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Fed avalia regras de liquidez mais rígidas no setor bancário

Para dirigente do Fed, a distrital do BC dos EUA foi bem-sucedida em notar riscos no banco, mas não agiu rápido o suficiente.

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18 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Fed avalia regras de liquidez mais rígidas no setor bancário
O vice-presidente para supervisão do Federal Reserve (FED), Michael S. Barr.

O vice-presidente para Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michael Barr, apontou que a instituição está avaliando potenciais regras de liquidez mais rígidas no setor bancário, após tensões recentes em bancos, entre elas a quebra do Silicon Valley Bank (SVB).

Barr também foi questionado, durante audiência no Comitê sobre Assuntos Bancários, de Moradia e Urbanos do Senado americano, sobre o trabalho do Fed de São Francisco ante os riscos do SVB.

Para o dirigente, a distrital do BC dos EUA foi bem-sucedida em notar riscos no banco, mas não agiu rápido o suficiente tomando decisões que obrigassem o SVB a tentar consertar os problemas.

Barr ressaltou que o Fed de São Francisco não deixou de perceber esses riscos, após um legislador sugerir que o foco do banco central também em outras questões, como racismo ou meio ambiente, pudesse estar atrapalhando seu trabalho principal, entre eles a regulação bancária.

O vice-presidente para Supervisão do Federal Reserve afirmou ainda que “aceita total responsabilidade” por falhas na supervisão bancária que levaram a problemas recentes em alguns bancos médios nos Estados Unidos. Segundo ele, há um foco agora do Fed em consertar esses problemas.

Durante a audiência no Comitê sobre Assuntos Bancários, de Moradia e Urbanos do Senado, Barr foi questionado se tinha havido alguma demissão no banco central norte-americano por responsabilidade nessas falhas, mas respondeu que não. O dirigente acrescentou que o Fed está concentrado em colocar as pessoas certas para monitorar essa questão.

O diretor do Federal Reserve, Philip Jefferson disse esperar que a economia norte-americana cresça neste segundo trimestre, mas em ritmo mais fraco do que a expansão anualizada de 1,1% vista no primeiro trimestre.

Em discurso feito durante evento da Associação Nacional de Comissários de Seguros (NAIC, pela sigla em inglês), Jefferson também avaliou que a inflação nos EUA desacelerou significativamente desde meados do ano passado, mas permanece alta e, em alguns aspectos, seu progresso vem desacelerando.

Ele também ressaltou que a demanda claramente começou a sentir os efeitos das altas de juros implementadas pelo Fed, embora a história mostre que o período de um ano não é suficiente para que o impacto na demanda seja totalmente incorporado.

Sobre o recente estresse envolvendo bancos médios americanos, Jefferson afirmou que é difícil prever o quanto o crédito será afetado, mas destacou que as evidências até o momento são de que houve aperto “apenas modesto” nas condições de empréstimos.

Já o presidente da distrital do Fed em St. Louis, James Bullard, sugeriu que pode apoiar um novo aumento dos juros no próximo encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), em junho, embora tenha reforçado que manterá a “mente aberta” em relação à decisão.

Em entrevista ao Financial Times (FT), divulgada na quinta-feira, 18, o dirigente disse esperar contínua desinflação nos Estados Unidos, mas ponderou que o processo tem sido mais lento que o ideal. “Isso pode justificar a tomada de algum seguro, aumentando as taxas um pouco mais para garantir que realmente controlemos a inflação”, comentou.

O dirigente, que não tem direito a voto nas reuniões deste ano do FOMC, chamou atenção para o risco de que a inflação se mostre persistente, como ocorreu na década de 1970.

Bullard considera exagerado foco nos recentes estresses bancários e demonstra preocupação com a queda nos rendimentos dos Treasuries. “Talvez isso alimente uma desinflação mais lenta ou até um pouco mais de inflação daqui para frente do que pretendemos”, alertou.

As declarações expõem uma crescente divergência entre dirigentes do Fed sobre o caminho a seguir. O presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou, nesta semana, que defenderia uma pausa no aperto monetário se tivesse que decidir agora.

Já a líder da regional de Dallas, Lorie Logan, argumentou que os dados recentes não justificam a paralisação da escalada dos juros.