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Nova política

Prates diz que preços da Petrobras serão mais baixos

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a mudança da política de preços tem que ser feita com “sabedoria e calma”

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12 de maio de 2023
Vinicius Palermo
Prates diz que preços da Petrobras serão mais baixos
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates

A nova estratégia comercial da Petrobras, que deve ser concluída em breve, trará preços “inexoravelmente mais baixos” dos combustíveis para os consumidores em comparação com a Política de Paridade de Importação (PPI), que lastreia o preço do petróleo ao dólar. A afirmação é do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Ele disse que a mudança da política de preços tem que ser feita com “sabedoria e calma”, e relembrou o discurso de campanha do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

“Isso tem que ser feito com sabedoria e calma. Na campanha, o presidente Lula falou em abrasileirar o preço. Falei várias vezes que a gente tem que se libertar do dogma do PPI”, afirma Prates.

Ele ponderou que a nova política trará preços “inexoravelmente mais baixos que o PPI”. “Não faz sentido brigar tanto pela autossuficiência, ser até exportador, brigar pela autossuficiência em refino e dizer ‘agora o preço aqui é o de Roterdã mais o frete’, isso tudo com a penalização do brasileiro”, disse.

Sobre a volta da Petrobras ao setor de distribuição, Prates explicou: “A Petrobras não pode ficar tão longe do consumidor final, o que não quer dizer que aconteça já no primeiro ano. Ela já cometeu um erro, não pode ser um erro em cima de outro.” “Não venderia a BR, tenho que pensar o que faço sem ela: pode ser voltar a ter ela ou pode não ser, pode ter alternativas que me obriguem a acelerar processos da transição energética”, disse.

Ainda de acordo com ele, não é política de governo. “É o que a Petrobras vai praticar como estratégia comercial respaldada nas vantagens competitivas de produzir e refinar no Brasil”, enfatizou. “Vai mudar até a terminologia. Será estratégia comercial ou composição de preço, porque vai incluir o fato de você ser um bom ou mau cliente ou se tem mais ou menos crédito comigo”, detalhou.

“Será um modelo sem deixar de lucrar. Cada área de influência de refinaria vai ter um. E não é só por região. É por cliente também. Se você compra muito, faço um preço melhor. Se compra para entregar no Porto de Santos é uma coisa, se compra para entregar no interior, é outra”, concluiu Prates.

Sobre a distribuição de dividendos da petroleira, Prates afirmou “não vai ser uma loucura”, e que os valores não devem se aproximar tanto do mínimo obrigatório. Ele também ressaltou a necessidade de alinhar o perfil de investidores da estatal.

“Outro desafio que a gente tem é harmonizar melhor o perfil de investidor da Petrobras. A Petrobras é uma empresa segura, um transatlântico. Se quiser uma lanchinha rápida, pega ações de uma startup de garagem, investe e vai lá para o oceano. Se vier uma onda maior, você pode perder tudo. … O investidor que procura segurança é conservador e aceita rentabilidade menor”, finalizou Prates.

O presidente da Petrobras reafirmou que a nova diretoria da empresa vai tomar decisões “conciliando” função social e governança. Prates fez a afirmação em mensagem gravada a investidores transmitida durante teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre deste ano.

A posição difere das antigas gestões, mais focadas na maximização das margens de lucro e na geração de valor aos acionistas. Na prática, o subtexto da afirmação de Prates é que a empresa deve auxiliar em políticas públicas do governo federal, com ajustes para alcançar preços acessíveis para os combustíveis fabricados pela companhia, aumento de sua capacidade de refino para garantir abastecimento e esforços de transição energética.

Nessa linha, Prates disse na mensagem que, nos seus primeiros 100 dias, sua gestão trabalhou para reorganizar a estrutura da empresa, “preparando-a para o futuro” e para “atuar na vanguarda de uma transição energética justa”.

Com relação ao desempenho da empresa no primeiro trimestre, ele destacou o recorde na produção do pré-sal e o aumento da eficiência de refinarias.

Prates afirmou que vai trabalhar por uma Petrobras “integrada, robusta e longeva” focada no retorno de investimentos, redução do custo de capital, maximização do valor de mercado da empresa e desenvolvimento do mercado de óleo e gás do País.

“O investimento em ativos rentáveis de exploração e produção e a adequação do parque de refino brasileiro são movimentos naturais para garantir a oferta de energia”, disse o presidente da Petrobras.

Ele prometeu, ainda, aprofundar a descarbonização de processos da empresa e desenvolver produtos mais verdes. “O Brasil e a Petrobras têm todas as condições para liderar a transição energética justa sem deixar de ser uma potência do petróleo e gás, disse. Construiremos essa trajetória ao lado de nossas parceiras”, disse em referência a empresas com quem a Petrobras tem formalizado parcerias, casos de Equinor, Shell e outras.