primeiro-ministro da Austrália. Desde 2018 não havia encontro entre nossos países”, publicou o presidente.

“Falamos sobre a ampliação das relações Brasil – Austrália, a Copa do Mundo de Futebol Feminino e recebi o convite para visitar a Austrália. Vamos trabalhar para cada vez mais aproximarmos nossos países”, acrescentou.

Anthony Albanese é um político trabalhista considerado de esquerda, mas difere de Lula na postura sobre a guerra na Ucrânia. O australiano se alinha ao G7 e faz críticas à Rússia pelo início do conflito, enquanto o brasileiro adota uma postura de neutralidade.

Pressionado pela comunidade internacional a apoiar a Ucrânia na guerra iniciada pela Rússia, Lula deverá participar de uma “foto de família” com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, durante a Cúpula do G7.

A programação do encontro, que acontece neste final de semana em Hiroshima, no Japão, prevê a produção de uma imagem com os chefes de governo perfilados. A fotografia será registrada na manhã do domingo, 21, em frente ao parque Memorial da Paz, que lembra o bombardeio atômico sobre a cidade na Segunda Guerra Mundial. Lula e Zelenski, que critica a posição do governo brasileiro sobre o conflito, se encontrariam pela primeira vez na ocasião.

O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, confirmou na sexta-feira, 19, que Zelenski aceitou o convite do G7 e estará em Hiroshima no domingo para defender um endurecimento nas críticas à Rússia e mais apoio a seu país. Os países-membros do G7 – Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália – vão anunciar uma nova leva de sanções contra Moscou.

O G7 é altamente coeso no apoio à Ucrânia, e a postura do Brasil de neutralidade, apesar do voto pela condenação à Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), incomoda a comunidade ocidental. Na semana passada, o assessor especial de Lula para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, esteve na Ucrânia, semanas após o presidente brasileiro receber em Brasília o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov.

Ao falar da presença do ucraniano em Hiroshima, o jornal The New York Times diz que haverá pressão sobre Lula e outros chefes de governo que mantêm a neutralidade sobre o conflito. “Líderes da Índia, Brasil e outras nações que têm relutado em apoiar a Ucrânia também estão na reunião como observadores, e a presença de Zelenski pode tornar mais difícil para eles continuarem com essa postura, disseram várias autoridades”, afirma o jornal americano.